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“Contra a barbárie”, Globo lança documentário sobre Marielle

Além de obra, cujo primeiro capítulo irá ao ar no dia 12 depois do BBB, emissora anuncia que José Padilha vai dirigir outra produção sobre a vereadora, com lançamento previsto para 2021

Luísa Meireles
Rio de Janeiro -
Marinete Silva, mãe de Marielle, mostra álbum da filha em cena do documentário que será lançado na próxima semana.
Marinete Silva, mãe de Marielle, mostra álbum da filha em cena do documentário que será lançado na próxima semana.Divulgação

“O inconformismo com a morte de Marielle não é de esquerda ou de direita. Opõe civilização e barbárie. E estamos do lado da civilização. Por isso, resolvemos jogar luz sobre o caso.” Foi assim que Erick Brêtas, diretor de Produtos e Serviços Digitais da Globo, anunciou nesta sexta-feira a decisão da emissora de lançar um documentário sobre as histórias de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. O primeiro episódio de Marielle - o documentário será exibido na TV Globo após o Big Brother Brasil na próxima quinta-feira, dia 12. Os demais cinco capítulos da produção, com direção e roteiro de Caio Cavechini, estarão disponíveis na Globoplay, a plataforma streaming do grupo.

O lançamento da documentário, às vésperas do aniversário de dois anos do assassinato de Marielle e Anderson, em 14 de março, reveste o gesto do maior grupo de mídia do país de peso político. Mesmo com a repercussão internacional e comoção no país pelas execuções, a principal pergunta do caso segue sem ter resposta das autoridades: “Quem mandou matar Marielle?” Se depender da Globo, a cobrança seguirá na pauta do dia. Além da série documental, a Globoplay anunciou outra produção sobre a morte da vereadora. Trata-se de uma série com oito episódios, um projeto que nasceu através de um argumento da autora Antonia Pellegrino, que será criadora e produtora-executiva da produção. O diretor será José Padilha (Narcos, Tropa de Elite) e o lançamento previsto para 2021.

No documentário que vai ao ar na próxima quinta-feira, a narrativa se divide entre os assasinatos, a investigação, o impacto nas famílias e o surgimento de fake news e a história da vida de Marielle, antes de 14 de março de 2018. “Essas duas narrativas acabam acontecendo de forma paralela, pois ao mesmo tempo em que avançamos numa determinada linha de investigação, mostramos algum detalhe da vida dela que o público ainda não sabe”, explica o diretor Cavechini sobre a série, que tem edição e roteiro de Eliane Scardovelli.

O primeiro episódio, exibido à imprensa nesta sexta-feira, transporta o telespectador para uma versão de Marielle para além de símbolo político. Com um ritmo tenso e lento, o documentário apresenta a vereadora em sua criação e juventude. Na tela, surgem mensagens trocadas por Marielle e Anderson via WhatsApp com seus familiares, mergulhando no cotidiano dos dois e indicando, como lembraram os criadores, que a meta é trazer a dimensão pessoal da tragédia por meio das histórias e memórias da família e de amigos, da Marielle mãe, filha e esposa. Também aparece com protagonismo a a família de Anderson Gomes, com sua viúva Agatha e seu filho, Arthur.

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”O conhecimento acumulado ao longo deste tempo sobre a história de Marielle e sobre o crime que a levou são enormes. E esse conhecimento foi o ponto de partida para as entrevistas”, disse Ricardo Villela, diretor-executivo de Jornalismo da Globo. Questionado se a série citará o envolvimento do nome de Jair Bolsonaro (sem partido) nas investigações do assassinato, Villela disse que, embora o assunto tenha sido abordado no documentário, não é central na narrativa. O nome do presidente chegou a ser citado em depoimento de um porteiro do condomínio na Barra da Tijuca, onde Bolsonaro vivia e também um dos acusados pelo assassinato, Elcio Queiroz. Quem revelou a existência do depoimento foi a própria Globo, causando fúria em Bolsonaro. Dias depois, o mesmo porteiro mudou sua versão à polícia.

“Quem assiste ao documentário se emociona e se informa com a história da menina da Maré que chegou à Câmara de Vereadores, e descobre uma Marielle ainda desconhecida, que teve baile de debutante, foi rainha da primavera e frequentou baile funk”, completa o diretor-executivo.

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