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Apostas do Oscar 2020: os favoritos em cada categoria

Premiação da Academia de Hollywood parece não admitir muitas surpresas na cerimônia de domingo

Cena de Parasita.
Cena de Parasita.Cordon Press
Gregorio Belinchón

No domingo à noite (22h de Brasília) começa a 92º cerimônia do Oscar. Aqui vai um resumo das candidaturas e seus possíveis ganhadores de acordo com a temporada prévia de premiações.

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HOLLYWOOD, CALIFORNIA - FEBRUARY 09: Brad Pitt accepts the Actor in a Supporting Role award for 'Once Upon a Time...in Hollywood' onstage during the 92nd Annual Academy Awards at Dolby Theatre on February 09, 2020 in Hollywood, California. (Photo by Kevin Winter/Getty Images)
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Sam Mendes da indicaciones a los actores Dean-Charles Chapman y George MacKay, durante la grabación de '1917'. La epopeya bélica ha arrasado en la gala de los Bafta al hacerse con siete de los premios, incluidos los de mejor película, además del de mejor filme británico, y el reconocimiento de la brillante labor técnica de su director.
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Melhor filme. 1917, de Sam Mendes. Porque levou o prêmio do Sindicato dos Produtores – ainda que se chamem sindicatos, na realidade são grêmios e associações –, e quem ganha esse prêmio leva o Oscar. Também recebeu o Bafta, vencido com as votações ao Oscar ainda abertas... Só Parasita, do coreano Bong Joon-ho, poderia ser uma surpresa, filme que levou a estatueta do Sindicato de Atores de melhor elenco. Nunca um filme estrangeiro esteve tão próximo de quebrar a banca (mas dizíamos o mesmo de Roma no ano passado e no final...), e a cada ano cresce o número de acadêmicos estrangeiros que votam no Oscar (no total, são mais de 8.000): em algum momento isso irá ocorrer. Por que não em 2020? E ainda mais com um vencedor da Palma de Ouro de Cannes. Outro detalhe contra 1917: quem ganha o prêmio principal sempre é indicado ao de melhor montagem, categoria em que o drama bélico de Mendes não entrou. Existe, por outro lado, a regra Colin Firth: quando o ator britânico participa de um filme candidato ao Oscar de melhor filme, essa produção leva a estatueta: Shakespeare Apaixonado, O Discurso do Rei, 1917?

Melhor direção. Sam Mendes, por 1917. Pela mesma razão de melhor filme: venceu o prêmio do Sindicato dos Diretores e o Bafta. Nos últimos cinco anos quem levou o troféu do sindicato levou o Oscar. Somente uma pequena possibilidade que se abre a Bong Joon-ho: houve empate no Critics’ Choice.

Melhor ator protagonista. Joaquin Phoenix, por Coringa. Porque venceu o Bafta, o prêmio do Sindicato dos Atores, o Critics’ Choice e o Globo de Ouro. O dos Atores é importante, porque o bloco mais numeroso de eleitores da Academia é o dos intérpretes. Banderas somente vencerá – a segunda opção mais comentada nas pesquisas – se os eleitores pensarem: “Como todo mundo está votando em Phoenix, eu por outro lado...”.

Melhor atriz protagonista. Renée Zellweger, por Judy: Muito Além do Arco-Íris. Porque venceu o Bafta, o prêmio do Sindicato dos Atores, o Critics’ Choice e o Globo de Ouro. E Hollywood gosta do retorno das estrelas.

Melhor ator coadjuvante. Brad Pitt, por Era uma Vez em... Hollywood. Porque venceu o Bafta, o prêmio do Sindicato dos Atores, o Critics’ Choice e o Globo de Ouro. Virá o quarteto? Seus discursos foram os melhores (quem os está escrevendo, fez por merecer o salário)... e essa onda vencedora deixa de fora, infelizmente, Joe Pesci, por O Irlandês, que com sua idade e por estar aposentado, não irá ter outra oportunidade como essa.

Melhor atriz coadjuvante. Laura Dern, por História de um Casamento. É a mesma cantilena: porque ganhou o Bafta, o prêmio do Sindicato dos Atores, o Critics’ Choice e o Globo de Ouro. Hollywood a adora, certamente, e talvez vá à cerimônia com seus pais, os atores Bruce Dern e Diane Ladd, dois grandes.

Melhor roteiro original. Parasita, de Bong Joon-ho e Jin Won-han. Os coreanos levaram o Bafta e o importantíssimo prêmio do Sindicato dos Escritores. Tudo será pouco para reconhecer o talento de Bong.

Melhor roteiro adaptado. Taika Waititi, por Jojo Rabbit. E assim poderemos ver o gênio neozelandês no palco. Levou a dupla prévia do Bafta e do Sindicato dos Escritores.

Melhor filme internacional. Parasita, de Bong Joon-ho (Coreia do Sul). O terrível de Dor e Glória é que sendo um dos quatro ou cinco filmes do ano seu caminho cruzou com a onda vencedora de Bong, que ganhou mais prêmios do que qualquer outro filme não em inglês anterior. Para os desatentos: essa categoria mudou de nome neste ano. E é a primeira vez – surpreendente, levando em consideração os últimos 25 anos de cinematografia mundial – que a Coreia do Sul chega ao Oscar.

Melhor filme de animação. Briga boa nessa categoria, cujo prêmio foi concedido pela primeira vez em 2002. Pelo Bafta e Annie, o Oscar da animação deveria ser de Klaus, do espanhol Sergio Pablos. Pelo Globo de Ouro, Link Perdido, do estúdio especializado em stop motion Laika, que nunca venceu o Oscar. Pelo conservadorismo do eleitorado do Oscar, Toy Story 4, porque todo mundo gosta da Pixar. Vamos de Klaus.

Melhor documentário. Há um filme produzido pelos Obama. E com isso não era preciso sequer saber o título. Mas, além disso, American Factory é um trabalho muito bom, com anos de filmagem e material meticulosamente montado. Um investidor chinês reabre uma fábrica de vidros para veículos em Ohio. O choque das duas culturas é desolador. Sua codiretora, Julia Reichert, é uma gigante do documentário, e essa é sua quarta candidatura e a última: sofre de um câncer terminal. Reichert e Steven Bognar já contaram o fechamento da empresa em Último Caminhão: Fim de Uma Fábrica da GM (2009), que foi candidato ao Oscar em documentário de curta-metragem. Também concorre o documentário Democracia em Vertigem, da brasileira Petra Costa.

Melhor direção de fotografia. Roger Deakins, por 1917. Um dos talentos da fotografia, 14 vezes candidato ao Oscar e que só venceu na 13ª indicação, com Blade Runner 2049. A Sociedade Americana de Diretores de Fotografia e o Bafta já o premiaram.

Melhor trilha sonora. Coringa, da islandesa Hildur Guðnadóttir. Pessoalmente, acho que é o melhor do filme de Todd Philips e anos-luz à frente dos outros candidatos. Venceu tudo na temporada de premiações, e é também a compositora da série Chernobyl. Seria a primeira mulher a triunfar nessa categoria. Não haverá estatueta para John Williams?

Melhor música. Quem resiste a ver Elton John e Bernie Taupin no palco? Já deram um discurso emotivo no Globo de Ouro (“É o primeiro prêmio que vencemos juntos em nossas vidas”), e sua I’m Gonna Love Me Again para Rocketman é estupenda. Pena por Taron Egerton, que não a cantará no teatro Dolby, irritado por não ter sido indicado a melhor ator. Diane Warren, compositora da música de Superação: O Milagre da Fé, voltará para casa de mãos vazias pela décima-primeira vez.

Melhor montagem. Categoria complicada. A primeira regra é que para ganhar o Oscar de melhor filme é preciso ser candidato à montagem... e 1917 não é. A Associação norte-americana de montadores de cinema, a ACE, deu sua premiação, o Eddie, em drama ao coreano Yinmo Yang por Parasita, e em comédia a Tom Eagles por Jojo Rabbit. Os dois são candidatos. E o Bafta? Venceram Andrew Buckland e Michael McCusker, por Ford vs Ferrari, também indicados ao Oscar. Colocados entre a espada e a parede, escolhemos Yinmo Yang por Parasita.

Melhores efeitos visuais. Entramos nos terrenos em que se ganha ou se perde as apostas entre amigos. A priori pareceria que os efeitos visuais de 1917, mais baseados no físico do que na recriação digital, poderiam ganhar. Mas na premiação da Sociedade de Efeitos Visuais foram dados inúmeros prêmios... e nenhum foi para 1917, claro que os criadores de Vingadores: Ultimato também não levaram nada. A indústria gosta muito do trabalho de O Rei Leão, mas aqui voltaremos a cantilena do conservadorismo do eleitorado, que apostará em Guillaume Rocheron, Greg Butler e Dominic Tuohy, de 1917.

Melhor direção de arte. Barbara Ling, por Era uma Vez em... Hollywood. Com essa escolha quebramos a rega escrita no tópico anterior: o eleitorado do Oscar é conservador e escolherá 1917. Mas... a premiação do Sindicato de Diretores de Arte premiou o trabalho de Ling como o melhor em reconstrução histórica e o de Lee Ha-jun (Parasita), como o melhor em filme contemporâneo. Os dois trabalhos são maravilhosos, mas apostaremos em Ling.

Melhor figurino. Jacqueline Durran, por Adoráveis Mulheres. O que nos diz a regra do conservadorismo do eleitorado? Que escolherá Adoráveis Mulheres pelas saias. Mas Durran, sete vezes candidata ao Oscar e vencedora com Anna Karenina, sequer foi candidata à premiação do Sindicato dos Figurinistas, em que Jojo Rabbit venceu em histórico e Entre Facas e Segredos em atual.

Melhor maquiagem e penteados. Kazu Hiro, Vivian Baker e Richard Redlefsen, por O Escândalo. Venceram todos os prêmios da temporada por suas transformações das atrizes protagonistas nas autênticas jornalistas que sofreram assédio na Fox News, especialmente por seu trabalho com Charlize Theron. Só Coringa pode ser considerado um rival à altura.

Melhor edição de som. Donald Sylvester, por Ford vs Ferrari. O sindicato de editores de som entrega o Golden Reel, e a premiação foi concedida, em diversas categorias, a Ford vs Ferrari e 1917. Mas a categoria efeitos foi para Ford vs Ferrari. A estatueta reconhece o trabalho de edição de tudo o que se escuta no filme.

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Melhor mixagem de som. Paul Massey, David Giammarco, Steven Morrow por Ford vs Ferrari. Foram premiados pela Sociedade de Áudio Cinema, os técnicos de som, e é preciso reconhecer que os motores dos carros são ouvidos de maneira fantástica. A estatueta premia o trabalho com o som orgânico... que às vezes também é criado digitalmente. Para os leigos é complicado diferenciá-lo. Ford vs Ferrari tem um rival nas duas categorias, 1917.

Melhor curta de ficção. Brotherhood, de Meryam Joobeu. Outra candidatura bem equilibrada. O canadense Brotherhood passou por Sundance e Toronto, e descreve a volta para casa de Malick, um combatente do Estado Islâmico na Síria e sua relação com seu enfurecido pai.

Melhor documentário de curta-metragem. Learning to Skateboard in a War Zone (If You’re a Girl), de Carol Dysinger. Tem tudo: meninas em Cabul que aprendem a ler, escrever e andar de skate. Venceu o Bafta de melhor curta britânico, a premiação do Festival de Tribeca e o prêmio da Associação Internacional de Documentários. Sua diretora, Carol Dysinger, conhece bem o Afeganistão, onde filmou outros curtas.

Melhor curta-metragem de animação. Hair Love, de Matthew A. Cherry. O projeto é anterior a Angry Birds 2. Para começar sua produção, seu diretor arrecadou 285.000 dólares (1,23 milhão de reais) em 30 dias no Kickstarter em 2017. Dois anos depois a Sony o comprou. A animação de Hair Love está nas mãos de dois veteranos do setor, Everett Downing Jr. e Bruce Smith.

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