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Johnson & Johnson interrompe testes da sua vacina contra covid-19 após um participante adoecer

Provas clínicas em 60.000 pacientes foram paralisadas devido a uma “enfermidade inexplicável” em um voluntário. A empresa já havia sido autorizada a começar a fase 3 do estudo no Brasil

Oriol Güell
A fachada da sede da Johnson & Johnson em Irvine, na Califórnia.
A fachada da sede da Johnson & Johnson em Irvine, na Califórnia.MARK RALSTON (AFP)

A norte-americana Johnson & Johnson deteve temporariamente os testes clínicos da sua vacina contra a covid-19 porque um dos participantes do estudo adoeceu, conforme confirmado pela empresa. Os estudos da vacina foram iniciados pela subsidiária Jansen-Cilag no final de julho nos Estados Unidos e na Bélgica, e a fase 2 de testes já havia avançado para outros países, como a Espanha. A empresa anunciou no final de setembro que iniciaria a fase 3 de sua candidata, chamada de Ad26.COV2.S, também no Brasil, Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru, África do Sul e Estados Unidos.

Desde junho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou ensaios clínicos das vacina da AstraZeneca-Oxford (Reino Unido); Sinovac Biotech (China), em parceria com o Instituto Butantan; BioNTech (Alemanha) e Wyeth / Pfizer (Estados Unidos). No Brasil, o estudo da Johnson & Johnson tem previsão de recrutar 7.000 voluntários em São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte.

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“Detivemos temporariamente a administração de novas doses em todos os nossos ensaios clínicos da vacina contra a covid-19, incluindo o ensaio de fase 3, devido a uma enfermidade inexplicável em um participante do estudo”, disse a companhia em nota, acrescentando que “os efeitos adversos, também os graves, são parte de qualquer estudo clínico, especialmente dos maciços” ― algo que já se viu recentemente na corrida da sua concorrente, a vacina candidata da Universidade de Oxford e do laboratório AstraZeneca.

A pausa implica o fechamento do sistema de inscrição on-line para o teste clínico de 60.000 pacientes, enquanto é convocado o comitê independente de segurança do paciente. “Devemos respeitar a privacidade do participante. Também estamos aprendendo mais com a doença do voluntário, e é importante ter todos os fatos antes de compartilharmos informações adicionais”, informou a Johnson & Johnson em seu comunicado.

A companhia norte-americana lançou em setembro o ensaio em fase 3 do seu protótipo, que se baseia em um adenovírus do resfriado, modificado com informação genética do novo coronavírus. Segundo o laboratório, essa formulação exige a administração de apenas uma dose, frente às duas injeções necessárias nas imunizações preparadas por seus competidores nesta corrida por obter o antídoto contra o coronavírus SARS-Cov-2.

Depois de serem testadas em animais, todas as vacinas experimentais precisam superar três fases de ensaios em humanos. Na primeira, são descartados efeitos graves. Na segunda, trata-se de confirmar a segurança da imunização, estudar a reação imunológica e ajustar as doses. E é na terceira quando cabe demonstrar a eficácia e segurança em testes com dezenas de milhares de participantes. A Johnson & Johnson freou também esta última etapa.

A Comissão Europeia mantém um acordo preliminar de compra de 200 milhões de doses da Johnson & Johnson, 300 milhões da candidata da Oxford/AstraZeneca; 300 milhões da francesa Sanofi e da britânica GSK; 225 milhões da alemã Curevac; 200 milhões da BioNTech e Pfizer; e 80 milhões da Moderna.

Políticos de todo o mundo prometeram ter uma vacina antes do final do ano, mas a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi mais cautelosa. De fato, se ela for lançada em 2021 já seria, com muita diferença, a vacina mais rápida jamais desenvolvida. A OMS calcula que em meados de 2021 a vacina começará a estar disponível para grupos de risco, mas só em 2022 será possível iniciar a vacinação maciça.

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