Brasil investiga nove casos suspeitos de coronavírus, três deles em São Paulo

Ministério da Saúde informa que fará boletins diários para acompanhar a disseminação da doença no país até que a situação se estabilize. Número de mortos na China sobe para 169

Funcionário de aeroporto na Arábia Saudita mede a temperatura de uma criança vinda da China, onde começou a circular o coronavírus.AHMED YOSRI (Reuters)
São Paulo -
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Ainda não há nenhum caso confirmado de coronavírus no Brasil, mas o MInistério da Saúde monitora suspeitas em seis Estados: São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Ceará. O secretário-executivo do Ministério, João Gabbardo dos Reis, e o secretário de Vigilância Sanitária, Wanderson de Oliveira, divulgaram em entrevista realizada na tarde desta quarta-feira que o Governo monitora nove casos suspeitos de coronavírus em território brasileiro. Três deles são em São Paulo, dois em Santa Catarina, um em Minas Gerais, um no Rio de Janeiro, um no Paraná e outro no Ceará. Nenhum deles está confirmado. O Ministério acompanha o desenvolvimento da transmissão da doença no mundo junto com a Organização Mundial da Saúde e deverá fazer boletins diários para atualizar as suspeitas até que a situação se estabilize, o que, segundo o secretário executivo, “não deve acontecer rapidamente”.

O Ministério da Saúde foi notificado por órgãos estaduais e municipais de 33 possíveis situações de infecção do coronavírus no Brasil, mas 24 delas foram descartadas após análises laboratoriais e consultas médicas. Os casos suspeitos englobam pessoas que apresentaram sintomas de dificuldade respiratória e febre e que tenham viajado ao exterior recentemente. Como o Ministério ainda não tem elementos para projetar a evolução de uma epidemia, a decisão por enquanto é observar como o vírus se comporta fora da China antes de tomar qualquer medida drástica. A classificação dos casos suspeitos pode ser alterada com o tempo e, por isso, Gabbardo promete atualizações todos os dias sobre a situação.

O verão brasileiro torna a probabilidade de circulação da doença no país “muito pouco provável” na avaliação de Wanderson de Oliveira. A situação é oposta à da China, polo epidêmico onde já foram confirmadas 169 mortes, e à dos Estados Unidos, que têm mais de 100 casos suspeitos, ambos atravessando o inverno. Ainda assim, os secretários fazem a ressalva de que o Brasil “se colocará como parte do esforço global de resposta ao coronavírus pelo mundo” e que a situação não deve se estabilizar de forma rápida.

Por enquanto, as principais recomendações feitas pelo Ministério da Saúde são de que os brasileiros evitem viajar para a China. “Normalmente, as viagens são para turismo ou negócios, que são situações contornáveis e não urgentes”, afirma Oliveira. Segundo dados da Polícia Federal, 15.000 pessoas chegaram ao Brasil vindas da China em novembro e dezembro do ano passado, uma média de 250 viajantes por dia. O Governo não impedirá a entrada de pessoas vindas do lugar onde a epidemia começou, mas Gabbardo acredita que essa quantidade diminuirá com as recomendações brasileiras e chinesas para que a população não viaje entre os países.

Por fim, Oliveira confirma que 27 laboratórios médicos no Brasil estão capacitados atualmente para realizar o teste específico de identificação do coronavírus, mas cinco deles não contam com profissionais qualificados para o exame. Os outros 22, segundo o secretário, são capazes de fazer centenas de testes simultâneos. O tempo mínimo para obter o resultado do teste é de sete dias, mas é necessário que o infectado faça exames para outras doenças respiratórias antes do específico para detectar o coronavírus.

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