_
_
_
_

Bispo Pedro Casaldáliga, ícone da luta pelos direitos humanos no Brasil, é internado em estado gravíssimo

Religioso catalão de 92 anos está hospitalizado por problemas respiratórios em hospital de São Félix do Araguaia (MT). Enfrentou a ditadura militar em nome dos indígenas e dos camponeses sem-terra

Pedro Casaldáliga, bispo-emérito da diocese de São Félix do Araguaia (MT).
Pedro Casaldáliga, bispo-emérito da diocese de São Félix do Araguaia (MT).JOAN GUERRERO
Felipe Betim
Mais informações
Pedro Casaldáliga
Pedro Casaldáliga: 90 anos de vida, 50 do “bispo do povo”
Pere Casaldáliga, obispo de la diócesis de São Félix do Araguaia, en la Amazonia brasileña.
Pedro Casaldáliga, o bispo que enfrentou a ditadura em nome dos índios

“Informamos a todas e a todos os amigos e amigas de Pedro Casaldáliga que o bispo se encontra internado no hospital de São Félix do Araguaia devido a problemas respiratórios. Casaldáliga está muito debilitado pelo Parkinson que sofre há anos e sua idade avançada. O teste para a covid-19 deu negativo, mas sua situação de saúde é muito grave.” Com esta mensagem publicada em seu site, as entidades ANSA e Araguaia com o Bispo Casaldáliga informaram à população sobre o estado do religioso catalão de 92 anos, que desde 1968 trabalha no Brasil em prol dos direitos dos indígenas e dos camponeses sem-terra, situação que o levou a inúmeros conflitos com latifundiários e multinacionais. “Pedro está sempre acompanhado e bem cuidado”, acrescenta a notícia.

As aparições públicas do bispo emérito de São Félix do Araguaia vinham sendo cada vez mais raras devido ao agravamento do Parkinson e as dificuldades cada vez maiores de fala e de coordenação motora. Filho de camponeses da localidade catalã de Balsareny (seu nome em catalão é Pere Casaldàliga), claretiano e ordenado sacerdote na Espanha, chegou ao Brasil como missionário em 1968 fugindo do franquismo. Em 1971 foi nomeado primeiro bispo da diocese e converteu sua casa, pequena, rural e pobre, na sede.

Naquele ano ele deu à sua primeira carta pastoral o título de “Uma igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”. O tom marcaria sua atuação nas décadas seguintes na região. Tornou-se referência internacional na luta pelos direitos humanos na Amazônia e passou a ser conhecido como o bispo do povo. Já seus inimigos preferiram chamá-lo de bispo vermelho, por sua ligação com a esquerda política.

Casaldáliga sempre defendeu uma igreja com forte atuação social, tornando-se um dos ícones da Teologia da Libertação. Com seu estilo espartano, entrou em choque com a ditadura militar e também com o setor mais conservador da Igreja Católica. Por ter se tornado um dos principais religiosos de oposição ao regime militar, foi perseguido e ameaçado de morte em várias ocasiões. Nunca mais retornou à sua terra natal por temer sair do Brasil e ser barrado pelos militares na volta. Aqui ele também foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e da Comissão Pastoral da Terra da Igreja Católica (CPT).

A construção de hortas, a elaboração de sucos e a melhora dos sistemas de saúde das pessoas mais vulneráveis são algumas das linhas de ação das associações que também difundem as causas e a mensagem de Casaldáliga, reunida em dezenas de publicações e obras audiovisuais. “Pedro Casaldáliga completou 92 anos em fevereiro passado. Depois de mais de 50 anos vivendo na Amazônia brasileira, nunca mais voltou à sua Catalunha natal e ainda vive em São Félix do Araguaia. Agora, entretanto, ‘seu’ povo cuida dele”, diz seu site.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_