“Esbanjar felicidade hoje em dia parece que ficou um pouco inapropriado”, diz psicanalista
Em entrevista ao EL PAÍS, psicanalista Lucas Liedke fala sobre a saúde mental nos tempos de pandemia e o uso das redes sociais para falar de problemas como ansiedade e depressão
O psicanalista e analista de cultura e comportamento Lucas Liedke usa as redes sociais para tentar deixar mais acessível a discussão sobre saúde mental. Por meio de memes - ou seja, imagens das mais variadas seguidas de uma frase ou às vezes apenas uma palavra -, Liedke chama atenção para sintomas caros para a sociedade moderna, especialmente em tempos de pandemia, como anseidade e depressão. “Os memes conectam as pessoas que estão num tipo de sofrimento mas que talvez nem saibam”, afirmou, em entrevista ao vivo para o EL PAÍS. “O humor é um alívio para a dor. E pode ser um estímulo inicial para um diálogo”.
Para ele, essas aparentemenete simples imagens têm, na realidade, poder de largo alcance. E seu uso pode ser algo mais próximo da psicanálise do que imaginamos. “O meme abre os caminhos, quebra um pouco o tabu”, diz. “Freud já falava do chiste, que é essa risadinha nervosa, que escapa e faz você rir de um jeito que você não entende bem por que, mas, segundo a teoria, é alguma coisa que estava no seu inconsciente e conseguiu passar a barragem da censura, um desejo, uma raiva...”. No Instagram, o psicanalista dá diversos exemplos e coloca em prática sua teoria.
Na entrevista, Liedke falou também sobre saúde mental nos tempos de pandemia e, mais uma vez, sobre o papel das redes sociais neste momento. É preciso, de acordo com ele, dosar o conteúdo que está sendo visto para não se contaminar com a depressão ou o sofrimento alheio. Ao mesmo tempo, é importante deixar claro o nosso papel como disseminadores de conteúdos que muitas vezes podem ser tóxicos. “Esbanjar felicidade hoje em dia parece que ficou um pouco inapropriado”, diz.
Ainda sobre a pandemia, o psicanalista trata sobre um lado que pode ser visto até de forma positiva neste momento. “Existe essa ideia da pandemia como aceleradora de futuros: algumas coisas que estavam predestinadas a acontecer começam a acontecer ainda mais rápido”, afirma. De acordo com ele, é neste momento de confinamento que conseguimos refletir o quanto e com quem queremos ficar, e até com quem queremos voltar a nos relacionar quando a distância social não for mais um impedimento. Ainda assim, o recado é claro: quem acha que precisa procurar ajuda, deve procurar. Aqui, na conta no Instagram do psicanlista, há uma lista de lugares que oferecem atendimento gratuito, como a Clínica Pública de Psicanálise e a Clínica Aberta de Psicanálise na Casa do Povo, ambos em São Paulo.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.