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Ao menos 51 morrem no Ceará em meio a motim de PMs e 9 cidades cancelam festejos de Carnaval

A paralisação de policiais militares durante o feriado tem feito prefeitos cancelarem festas ou contratar segurança privada. Paracuru, no litoral, é um dos locais tradicionais em que não haverá folia

Greve de policiais militares no Ceará.
Greve de policiais militares no Ceará.Jarbas Oliveira (EFE)
Beatriz Jucá

Ao menos nove cidades do Ceará decidiram cancelar as festas de Carnaval por conta da paralisação de policiais militares desde a última terça-feira. As prefeituras alegam não terem condições de garantir a segurança dos foliões diante da imprevisibilidade da greve da Polícia Militar, que já repercute na segurança pública. O número de homicídios no Estado cresceu nos últimos dias. Foram 51 assassinatos nas últimas 48 horas, uma média diária bem superior aos oito homicídios diários contabilizados no mês de janeiro. Além disso, há pelo menos 300 policiais sendo investigados pela prática de crimes como incêndios a veículos particulares e depredação do patrimônio público. Pessoas encapuzadas tem ocupado batalhões tanto na capital quanto no interior. A tensão chegou ao ápice na última quarta-feira, quando o senador Cid Gomes foi atingido com dois tiros ao tentar entrar em uma área militar com uma retroescavadeira, uma forma de pressionar os policiais amotinados nos quarteis.

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AME4923. FORTALEZA (BRASIL), 20/02/2020.- Personas encapuchadas y enmascaradas -supuestamente agentes de la policía- se concentran en el 18 Batallón de la Policía Militar durante el segundo día de huelga policial este jueves a la ciudad de Fortaleza, en el estado Ceará (Brasil). El presidente de Brasil, Jair Bolsonaro, autorizó este jueves el uso de las Fuerzas Armadas para garantizar la seguridad en el estado de Ceará (noreste), escenario de motines por parte de policías que exigen un aumento de sus salarios. Los militares permanecerán inicialmente desde hoy y hasta el próximo 28 de febrero en diversos puntos de Ceará a ser definidos por el Ministerio de Defensa, según el decreto firmado por Bolsonaro, líder de la extrema derecha brasileña y capitán de la reserva del Ejército. EFE/ Jarbas Oliveira
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“Esperamos até a manhã de hoje, mas eu não seria tão irresponsável para fazer um evento de grande porte aqui em Paracuru”, afirmou o prefeito Eliabe Albuquerque. A cidade, localizada a cerca de 90 quilômetros de Fortaleza, contava com um efetivo de aproximadamente 200 homens para fazer a segurança durante o evento. Mesmo assim, o gestor disse ter ficado inseguro para manter o evento e decidiu cancelá-lo. Além de Paracuru, também suspenderam o Carnaval as cidades de General Sampaio, Horizonte, São Luís do Curu, Canindé, Forquilha, Milagres, Paraipaba e Santana do Cariri. “É uma medida se faz necessária para garantir a tranquilidade, o bem-estar e a segurança de todos os foliões”, justificou em nota a Prefeitura de Paraipaba.

Foco de um dos maiores carnavais do Ceará, a cidade litorânea de Aracati decidiu manter a festa. Mas anunciou que vai contratar segurança privada para garantir a tranquilidade no feriado. O município contará com 280 homens da Polícia Militar que não aderiram à greve e garantiu que contratará mais 180 profissionais. O Governo do Ceará emitiu comunicado em suas redes sociais na qual informa que não há determinação que impeça a realização das festas de carnaval e que as forças de segurança atuam para manter a tranquilidade. Também diz que trabalha para identificar e punir os policiais que se amotinaram nos quartéis.

Tudo Ok no #MelhorCarnavalDoCeará! 🙌🏻 #CarnavalAracati2020 #MeuAracati #AsPessoasEmPrimeiroLugar #AracatiNoRumoCerto #ProAracatiSeguirEmFrente

Gepostet von Prefeitura do Aracati am Freitag, 21. Februar 2020

Na última quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro autorizou uma missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) diante do esgotamento das forças estaduais para lidar com a crise de segurança no Ceará. Pelo decreto, a ação dos militares está autorizada até dia 28. A decisão do presidente foi uma resposta à solicitação feita pelo governador Camilo Santana. Militares do Exército já começaram a atuar nas ruas do Estado. Antes, o ministro Sergio Moro já tinha enviado a Força Nacional ao Estado.



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