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Trump aprova indultos polêmicos a militares por casos de crimes de guerra

“Treinamos nossos garotos para serem máquinas de matar e depois os processamos quando matam!”, disse o presidente dos EUA em outubro, se referindo a um dos casos

Soldados norte-americanos no Afeganistão, em 2015.
Soldados norte-americanos no Afeganistão, em 2015.W. Sabawoon (Getty)
Amanda Mars

Donald Trump comunicou na sexta-feira o polêmico indulto a dois militares por crimes na guerra do Afeganistão e o restabelecimento da patente a um terceiro punido por outras ações no Iraque. Existiam rumores sobre a decisão nas últimas semanas, principalmente após a mensagem publicada no Twitter pelo presidente em meados de outubro, quando se referiu a um dos condenados, Matthew Golsteyn, e se queixou: “Treinamos nossos garotos para ser máquinas de matar e depois os processamos quando matam!”. Membros do alto escalão do Exército, de acordo com o The Washington Post, tentaram fazer com que o mandatário mudasse de ideia.

Concretamente, Trump ordenou o perdão total ao ex-primeiro tenente Clint Lorance, condenado pela morte de dois civis, e para o comandante Matthew Golsteyn, acusado de matar um afegão desarmado a quem tomou por um talibã fabricante de bombas. Além disso, devolveu a patente a Edward Gallagher, membro do corpo de elite Navy SEAL, que no ano passado foi declarado inocente de acusações de assassinato, mas foi condenado por posar ao lado do cadáver de um refém iraquiano ao que foi acusado de ter assassinado.

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“O presidente, como comandante em chefe, é a última instância responsável por garantir que a lei seja aplicada e, quando for apropriado, outorgar o perdão”, disse a porta-voz da Casa Branca, Stephanie Grisham, através de um comunicado.

O caso de Golsteyn, um antigo boina verde que voltou condecorado do Afeganistão, foi especialmente midiático pelo modo como veio à luz. O crime ocorreu em 2010 e 2011. Durante uma entrevista de trabalho na CIA contou que havia matado e queimado o corpo do suposto talibã. O Exército abriu uma investigação e encerrou o assunto com uma carta de advertência. Cinco anos depois, em uma entrevista à rede de televisão Fox, voltou a mencionar a história e, em 2018, após uma segunda investigação, foi acusado de assassinato premeditado.

O tenente Lorance já cumpria 19 anos de prisão no Kansas. Em 2012, quando comandava um batalhão no Afeganistão, ordenou que disparassem contra os moradores de um povoado que não significavam nenhuma ameaça, o que causou a morte de dois deles. Ainda que tenha tentado esconder o ocorrido, a própria tropa o denunciou e foi condenado em 2013.

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