Surge um segundo informante no processo de impeachment contra Trump

Advogados confirmam que representam um outro denunciante que tem informações em primeira mão sobre as interações do presidente

O presidente Donald Trump.ANDREW CABALLERO-REYNOLDS (AFP)
Washington -
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Os advogados do funcionário de inteligência que deu o alarme a respeito do que entendeu que eram pressões de Donald Trump sobre a Ucrânia para que ela ajudasse o presidente americano em sua campanha política confirmaram neste domingo que estão representando agora um segundo denunciante que decidiu falar. Trata-se, segundo a rede de televisão ABC, de um agente de inteligência com conhecimento em primeira mão sobre as interações do presidente.

A existência de um segundo informante acrescenta expectativa ao processo de impeachment contra o presidente, que começou na semana passada na Câmara dos Representantes. O processo de destituição foi iniciado pelos democratas, que consideraram que a queixa do primeiro informante −na qual relatou uma conversa telefônica em que Trump pedia ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que investigasse as aventuras do filho de seu rival político Joe Biden naquele país− poderia constituir o “crime ou falta grave” que, pela Constituição, pode levar ao impeachment de seu autor.

A queixa do primeiro denunciante foi baseada em conversas com “mais de meia dúzia” de funcionários. O segundo denunciante, de acordo com o The New York Times, teria um conhecimento mais direto do relacionamento de Trump com a Ucrânia.

“Confirmo que meu escritório e minha equipe representam vários denunciantes”, tuitou o advogado Andrew Bakaj, acrescentando: “Não haverá mais comentários por enquanto”. Pelo que a equipe de advogados confirmou ao The Washington Post, o segundo denunciante conversou com o inspetor-geral da comunidade de inteligência, mas não apresentou oficialmente sua queixa porque “não precisa”.

O primeiro denunciante apresentou sua queixa por escrito por meio do canal oficial no mês passado. Trata-se, segundo o Times, de um agente da CIA que estava designado para a Casa Branca e que, alarmado com o que entendeu como pressões do presidente Trump sobre seu homólogo ucraniano, falou com diversas testemunhas de primeira mão e redigiu um relatório para seus superiores.

O presidente tentou reduzir a credibilidade da denúncia, alegando que está baseada em informação de segunda mão. “O chamado primeiro informante de segunda mão”, tuitou Trump na noite de sábado, “equivocou-se quase completamente sobre minha conversa telefônica, por isso dizem agora que vão conseguir outro denunciante”.

A conversa telefônica entre Trump e Zelenski ocorreu em 25 de julho. O sigilo sobre um registro detalhado do telefonema, que não é uma transcrição oficial, foi retirado na semana passada. Nele, o presidente Trump pede a Zelenski o favor de investigar as atividades na Ucrânia de Hunter Biden, filho do favorito para obter a candidatura democrata às eleições do ano que vem. Hunter Biden era membro do conselho de uma grande empresa de gás ucraniana quando seu pai, então vice-presidente de Barack Obama, coordenava a diplomacia americana no país.

Mensagens de texto entregues aos congressistas por Kurt Volker, ex-enviado especial dos Estados Unidos à Ucrânia que se reuniu com os legisladores na semana passada a portas fechadas, mostram como Trump condicionou a visita oficial que Zelenski tanto ansiava fazer à Casa Branca à abertura, pelo Governo ucraniano, de uma investigação contra os Biden.

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