_
_
_
_

FMI confirma que previsão de crescimento do Brasil não chega a 1% neste ano

Queda na estimativa do PIB brasileiro reflete na região. Segundo novo relatório do organismo, a atividade desacelerou notavelmente na América Latina, que deve crescer 0,6% em 2019

Economista-chefe do FMI, Gita Gopinath.
Economista-chefe do FMI, Gita Gopinath. Shawn Thew (EFE)
Mais informações
FMI reduz pela metade a previsão de crescimento da Argentina em 2020
FMI acusa Trump de “minar” o comércio global
FMI reduz estimativa de crescimento do Brasil e atrela recuperação a reformas

Maus tempos para a economia global. Desde abril do ano passado, em cada revisão realizada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre as estimativas de crescimento das economias, o organismo se vê obrigado a rebaixá-la. Quatro vezes ao ano, ele precisa dar má notícias. E desta vez não foi diferente.

O panorama revelado pelas previsões globais, publicadas nesta terça-feira, é ainda um pouquinho mais sombrio que o conhecido até agora: mais tarifas por conta da guerra comercial entre Estados Unidos e China , mais incertezas, e mais tensões geopolíticas. Tudo isso se traduz em um crescimento inferior. O mundo vai crescer 3,2% neste ano e 3,5% no próximo, um décimo menos tanto em 2019 como 2020.

No Brasil, a revisão é ainda maior. O FMI cortou a projeção de crescimento do Brasil para este ano de 2,1% para 0,8% e diminuiu também a estimativa de 2020, que passou de 2,5% para 2,4%. Em relatório divulgado nesta terça-feira, o organismo afirmou que expectativa se enfraqueceu consideravelmente já que persistem as incertezas sobre a aprovação da reforma da Previdência e de reformas estruturais.

As novas projeções se alinham mais ao consenso do mercado financeiro, que aposta em um avanço de 0,82% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 e de 2,1% no próximo ano, segundo o boletim Focus desta semana, divulgado pelo Banco Central, que leva em conta um levantamento feito com mais de 100 instituições financeiras. Uma cifra de 0,81% já havia sido apontada pelo Governo de Jair Bolsonaro, que admitiu que a expansão da economia brasileira não alcançaria nem um ponto este ano.

Puxada pelo Brasil, a projeção para a América Latina também caiu drasticamente. A região deve crescer 0,6% neste ano (0,8 ponto percentual abaixo do estimado em abril). Para 2020, a previsão é de avanço de 2,3%.

O crescimento da atividade da região é considerado fraco inclusive se compararmos com os dados dos anos anteriores, em que a maioria dos organismos internacionales e analistas coincidiam em ressaltar como decepcionante -1.2% e 1% em 2017 e 2018 respectivamente. O avanço de 0,6% fica bem atrás em relação ao resto dos blocos dos países em desenvolvimento, que este ano irá crescer em média 4,1%, liderados, como vem acontecendo constantemente, pela Ásia. 

A "considerável revisão para baixo" em 2019 da América Latina também é um reflexo da economia mexicana. De acordo com organismo comandado por Christine Lagarde – que deixará o cargo em outubro –, os investimentos no México continuam fracos e o consumo das famílias desacelerou, refletindo a incerteza política, o enfraquecimento da confiança e o aumento dos custos dos empréstimos no país. O Fundo estima que a economia mexicana irá crescer este ano 0,9%, sete décimos menos que o projetado anteriormente, e em 2020 avançará 1,9%. Em amobos casos, a expansão está aquém da promessa do presidente Andrés Manuel López Obrador, que prometeu um crescimento de 4% nos seis anos do seu mandato.

Segundo o FMI, a atividade econômica desacelerou no início do ano em várias economias latino-americanas. Na Argentina, a terceira maior da região, a atividade se contraiu no primeiro trimestre do ano, embora a um ritmo mais lento do que em 2018. A previsão de crescimento para 2019 no país vizinho - que foi resgatado pelo próprio Fundo há um ano e onde a inflação permanece muito alta - também foi revisada para baixo. Para 2020, os economistas do Fundo apostam que a economia argentina "irá se recuperar"- registrando taxas positivas -ainda que de forma "modesta".

As previsões para o Chile, a economia mais sólida da América Latina, também não são positivas, já que o Fundo também revisou o seu crescimento para baixo. A mudança representa outro entrave para o presidente chileno, Sebastian Piñera, que escolheu a revitalização econômica como o ponto central de sua campanha, mas tem visto sua popularidade cair ao não alcançar o objetivo nos primeiros meses  do seu segundo mandato.

As piores notícias, no entanto, são reservadas para a Venezuela, presidida por Nicolas Maduro. Segundo o FMI, a profunda crise humanitária e a implosão econômica na Venezuela continuam a ter um impacto devastador, e a estimativa é que a economia, que fechou o ano de 2018 com uma queda de 25% do PIB, irá encolher cerca de 35% em 2019.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_