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Milhares de manifestantes pedem eleições livres em Moscou

Protestos exigem que a Comissão Eleitoral registre a candidatura de vários líderes da oposição ao Kremlin

Manifestantes protestam por eleições livres em Moscou, em 20 de julho de 2019.
Manifestantes protestam por eleições livres em Moscou, em 20 de julho de 2019.MAXIM ZMEYEV (AFP)
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Mais de 20.000 pessoas, segundo a associação Bely Schetchik, ou 12.000 segundo a polícia, participaram neste sábado de uma manifestação contra a Comissão Eleitoral, que negou o registro dos mais conhecidos candidatos da oposição, como Alexei Navalny, para as eleições à Duma de Moscou (câmara legislativa da capital), previstas para setembro. O ato na avenida Sakharov, que transcorreu sem incidentes e sob forte esquema de segurança, é um dos maiores realizados nos últimos tempos.

Putin, não!”, “vergonha” e palavras de ordem contra a corrupção podiam ser lidas em alguns dos cartazes exibidos pelos manifestantes na marcha convocada pelo Partido Libertário com a colaboração ativa de Navalny, o principal líder da oposição extraparlamentar que ficou famoso por sua luta contra a corrupção. O protesto foi um dos que atraíram mais pessoas na última semana, quando houve manifestações diárias no centro de Moscou.

A Comissão Eleitoral registrou 233 candidatos, mas negou a inscrição de 57, incluindo os principais nomes da oposição extraparlamentar. Entre eles Liubov Sóbol, que trabalha com Navalny; o ex-deputado Dmitri Gudkov; o ativista IlyaYashin; e Serguei Mitrokhin, dirigente do partido liberal Yabloko. O Comitê de Direitos Humanos ligado ao Kremlin manifestou-se a favor do registro dos candidatos opositores, dizendo que do contrário seria ignorada “a vontade de milhares de eleitores”.

A oposição denunciou que as autoridades manipularam um grande número de assinaturas que, de acordo com a lei, os candidatos tiveram que reunir para poder participar das eleições, declarando-as falsas.

Em seu discurso, Gudkov constatou que as autoridades decidem aonde os opositores podem ir e o que podem ver e pensar. “Puseram limites à nossa vida”, afirmou, qualificando os representantes do poder de “ocupantes” que há 20 anos governam e temem o povo. Segundo os ex-deputado, as eleições de setembro são uma “operação” para poderem continuar roubando.

A advogada Lyubov Sobol subiu no palco apoiada por seu colega Ivan Zhdanov, já que está fraca por causa de uma greve de fome mantida há sete dias, desde que lhe negaram o registro como candidata às eleições municipais de Moscou, no próximo 8 de setembro. Sobol se referiu às manipulações realizadas e relatou que, entre as firmas falsificadas, a Comissão Eleitoral incluiu até a da sua irmã.

Segundo Sobol, o prefeito Sergei Sobyanin não quer permitir a disputa de candidatos independentes. “Ele sabe que venceremos facilmente a sua Rússia Unida [partido pró-Kremlin].” A advogada, que não tem intenção de interromper a greve de fome, terminou seu discurso com um “não capitularemos!” Navalny, por sua vez, exigiu que a Comissão Eleitoral de Moscou registre todos os candidatos independentes. Se isso não ocorrer, ele convocou uma grande manifestação em frente à Prefeitura.

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