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México aciona Interpol contra ex-diretor da Pemex pelo caso Odebrecht

Emilio Lozoya é investigado por receber supostos subornos da construtora brasileira entre 2012 e 2016

Emilio Lozoya, em 2017, com seus advogados.
Emilio Lozoya, em 2017, com seus advogados.DIEGO SIMÓN SÁNCHEZ (Cuartoscuro)
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O México emitiu nesta sexta-feira a primeira ordem de prisão relacionada ao caso Odebrecht. O Ministério Público anunciou que um juiz determinou a detenção de Emilio Lozoya, ex-diretor da empresa estatal Petróleos Mexicanos (Pemex). As autoridades mexicanas seguiram o rastro das finanças do ex-executivo e concluíram que Lozoya recebeu milionários subornos da empreiteira brasileira enquanto esteve à frente da petroleira estatal, entre 2012 e 2016. Em troca, a Odebrecht teria conseguido contratos relacionados com a refinaria de Tula (Estado de Hidalgo).

Além de Lozoya, o juiz pediu a detenção de três de seus familiares: sua mãe, sua irmã e sua esposa. A Promotoria seguia a pista das contas bancárias das três mulheres, que supostamente teriam dividido os pagamentos da empreiteira brasileira. As autoridades pediram à Interpol que emita uma notificação vermelha para estender ao nível mundial a busca do ex-diretor da Pemex. Até agora se desconhece seu paradeiro, embora seus advogados digam que ele permanece no México.

As autoridades mexicanas também investigam o vínculo entre a compra de uma fábrica de fertilizantes da Altos Hornos de México (AHMSA) pela Pemex com um ágio de 500 milhões de dólares durante a gestão de Lozoya. A transação ocorreu ao mesmo tempo em que Odebrecht e a AHMSA realizaram movimentos em contas offshore para distribuir subornos. O vínculo com a construtora brasileira se estabeleceu com a aquisição de uma casa na Cidade do México no valor de 13,36 milhões de reais, que o ex-diretor da Pemex não teve como justificar.

Os advogados de Lozoya pediram à Justiça que amplie o foco da investigação e intime o ex-presidente Enrique Peña Nieto e o ex-ministro de Fazenda e Relações Exteriores Luis Videgaray a deporem. Segundo a defesa, o ex-executivo da Pemex só podia aprovar projetos para a petroleira sob o consentimento do presidente. A defesa do ex-diretor insistiu em que Lozoya não chegará a um acordo com a promotoria, nem negociará uma delação premiada para oferecer mais informação que desvende a trama da Odebrecht no México.

Até agora, o México foi o único país da América Latina onde as investigações em torno do caso Odebrecht não prosperaram depois de serem iniciadas. A investigação sobre Lozoya começou em 2017, mas foi arquivada durante os últimos meses do governo do Enrique Peña Nieto, por iniciativa do próprio Ministério Público. O Governo de Andrés Manuel López Obrador, através da nova promotoria, garantiu que a trama será revelada “em um caso que por muito tempo esteve congelado em forma tão criticável”.

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