Trump incentiva Brexit duro e promete acordo comercial “fenomenal” com britânicos
Presidente dos EUA diz que rejeitou um encontro com Corbyn porque é uma "força negativa"
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu como certo nesta terça-feira que haverá Brexit e será "bom" para o Reino Unido. Em uma aparição conjunta em Londres com a primeira-ministra britânica, Theresa May, Trump afirmou que ambos os países estão dispostos a firmar um acordo comercial "fenomenal" após a saída do Reino Unido da União Europeia. "Há um tremendo potencial nesse acordo, provavelmente o dobro ou o triplo do que estamos fazendo agora", acrescentou.
Por alguns segundos, o presidente dos Estados Unidos tentou manter a discrição necessária e não interferir nos assuntos internos, mas a contenção durou pouco. "Não preciso falar muito sobre isso, mas todo mundo sabe que é algo de que entendo e conheço muito bem. Já ofereci em certo momento um conselho à primeira-ministra, e vaticinei o que ia acontecer." O conselho, que May preferiu não seguir, era o de processar a União Europeia nos tribunais.
Trump quis se mostrar generoso com uma May já deixando o Governo e elogiou seu trabalho com o Brexit. "Levou-o a um bom ponto para avançar", disse ele, "e com o tempo seu esforço será reconhecido".
Trump também declarou que o líder trabalhista britânico, Jeremy Corbyn, propôs uma reunião entre os dois, mas ele rejeitou e o considera uma "força negativa". Sobre a questão das tarifas para o México, o presidente dos EUA disse que é "muito provável" que comecem a ser aplicadas em 10 de junho, data em que está prevista a sua adoção, apesar de que nesta quarta-feira seu secretário de Estado, Mike Pompeo, se reunirá com o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard. O México, acrescentou, "tem que fazer mais para impedir a invasão" de imigrantes. "Não quero ouvir que o México é dirigido por cartéis", acrescentou.
May também lembrou da cooperação com os Estados Unidos "para enfrentar as ameaças globais", como fizeram nos últimos 75 anos desde o desembarque na Normandia. "Nossa relação especial se baseia na história, nos valores, nos costumes, na cultura, na língua e nas leis comuns", destacou Trump.
Trump começou seu segundo dia no Reino Unido com um café da manhã organizado no palácio londrino de Saint James, que teve May como anfitriã e ao qual compareceram membros da realeza, empresários e políticos. O objetivo do encontro eram os laços comerciais transatlânticos. O Governo Trump defende os benefícios de um acordo bilateral de livre comércio se o Brexit for concluído. Nesta mesma segunda-feira, à tarde, Trump tuitou que "um grande acordo comercial é possível quando o Reino Unido se libertar das correntes”.
Outra grande questão em discussão é a Huawei e o conflito comercial com a China. Os EUA barraram a gigante das telecomunicações chinesa por razões de segurança (e para limitar seu desenvolvimento de redes 5G) e querem que seus aliados façam o mesmo. Há também a questão espinhosa do Irã. O Reino Unido demonstrou sua disposição de defender o pacto nuclear que o novo Governo dos EUA rompeu. E a luta contra as mudanças climáticas, da qual Trump também se desvinculou ao retirar os EUA do Acordo de Paris.
Manifestações contra o líder norte-americano
Enquanto os dois líderes debatiam na residência da primeira-ministra britânica, milhares de londrinos tomavam as ruas para protestar contra a visita do presidente dos EUA. Sob o lema Um carnaval de resistência, ativistas ambientais, coletivos LGBT, feministas, antirracistas e também políticos convocaram uma grande manifestação na capital britânica. Um protesto que se repetiu em outras cidades do país.
"Temos que sair à rua neste Carnaval da Resistência para mostrar que rejeitamos a política divisionistas de Trump e as medidas de fanatismo, ódio e ganância", proclamou a coalizão Parar Trump, que espera repetir nesta terça-feira o êxito da manifestação do ano passado. Nesta ocasião, a mobilização não parece tão grande, segundo a Reuters. A nova versão do "Baby Trump", o balão gigante que é uma caricatura do presidente norte-americano como um bebê irritado, sobrevoa as ruas de Londres. Durante a coletiva de imprensa, Trump minimizou a importância dessas demonstrações. "Não vi nenhum protesto", disse. Mas garantiu que viu milhares de pessoas apoiando-o.
Trump fala por telefone com Boris Johnson
Corbyn decidiu não comparecer ao banquete de Estado na segunda-feira à noite no Palácio de Buckingham, e se juntou ao protesto. Além de mostrar a sua preferência por eurocéticos britânicos como Boris Johnson e Nigel Farage, Trump chegou a declarar à imprensa britânica que,se Corbyn chegar a ocupar o cargo de primeiro-ministro, teria conhecê-lo antes de decidir se compartilharia com seu hipotético Governo informações do setor de inteligência.
De acordo com o canal de televisão britânico ITV, o candidato conservador que desponta como sucessor de Theresa May, Boris Johnson, teria rejeitado uma reunião com seu apoiador, Donald Trump, por causa de alguns compromissos da agenda. Embora os dois não se encontrassem, tiveram uma conversa telefônica de cerca de 20 minutos. Quem reconheceu estar esperando uma ligação de Trump é o ultranacionalista Nigel Farage.
Antes de pousar em solo britânico, o presidente norte-americano também se pronunciou à vontade contra o prefeito de Londres, Sadiq Khan, a quem chamou de "perdedor irrecuperável", um desentendimento que ofuscou o primeiro dia da visita de Trump. Nesta terça-feira, Khan respondeu dizendo que o presidente dos EUA é o "garoto-propaganda" dos movimentos da extrema direita. Dias antes, ele se referiu à mulher do príncipe Harry, Megan Markle, como uma garota "desagradável", embora depois tenha desmentido ter dito isso.
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