_
_
_
_

O milagre de Messi contra o Liverpool

Dois gols do argentino dão ao Barça grande vantagem contra equipe que fustigou os azuis-grenás. O segundo tento de Messi saiu em uma espetacular cobrança de falta

Ramon Besa
Messi comemora com seus companheiros seu primeiro gol, o segundo de Barcelona.
Messi comemora com seus companheiros seu primeiro gol, o segundo de Barcelona.Eric Alonso/MB Media (Getty Images)
Mais informações
Messi, aclamado até na casa dos rivais
Iker Casillas é internado após sofrer um infarto

O desejo de Messi levanta estádios tão gigantescos como o Camp Nou nos momentos mais dramáticos da Champions League. Ninguém entendeu melhor a mensagem de Klopp do que o camisa 10 do Barça. “A Champions não tem a ver com perfeição, mas com caráter, agressividade, atitude”, afirmou o treinador do Liverpool. E Messi, descansado depois de um problema físico, ressuscitou a tempo de colocar o Barcelona às portas da final de Madri. Às vezes resistir é vencer, especialmente quando os jogos são decididos nas áreas e em momentos concretos, circunstâncias que o Barcelona dominou. A besta do Liverpool tem comichões e Messi encontrou-os com dois gols, um oportunista e o segundo em uma linda cobrança de falta indefensável para o longilíneo Alisson, finalmente abatido pelo atacante em seu 600º gol. Messi também corre, também defende, também sua, também marca quando há uma tempestade, como sempre acontece quando joga a equipe de Anfield.

O Liverpool sempre foi um time cativante pela sua mística (The Boot Room), pela sua liturgia (You’ll Never Walk Alone) e pelo seu futebol, expressado hoje no gegenpressin de Klopp. Tem tanta personalidade que seu cartaz condicionou o jogo do Barça. A energia red contagiou Valverde, que prescindiu da delicadeza de Arthur para apostar na ferocidade de Arturo Vidal. Aumentava a voltagem no Camp Nou. Muito mais sensível e respeitoso com a identidade do Barça foi Klopp. Com Firmino machucado, os reds se cobriram com um quarto meio-campista e, além disso, reforçaram a defesa com um zagueiro no lugar de um lateral: Joe Gómez no lugar de Alexander-Arnold. Aparentemente havia cautela no bravo Liverpool.

O intervencionismo dos técnicos mostrou que os detalhes podem ser decisivos para a sorte da partida e também evidenciou que nas semifinais da Champions não se trata de ostentar, e ainda menos de estilo, em duas equipes reconhecíveis mesmo sem suas camisetas, mas de fome por passar à final em Madri. E talvez tenha mostrado que não é necessário ter a equipe mais admirada, mas o melhor jogador, que é Messi.

O Liverpool, em todo caso, parecia um timaço no Camp Nou. Irresistível na transição ofensiva, estava preocupado com a reorganização defensiva, circunstância favorecida pela presença de Fabinho. O volante ajudou no jogo posicional sem perder a capacidade de chegada à área de Ter Stegen.

Os rapazes de Klopp intimidavam e pressionavam e o Barça corria. Havia muita tensão no gramado e a excitação era máxima nas arquibancadas do Camp Nou. A bola ia e vinha em um ritmo trepidante até chegar aos pés de Salah e Messi, dois excelentes solistas, impossíveis de defender se não fosse com ajudas, tarefa em que Jordi Alba se destacou. O lateral auxiliou Lenglet para depois passar ao ataque com um passe profundo para Luis Suárez se desmarcar, esplêndido em seu posicionamento às costas dos zagueiros, e arrematar diante de Alisson. O uruguaio não poderia ter escolhido melhor momento, jogo ou rival, sua ex-equipe, para atingir a artilharia da atual edição e marcar o 500º gol do Barça na Champions.

O público comemorou a chegada do intervalo com a mesma satisfação que os jogadores depois de uma partida extenuante e vibrante, muitas vezes descontrolada, pendente das acelerações de Salah e Messi e dos desmarques de Luis Suárez e Mané. Nenhum time havia sido tão exigente com o Barça quanto o Liverpool. Os reds nunca esmoreceram, muito presentes no campo azul-grená, tão vorazes que obrigavam o Barça a se defender com vigor e a contragolpear conduzindo a bola por 50 metros, um desafio devastador para Messi. O futebol do Liverpool era desgastante para uma equipe fisicamente delicada como o Barça.

As gargalhadas de Klopp, a postura missionária de Salah e a ingenuidade de Mané humanizam uma equipe implacável quando os jogadores colocam a camiseta do Liverpool. O futebol dos reds só pode ser combatido com uma zaga solidária da qual nem sequer Messi pode se desligar, pois do contrário se impõe esconder a bola, jogar com paciência e inteligência, velocidade e precisão, um futebol que agora, às vezes, é estranho ao Barça. Os azuis-grenás não sabiam descansar com a bola e o Liverpool não parou de assediar Ter Stegen, esplêndido e decisivo até que o time se recolheu em um 4-4-2 com a entrada de Semedo no lugar do inócuo Philippe Coutinho.

O Barça aguentou até que encontrou uma saída em uma jogada iniciada e terminada por Messi depois do chute no travessão de Suárez. O gol abençoou a alteração feita por Valverde. Messi encontrou respiro e, tão seletivo quanto efetivo, fechou o jogo com um gol de falta extraordinário, de longe e preciso, a melhor franquia para entrar em Anfield. Deus está com Messi, se não é o próprio Messi, e não com Salah, que chutou uma bola na trave, mais um sinal de que para aspirar a ganhar a Champions é preciso de um pouco de sorte, além de convicção e muito sofrimento, também no Camp Nou. A emoção e a paixão próprias do torneio são ainda mais celebradas com a fé do camisa 10.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_