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May pede a Bruxelas adiamento do Brexit até 30 de junho

Presidente do Conselho Europeu defende prorrogação por um ano, com a possibilidade de saída a qualquer momento se houver acordo. França diz achar prematuro falar em outro adiamento

A primeira-ministra britânica Theresa May sai da sua residência oficial na última quarta-feira, 3
A primeira-ministra britânica Theresa May sai da sua residência oficial na última quarta-feira, 3TOLGA AKMEN (AFP)
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O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, mostrou-se favorável a uma prorrogação “flexível” de 12 meses para o processo de separação entre o Reino Unido e a União Europeia, revelou a BBC nesta sexta-feira. Esse plano, que precisa ser acatado por unanimidade pelos líderes da UE na cúpula da semana que vem, permitiria a Londres deixar o grupo comunitário antes do fim do prazo, caso o Parlamento britânico ratifique algum acordo. A primeira-ministra Theresa May, por sua vez, mandou uma carta formal a Tusk solicitando uma prorrogação imediata até 30 de junho.

“É frustrante que ainda não tenhamos levado este processo a uma conclusão bem-sucedida e ordenada”, diz May na carta. “O Governo do Reino Unido continua firmemente comprometido a fazê-lo.” A primeira-ministra, que até agora foi incapaz de convencer seus aliados a respaldarem o acordo que ela alcançou com Bruxelas, mantém a esperança de que os parlamentares britânicos aprovem a tempo o pacto para a retirada, podendo assim formalizar o Brexit antes das eleições de 23 de maio para o Parlamento Europeu. Mas, ao mesmo tempo, garante que, caso não haja acordo, o Reino Unido apresentaria candidatos ao pleito continental.

O Reino Unido tem até 12 de abril para apresentar a Bruxelas um plano de saída da UE. Até o momento, os parlamentares de Westminster foram incapazes de aprovar um acordo sobre o Brexit. Nesta semana, May pediu ajuda ao líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, para tentar evitar uma saída selvagem e solicitar à UE “uma prorrogação a mais curta possível” dos prazos.

Mas as divisões no seio do Partido Trabalhista, somadas às tensões dos conservadores, não ajudam a destravar a situação. Apesar de tudo, o Executivo britânico afirma que as conversações “técnicas” entre o Partido Trabalhista e os conservadores, nesta quinta-feira, foram “produtivas” e prosseguirão nesta sexta.

O procurador-geral Geoffrey Cox declarou à BBC que, se a negociação fracassar, é provável que a demora “seja longa”.

Diferentes respostas dos líderes europeus

Pouco depois da divulgação da carta de May e da proposta de Tusk, a França declarou que considera prematuro falar de outro adiamento do Brexit, segundo fontes próximas a Macron

A reação de Bruxelas ao caos de Londres tem diferentes leituras. Nesta terça-feira, o negociador-chefe da UE para o Brexit, Michel Barnier, chamou a atenção dos sócios britânicos, advertindo que, se o Parlamento não aprovar o acordo de saída antes de 12 de abril, a prorrogação não está garantida nem será automática. Segundo Barnier, a concessão desse adiamento estaria condicionada ao compromisso de superar o bloqueio atual com eleições gerais, um segundo referendo ou um pacto entre Governo.

Na mesma linha se posicionou o presidente francês, Emmanuel Macron, que encabeça o grupo de países dispostos a confrontar uma ruptura sem acordo se Londres não se definir. Nesta quarta-feira, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, mostrou-se disposto a conceder uma segunda prorrogação do Brexit, desde que o Parlamento britânico aprove o acordo de saída da UE antes de 12 de abril. Nesta sexta, após a divulgação da carta de May e da proposta de Tusk, a França declarou que considera prematuro falar de outro adiamento do Brexit, segundo fontes próximas a Macron.

Tusk estuda oferecer “prorrogação flex”

Tusk, por sua vez, mostra-se mais receptivo a prolongar esse período porque considera que uma prorrogação de um ano poderia servir à UE e ao Reino Unido, pois assim evitaria que Bruxelas precisasse avaliar as repetidas solicitações de adiamento do Brexit. “A única saída razoável seria uma prorrogação longa, mas flexível”, disse Tusk, segundo um funcionário da UE que preferiu manter o anonimato. “Eu chamaria de prorrogação flex.

O que não está claro é se os líderes dos 27 vão aceitar a proposta de Tusk na cúpula de 10 de abril. A ideia não agradou em nada ao setor mais eurocético dos conservadores britânicos. Seu líder, Jacob Rees-Mogg, ameaçou tornar a situação “a mais difícil possível” para a UE se a opção de Tusk acabar se impondo.

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