_
_
_
_

Após acenar com embaixada, Bolsonaro anuncia escritório comercial em Jerusalém

Presidente anuncia espaço para promoção comercial na cidade que tem peso estratégico para o Governo de Benjamin Netanyahu. Israel anuncia “forte apoio” à entrada do Brasil na OCDE

Bolsonaro e o primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu neste domingo.
Bolsonaro e o primeiro ministro de Israel Benjamin Netanyahu neste domingo. ABIR SULTAN (EFE)
Mais informações
O que há por trás do idílio político de Bolsonaro com Israel e Netanyahu
O passo atrás de Bolsonaro
Desconfiança dos investidores com Bolsonaro cresce e dólar supera 4 reais

O presidente Jair Bolsonaro chegou na madrugada deste domingo a Israel, para viagem oficial de três dias, onde foi recebido já no aeroporto pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Em uma cerimônia de recepção ali mesmo, Bolsonaro afirmou que a visita visa discutir parcerias entre as duas nações em diversas áreas. Mas já está certa a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, uma saída de última hora depois de criar expectativa sobre a mudança da embaixada brasileira de Tel Aviv para a cidade considerada estratégica pelo Governo de Benjamin Netanyahu. “Reconhecendo os vínculos históricos de Jerusalém com a identidade judaica e também que a cidade é o coração político do Estado de Israel, anunciei hoje que o Brasil abrirá lá um escritório brasileiro para promoção do comércio, investimentos e intercâmbio em inovação e tecnologia”, anunciou Bolsonaro nas redes sociais.

Para o governo de Netanyahu, entretanto, o anúncio do escritório brasileiro é um primeiro passo importante, que pode ser visto como extensão da embaixada brasileira em Tel Aviv, segundo o ministro de Relações Exteriores israelense, Israel Katz. “Obrigado por abrir um escritório diplomático em Jerusalém! Israel e Brasil são verdadeiros amigos com valores comuns e reforçamos a cooperação entre nossos países”, publicou Katz em suas redes sociais. Bolsonaro ainda conseguiu a sinalização de apoio de Israel para o ingresso do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Na chegada, Bolsonaro afirmou "amar" Israel, falando em hebraico, e chamou Netanyahu de "irmão". O presidente brasileiro havia prometido durante a campanha eleitoral, e seguindo os passos dos Estados Unidos, a polêmica mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, cuja parte leste está ocupada pela Palestina, mas essa anexação não é reconhecida pela ONU.

Mas a oposição de parte do Governo Bolsonaro a esse movimento, pelas razões comerciais que o país mantém com os países árabes com a venda da carne halal (permitida para consumo de acordo com as leis islâmicas), havia conseguido enfraquecer a promessa de uma sede com status diplomático. A Hungria e a República Checa levaram a cabo movimentos similares, o primeiro com a inauguração em março de um escritório comercial com status diplomáticos, e o segundo com a abertura no ano passado de um consulado honorário em Jerusalém. Tanto o Governo húngaro como o checo haviam apoiado a mudança de embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, assim como fizeram os Estados Unidos e a Guatemala, mas essa medida é rechaçada por consenso pela União Europeia. 

Na cerimônia de recepção deste domingo, o mandatário brasileiro afirmou que os dois governos pretendem “aproximar nossos povos, nossos militares, nossos estudantes, nossos empresários e nossos turistas”. “O ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, voltou de Israel entusiasmado com as possibilidades de acordos e parcerias. A cooperação nas áreas de segurança e defesa interessa muito ao Brasil”, disse. Bolsonaro se referiu à missão da equipe do Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) ao país, em janeiro. O grupo, comandado pelo titular da pasta, Marcos Pontes, realizou reuniões e conheceu projetos em inovações como reuso e dessalinização de água.

Antes da partida para Israel, Bolsonaro adiantou que esse é um dos focos no debate das possíveis parcerias, bem como técnicas de agricultura e irrigação adotadas lá. A intenção, acrescentou o presidente, é estabelecer programas de cooperação que permitam a ida de estudantes brasileiros para capacitação nessas áreas de conhecimento. "Juntas, nossas nações podem alcançar grandes feitos. Temos que explorar esse potencial e é isso que queremos fazer nessa visita", afirmou.

Segundo o Palácio do Planalto, os acordos de cooperação devem englobar áreas como defesa, serviços aéreos, saúde e ciência e tecnologia. Na segunda-feira, Bolsonaro vai condecorar a equipe de israelenses que auxiliou nas buscas em Bumadinho (MG) e irá visitar a Unidade de Contra-Terrorismo da polícia daquele país.

Na terça, o presidente recebe CEOs de empresas israelenses e brasileiras que atuam no país e participará de encontro empresarial. Bolsonaro deve retornar ao Brasil na quarta-feira. Bolsonaro está acompanhado por uma comitiva formada pelos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Bento Costa Lima (Minas e Energia), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Informação e Comunicações), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além do tenente-brigadeiro do ar Raul Botelho, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, e do secretário da Pesca, Jorge Seif. O grupo ainda inclui os senadores Chico Rodrigues (DEM-RR), Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e Soraya Thronicke (PSL-MS) e a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). Para encerrar a agenda do primeiro dia, o chefe de Governo israelense oferece a Bolsonaro um jantar de honra em sua residência em Jerusalém.

Protesto contra a visita de Bolsonaro em Israel tem foto de Marielle Franco e cartazes lembrando da ditadura militar.
Protesto contra a visita de Bolsonaro em Israel tem foto de Marielle Franco e cartazes lembrando da ditadura militar. Reuteres

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_