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Israel ataca Gaza e o Hamas lança foguetes apesar do anúncio de cessar-fogo

Exército concentra tropas e limita as atividades civis na fronteira do enclave palestino

Juan Carlos Sanz
Carros de combate israelenses Merkava, na terça-feira na fronteira de Gaza.
Carros de combate israelenses Merkava, na terça-feira na fronteira de Gaza.Atef Safadi (EFE)

O anúncio de cessar-fogo com mediação egípcia, divulgado na noite de segunda-feira pelo Hamas, não impediu que a aviação israelense continuasse bombardeando dezenas de objetivos em Gaza na madrugada de terça e que a milícia islâmica lançasse mais de 30 foguetes e projéteis contra território israelense. A escalada bélica terminou antes do amanhecer, de acordo com moradores de Gaza. Enquanto isso, as autoridades militares impuseram limitações às atividades civis nas cidades israelenses próximas ao enclave costeiro palestino.

A ofensiva feita por Israel – que causou sete feridos, segundo autoridades de saúde palestinas – é uma represália pelo disparo feito de Gaza de um foguete que destruiu uma casa, a nordeste de Tel Aviv, e feriu seus sete moradores. Grande parte dos municípios israelenses abriram ao público os refúgios antibombardeios como medida de proteção a eventuais lançamentos de foguetes.

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As escolas permanecem fechadas na fronteira com Gaza, assim como os locais de trabalho que não têm refúgios próximos para os empregados. Ao mesmo tempo, as atividades agrícolas na região foram restringidas. Em uma medida de poucos precedentes, as Forças Armadas concentraram tropas na fronteira – pelo menos duas novas brigadas –, e mil reservistas foram mobilizados.

As sirenes de alarme foram ativadas de madrugada em dezenas de cidades israelenses pelo lançamento de foguetes vindos de Gaza. Desde o início da ofensiva aérea de represália, ao anoitecer de segunda-feira, as milícias palestinas dispararam 60 foguetes e granadas de morteiro. A maioria caiu em áreas desabitadas e o restante foi interceptado pelo sistema defensivo antimísseis Cúpula de Ferro.

Um porta-voz do movimento de resistência islâmica Hamas afirmou na noite de segunda-feira que um cessar-fogo negociado pelo Egito entraria em vigor às 22h (17h de Brasília), mas nenhuma fonte israelense confirmou a aceitação da trégua. A rede de televisão do Catar Al Jazeera informou que o Egito continua mantendo conversas com Israel e o Hamas para estabelecer o fim das hostilidades. Após uma madrugada marcada por dezenas de explosões causadas pelos bombardeios, as escolas da Faixa de Gaza continuavam fechadas na manhã de terça-feira.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, retorna ao seu país após encurtar sua visita aos Estados Unidos, onde o presidente Donald Trump reconheceu oficialmente na segunda-feira a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, território sírio ocupado desde 1967. Em plena campanha das eleições legislativas de 9 de abril, Netanyahu mostra firmeza contra o Hamas após conter a resposta militar em episódios anteriores de lançamentos de foguetes. Antes de subir no avião, declarou em Washington que a reposta militar israelense foi “muito enérgica”, e anunciou que ao chegar iria diretamente à sede do Ministério do Interior em Tel Aviv. “O Hamas deve saber que não vacilaremos em entrar (na Faixa de Gaza) e tomar as medidas necessárias”, afirmou, de acordo com um comunicado da Assessoria de Imprensa do Governo.

O ministro da Segurança Pública, Gilad Erdan, disse à rádio do Exército que, até que os objetivos da operação punitiva sejam conquistados, o Governo fará o Hamas pagar “um preço muito alto pelos ataques a civis israelenses”. “Todos os rumores sobre um cessar-fogo são incorretos”, alertou. Edifícios inteiros e centros de comando da organização islâmica, como os escritórios de seu principal líder político, Ismail Haniya, ficaram arrasados nos ataques da aviação israelense.

Após registrar três guerras com Israel na última década, a faixa de Gaza está falida e com seus serviços básicos (eletricidade, água...) praticamente inutilizados. O movimento de protesto contra o bloqueio imposto por Israel desde 2007 feito há um ano terminou com a morte de 250 moradores de Gaza, em sua grande maioria manifestantes na fronteira mortos por disparos das tropas israelenses durante a chamada Grande Marcha do Retorno.

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