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Ativista brasileira contra abuso de mulheres morre na Espanha, diz ONG

Sabrina Bittencourt ganhou notoriedade ao auxiliar mulheres que relataram abusos de João de Deus

Sabrina Bittencourt.
Sabrina Bittencourt.Reprodução (Facebook)
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A ativista brasileira Sabrina de Campos Bittencourt, que ganhou notoriedade recentemente por auxiliar mulheres que relataram abusos do médium João de Deus, tirou a própria vida neste sábado, em Barcelona, Espanha. Sabrina postou uma mensagem em tom de despedida em seu perfil no Facebook antes de cometer suicídio, segundo informou em nota a ONG Vítimas Unidas, com a qual a brasileira trabalhava. "A ativista cometeu suicídio e deixou uma carta de despedida relatando os porquês de tirar sua própria vida", diz a nota, segundo a qual a morte ocorreu às 21h de sábado.

O grupo solicitou que os amigos não tentassem entrar em contato com a família, porque "dois dos três filhos de Sabrina ainda não sabem do ocorrido e o pai, Rafael Velasco, está tentando protegê-los". "A luta de Sabrina jamais será esquecida e continuaremos, com a mesma garra, defendendo as minorias, principalmente as mulheres que são vítimas diárias do machismo", finaliza a nota.

Informações desencontradas sobre a morte da ativista continuaram a ser divulgadas no final de semana. Sabrina foi uma das criadoras do movimento Coame, que combatia o “abuso no meio espiritual” ao concentrar denúncias contra abusos cometidos por padres, pastores ou gurus — além de João de Deus, o grupo também contribuiu em denúncia contra o Sri Prem Baba. A ativista, que contava ter sido abusada desde o quatro anos por religiosos Mórmon, relatava com frequência que era alvo de ameaças de morte e se dizia em “autoexílio” por conta delas, mudando de casa com frequência, às vezes “a cada dez dias”, segundo entrevista do fim do ano passado para o site da revista Marie Claire.

Em sua última mensagem publicada no Facebook, Sabrina Bittencourt menciona a vereadora assassinada Marielle Franco. “Marielle me uno a ti. Somos semente. Que muitas flores nasçam dessa merda toda que o patriarcado criou há 5 mil anos! Eu fiz o que pude, até onde pude. Meu amor será eterno por todos vocês. Perdão por não aguentar, meus filhos”, escreveu. A mensagem não está mais disponível em seu perfil no Facebook. Em relato publicado na Marie Claire em dezembro de 2018, a ativista afirmou que tratava um câncer no sistema linfático.

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