Os problemas de aluguel de uma congressista ‘millenial’ em Washington
A democrata Ocasio-Cortez, que trabalhava como garçonete e será a legisladora mais jovem do Capitólio, diz ter dificuldades para pagar um apartamento em sua chegada à capital
A meteórica ascensão de Alexandria Ocasio-Cortez, de anônima garçonete em um bar em Nova York a se tornar – aos 29 anos – a mais jovem legisladora dos Estados Unidos, também tem consequências mundanas. A futura congressista, uma das estrelas emergentes da ala mais à esquerda do Partido Democrata, abriu um debate ao admitir ter dificuldades para pagar o aluguel de um apartamento em Washington, enquanto se prepara para assumir, em 3 de janeiro, seu cargo na Câmara dos Representantes
Depois de vencer na última terça-feira as eleições pelo 14º distrito de Nova York, que inclui áreas do Queens e do Bronx, Ocasio-Cortez disse que o período de transição seria “muito inusual” porque não terá um salário. “Tenho três meses sem salário antes de me tornar membro do Congresso. Então, como consigo um apartamento? Essas pequenas coisas são muito reais”, disse ao jornal The New York Times.
A jovem política, de origem latina e que derrotou um peso pesado do establishment democrata nas primárias de junho, explicou que tem dinheiro economizado de seu emprego anterior como garçonete e que está planejando sua situação financeira com seu companheiro. “Estamos enfrentando os problemas logísticos dia a dia, mas eu realmente estive guardando e confio que vai dar até janeiro”, disse.
Suas declarações mostram uma das consequências práticas da irrupção da fornada de novos políticos diversos saídos das eleições legislativas. A área metropolitana de Washington é a sétima mais cara dos EUA, à frente de Nova York, de acordo com uma análise da empresa 24/7 Wall Street. O aluguel médio de um apartamento de um quarto na capital é de 1.996 dólares (cerca de 7.591 reais) por mês, segundo o portal Rent Cafe.
Again, I cannot thank everyone enough for the offers of help.
— Alexandria Ocasio-Cortez (@AOC) November 10, 2018
For all the kind supporters offering to contribute to a GoFundMe: please send your contribution to @ChhayaCDC instead.
They are helping NY14 families struggling w housing + could use your help:https://t.co/6cTlAlGVcq
Ocasio-Cortez recebeu cerca de 5.000 dólares em agosto e setembro como salário de sua campanha, de acordo com estatísticas oficiais. Mas não terá novas receitas desde as eleições da última terça-feira até que o novo Congresso tome posse em janeiro. Suas preocupações financeiras devem desaparecer quando receber seu salário de congressista, que é de 174.000 dólares por ano.
O comentário de Ocasio-Cortez foi recebido com sarcasmo em círculos conservadores, mas também provocou uma avalanche de apoios. “Não posso agradecer o bastante pelas ofertas de ajuda”, escreveu ela no Twitter. Disse que pode enfrentar o problema com suas próprias economias: “Nos preparamos e vamos ficar bem”. E pediu que seus seguidores doassem a organizações sociais o dinheiro oferecido.
1. @FoxNews, why can’t any of your anchors say my name correctly? It’s been 5 months.
— Alexandria Ocasio-Cortez (@AOC) November 9, 2018
2. It is bizarre to see 1%-salaried anchors laugh at the US housing crisis.
3. Never purchased pricey clothes + always told my story. But repeating lies until they are believed is your thing. https://t.co/Py5aXFi3Z4
A futura legisladora foi particularmente crítica em relação às recriminações feitas por alguns comentaristas da rede conservadora Fox News, que fizeram dela uma espécie de monstro ao ter se declarado socialista e defendido a extinção da agência de deportações dos EUA. “Foi muito revelador ver a alegria com que os apresentadores da Fox News zombam da gente trabalhadora”, contra-atacou no Twitter. E negou, como disse um comentarista, usar roupas caras, apesar de alegar não ter dinheiro para o aluguel.
Ocasio-Cortez, que se apresenta como outsider da política que pretende mudar Washington, se envolveu em setembro em uma polêmica depois de posar elegantemente em uma entrevista para uma revista, com roupas – emprestadas pela publicação – avaliadas em 3.500 dólares, incluindo sapatos exclusivos de Manolo Blahnik.
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