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Indonésia não acredita que há sobreviventes no avião que caiu com 189 pessoas a bordo

Autoridades indonésias confirmam a descoberta dos primeiros corpos nas águas do mar de Java

Equipes de resgate com corpos de algumas das vítimas. Reuters

O infortúnio se abate sobre a Indonésia. Apenas um mês depois de um terremoto e um tsunami terem matado mais de 1.500 pessoas na ilha de Celebes, um avião da companhia Lion Air caiu no mar de Java com 189 pessoas a bordo. Horas depois do acidente, a Agência Nacional de Resgate (Basarnas) divulgou imagens de vários sacos com restos dos primeiros corpos encontrados na área do acidente, o que afasta as esperanças de encontrar sobreviventes.

Só se podia esperar um “milagre”, havia antecipado horas antes um porta-voz da Basarnas, Nugroho Budi Wriyanto, quando ainda nenhum corpo tinha sido encontrado, como informa o diário Jakarta Post. Alguns restos do avião, documentos de identidade e carteiras de motorista também foram encontrados no local do acidente. As equipes de resgate tentam encontrar a caixa preta do aparelho para ajudar a determinar a causa do que aconteceu.

O voo JT610 decolou às 6h20 da manhã, (20h20 de domingo em Brasília), com 189 pessoas a bordo, e sua aterrissagem em Bangka-Belitung, enclave com muitas minas de estanho do país, estava previsto para apenas uma hora depois, às 7h20 (21h20 em Brasília). O avião, um Boeing 737 MAX 8 da companhia indonésia Lion Air (a maior empresa aérea privada do país), começou a voar em julho, segundo o site airfleets.com. A aeronave perdeu contato com a torre de controle 13 minutos depois da decolagem em Jacarta, capital da Indonésia, com destino a Pangkal Pinang (ilha de Bangka).

Restos do B-737 que caiu.
Restos do B-737 que caiu.AFP

“Foi confirmado que o avião caiu em águas próximas a Tanjung Kerawang (Java Ocidental)”, disse Erzaldi Rosman, porta-voz do Governo local, como informou a agência de notícias indonésia Antara. Depois de decolar na direção sudoeste, o avião desviou para o sul e depois para o noroeste, de acordo com o portal de rastreamento de voos Flightradar. Antes de desaparecer do radar, o avião havia pedido permissão para retornar a Jacarta devido a causas desconhecidas até o momento.

De acordo com Edward Sirat, diretor geral da Lion Air, o avião havia tido um “problema técnico” em um voo anterior que fora resolvido. “Este avião já havia voado de Denspasar (Bali) para Cengkareng (Jacarta). Existe o registro de um problema técnico que foi resolvido seguindo o protocolo”, disse Sirat à imprensa, sem dar mais detalhes sobre o problema, segundo a Reuters.

No avião viajavam 189 pessoas, entre elas 178 passageiros adultos, além de uma criança e dois bebês, seis tripulantes e dois pilotos, de acordo com a Basarnas, o que ativou uma operação de resgate na área do acidente com barcos e helicópteros envolvendo 250 agentes, incluindo mergulhadores.

A tripulação de um rebocador que navegava no Mar de Java relatou às autoridades marítimas que tinha visto destroços da fuselagem do aparelho a cerca de sete milhas ao norte de Tanjung Karawang (Java Ocidental). A profundidade do mar é de apenas 35 metros na área em que o avião caiu, segundo a agência de resgate. A televisão indonésia mostrou imagens de uma mancha de combustível e supostos destroços da aeronave.

É o primeiro acidente de um B-737 MAX, modelo que entrou em serviço em 2017. A Boeing indicou que está ciente do acidente e que está “acompanhando de perto” a situação. “Expressamos nossa mais sincera preocupação por aqueles que estavam a bordo e estendemos nossa simpatia por seus familiares e entes queridos”, disse a empresa em um comunicado.

Por seu lado, a Lion Air, cujo site mudou do vermelho habitual para o preto depois do que aconteceu, informou que o capitão do JT610, Bhavye Suneja, tinha mais de 6.000 horas de voo, e seu copiloto tinha mais de 5.000. Um comunicado da empresa qualifica o avião como “apto” e afirma que ele só tinha sido operado pela companhia desde 15 de agosto.

Para a Indonésia, que enfrenta meses nefastos no que diz respeito a catástrofes naturais —com outro terremoto na ilha de Lombok em agosto, além do tsunami em que assolou as Celebes em setembro—, é um forte golpe poucos meses depois de a União Europeia ter suspendido em junho a proibição a suas linhas aéreas locais de voarem legalmente no espaço aéreo comunitário depois de considerar que haviam melhorado seus padrões de segurança.

O arquipélago —o maior do planeta com mais de 13.500 ilhas— registrou numerosos acidentes aéreos nos últimos anos. Entre eles, um voo da Air Asia que também caiu no mar de Java no final de 2014, enquanto fazia a rota entre a cidade de Surabaya e Cingapura, resultando na morte de seus 162 ocupantes. Um ano antes, um Boeing 737-800 da Lion Air ficou flutuando no mar depois de ter saído da pista de pouso na ilha de Bali, sem perda de vidas entre seus 108 ocupantes.

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