China convoca embaixador dos EUA após sanções pela compra de armamento russo
Washington tinha declarado que “o objetivo final dessas medidas” era na verdade Moscou, mas Pequim advertiu que haveria consequências se não houvesse uma retificação
A tensão entre as grandes potências econômicas mundiais continua crescendo. O Governo chinês convocou neste sábado o embaixador dos Estados Unidos em Pequim, Terry Branstad, e apresentou uma queixa formal em virtude das sanções impostas por Washington na quinta-feira ao Exército chinês, segundo informou o diário oficial Global Times, que não revelou mais detalhes sobre o encontro. As sanções se devem à compra de armamento russo, algo que viola uma lei norte-americana cujo objetivo é retaliar a Rússia por sua interferência na política dos EUA.
Na última quinta-feira, os EUA anunciaram a imposição de sanções ao Equipment Developmet Department (EDD), órgão do Ministério da Defesa responsável pelas armas e os equipamentos do Exército chinês, e ao seu diretor, Li Shangfu, por terem comprado armas da estatal Rosoboronexport, a maior exportadora russa de armamentos.
O Governo chinês já havia advertido Washington de que as sanções teriam consequências. E exigiu sua retirada imediata, já que as considera uma violação do direito internacional. O Governo dos EUA afirma que a compra de caças e sistemas de mísseis terra-ar, neste ano e no ano passado, constitui uma “transação significativa” e viola uma lei que entrou em vigor em 2017 para penalizar o Governo de Vladimir Putin por sua suposta interferência nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, entre outras infrações.
A norma, chamada Lei de Combate aos Adversários dos EUA por meio de Sanções (CAATSA, na sigla em inglês), estende as represálias a qualquer entidade que fizer negócios com empresas militares russas. As sanções impostas ao EDD incluem a proibição de exportar produtos ao território norte-americano, o embargo de bens que possa ter nesse país e o veto ao desenvolvimento de transações financeiras nos EUA. Washington, porém, afirma que o objetivo final das sanções é a Rússia.
As medidas foram tomadas para “continuar impondo custos ao Governo russo em resposta às suas atividades malignas”, disse em nota Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado. Nauert advertiu que os EUA “continuarão exortando todos os países a que restrinjam suas relações com os setores militar e de inteligência russos, os quais estão vinculados com atividades malignas em todo o mundo”.
A medida provocou uma resposta furiosa dos Governos chinês e russo, que realizam uma aproximação estratégica frente aos EUA. Neste mesmo sábado, segundo o The Wall Street Journal, a China cancelou as negociações comerciais programadas com os EUA e não enviará seu primeiro-ministro, Liu He, às reuniões. O jornal norte-americano diz também que teria sido cancelada uma viagem de uma delegação de nível médio a Washington que precederia a visita de Liu.
As negociações pretendiam encontrar uma saída à guerra comercial entre ambas as potências. No início da semana, a China anunciou novas tarifas a produtos norte-americanos no valor de 60 bilhões de dólares (240 bilhões de reais), em resposta às tarifas impostas antes por Washington aos produtos chineses num total de 200 bilhões de dólares (800 bilhões de reais).
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