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Papa convoca os presidentes de todas as conferências episcopais para conter abusos sexuais

O encontro, sem precedentes, será realizado entre 21 e 24 de fevereiro no Vaticano

O papa Francisco, no Peru.
O papa Francisco, no Peru.Pierre Cobos (EFE)

Em plena tempestade pelos recentes casos de abuso de menores na Pensilvânia (EUA) e na Alemanha, e pressionado por denúncias de encobrimento feitas por um arcebispo e ex-núncio, o papa Francisco tomou uma decisão histórica. O conselho de nove cardeais que assessora o pontífice, conhecido no jargão do Vaticano como C9, comunicou nesta quarta-feira que Francisco convocou os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo para um encontro nos dias 21 a 24 de fevereiro na Santa Sé para pôr fim ao escândalo e tomar medidas que permitam erradicar esses abusos.

A reunião representa um claro ponto de inflexão em uma política heterogênea e, às vezes, negligente contra o abuso de menores no mapa internacional da Igreja. O tratamento e a atenção recebida, dependendo dos países onde ocorreram os crimes contra menores, foram muitas vezes um tanto díspares. Faltam políticas comuns, transparência, diligência nas denúncias à polícia e uma abordagem muito mais homogênea. A decisão do Papa é, em suma, um chamado à ordem para todos os generais da Igreja e constitui um passo à frente para a unificação das medidas de prevenção e punição. "O Santo Padre, depois de ouvir o Conselho dos Cardeais, convocou uma reunião com os presidentes das conferências episcopais de todo o mundo para falar da prevenção de abuso de menores e adultos vulneráveis", disse a vice-diretora da assessoria de imprensa do Vaticano, Paloma García Ovejero.

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Um relatório revela que 3.677 menores sofreram abuso na Igreja católica alemã desde 1946. 1.670 religiosos estão implicados neste "problema em massa", no que a metade das vítimas tinham menos de 13 anos

Na mesma linha, Francisco receberá nesta quinta-feira o presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, Daniel DiNardo, e vários bispos daquele país. O encontro ocorre no contexto dos escândalos de abuso que atingiram a Igreja nos EUA nos últimos anos e, mais especificamente, na Pensilvânia. Além de DiNardo, irá ao Vaticano o cardeal e arcebispo de Boston, Sean Patrick O'Malley, que também é presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores e uma das vozes mais críticas do Vaticano por sua fraca resposta a alguns escândalos. O arcebispo de Los Angeles e vice-presidente da Conferência Episcopal, José Horacio Gómez, e o secretário-geral, Brian Bransfield, também viajarão.

Não compareceram à sessão do C9 os cardeais Francisco Javier Errázuriz Ossa, arcebispo emérito de Santiago e muito questionados no Chile pelos escândalos de abuso de menores, ocultos pela Igreja daquele país; George Pell, que enfrenta um julgamento na Austrália relacionado a abuso sexual; e Laurent Monsengwo Pasinya, arcebispo de Kinshasa e primaz da República Democrática do Congo. As três ausências apontam para uma renúncia iminente. Na segunda-feira, o C9 já havia explicado em um comunicado que tinha proposto ao papa Francisco uma reflexão sobre "o trabalho, estrutura e composição do conselho". Uma reflexão necessária por causa de questões de idade, mas que corresponde a problemas muito mais sérios no caso de Pell e Errázuriz.

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