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Chefe do Pentágono visita o Brasil em missão para conter influência chinesa

Jim Mattis se reúne com ministros da Defesa e de Relações Exteriores

O ministro da Defesa brasileiro, Joaquim Silva e Luna (esquerda), e o secretário da Defesa dos EUA, James Mattis, em Brasília.
O ministro da Defesa brasileiro, Joaquim Silva e Luna (esquerda), e o secretário da Defesa dos EUA, James Mattis, em Brasília. Joédson Alves (EFE)

Com os olhos na China, o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, começou no domingo sua primeira viagem à América do Sul. Em suas paradas no Brasil, Argentina, Chile e Colômbia, o objetivo do chefe do Pentágono será fortalecer as relações militares com Washington e conter a crescente influência de Pequim na região. “Essas relações são críticas para um hemisfério ocidental [o continente americano] colaborativo, próspero e seguro”, disse o Departamento de Defesa.

Nesta segunda-feira, Mattis se reuiu em Brasília com com os ministros Joaquim Silva e Luna, da Defesa, e Aloysio Nunes Ferreira, das Relações Exteriores. Na pauta do encontro estão as alternativas para avançar na cooperação nas áreas técnica, científica, político-militar e indústria de defesa. Nos encontros oficiais no Brasil, o secretário de Defesa americano tratou de três temas que são discutidos há ao menos dois anos entre as duas nações: o aproveitamento do centro de lançamento de satélites de Alcântara (Maranhão), a cooperação na área de defesa cibernética e a ajuda humanitária à Venezuela que estava numa situação. “Alinhamos algumas percepções sobre o que pensamos sobre defesa no continente americano”, disse o ministro de Defesa do Brasil, Joaquim Silva e Luna.

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A Casa Branca declarou 2018 o “ano das Américas” e, de acordo com o Pentágono, a viagem do general reformado dos Fuzileiros Navais reflete os “fortes laços de defesa” com os quatro países que visitará. Laços que, no entanto, parecem não interessar ao presidente Donald Trump, que não viajou para a região. Iria fazê-lo em abril, mas cancelou sua participação na cúpula das Américas, no Peru, para preparar a operação militar contra o regime sírio por conta do uso de armas químicas.

A Casa Branca mantém um bom relacionamento com seus principais aliados latino-americanos, em parte graças a sua forte posição em relação à crise venezuelana, mas também provocou tensões na região com sua política anti-imigração e sua deriva protecionista.

A viagem de Mattis, que em setembro do ano passado esteve no México, começa no Brasil, onde terá reuniões com altos comandantes militares e fará um discurso. De lá, seguirá para a Argentina e o Chile para finalmente chegar à Colômbia, onde se encontrará com membros do novo Governo de Iván Duque.

A crise na Venezuela vai pairar sobre a viagem, especialmente na Colômbia, mas também no Brasil, que reforçou significativamente sua cooperação militar com os Estados Unidos nos últimos anos. De fato, soldados norte-americanos participaram em novembro de treinamentos conjuntos com seus colegas brasileiros como preparação para possíveis crises humanitárias.

Como parte de sua estratégia expansionista, a China reforçou nos últimos anos seus laços com alguns dos países que Mattis visitará, como a Argentina, onde Pequim construiu uma base espacial. “Estamos preocupados que a China tem uma maneira de fazer negócios que não necessariamente responder da melhor forma possível aos interesses dos nossos parceiros no hemisfério”, explicou a um grupo de jornalistas o subsecretário adjunto de Defesa para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Sergio de la Peña, informa a agência Efe.

Como também fez na África, Pequim multiplicou seus investimentos na América Latina na última década e também a concessão de créditos, o que lhe permite ganhar peso diplomático. “Eles são generosos com seus empréstimos, mas se você não puder pagar, eles receberão algum tipo de compensação em troca”, avisou de la Peña.

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