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China repreende EUA por criticarem sua estratégia na América Latina

Secretário de Estado norte-americano afirmou que a região não precisa de "novas potências imperiais”

O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, em coletiva no México
O secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, em coletiva no MéxicoHENRY ROMERO (REUTERS)
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A China não gostou nada das advertências feitas por Washington a vários países latino-americanos sobre a influência cada vez maior de Pequim na região. O gigante asiático considera que as palavras do secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, sobre os riscos de uma dependência excessiva da segunda economia mundial, são uma falta de respeito à política exterior dessas nações.

Tillerson – antes de iniciar uma viagem com paradas no México, Argentina, Peru e Colômbia – afirmou que a região não precisa de “novas potências imperiais” e advertiu sobre a estratégia de se apoiar excessivamente na China, “que significa ganhos no curto prazo em troca de uma dependência no longo prazo”. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores chinês considerou que essa premissa é falsa e que o intercâmbio com a América Latina se baseia “em interesses comuns e necessidades mútuas”.

O aumento da influência chinesa na América Latina, pelo menos em termos quantificáveis, como o comércio e o investimento, é inquestionável. O intercâmbio de mercadorias se multiplicou na última década, superando os 200 bilhões de dólares (640 bilhões de reais) por ano, sobretudo graças à compra e venda de matérias primas. A China já é o principal parceiro comercial de países como Argentina, Brasil, Chile e Peru.

Pequim também se tornou uma fonte de empréstimos vital para nações da região, especialmente Brasil, Venezuela e Equador. As autoridades chinesas – como costumam repetir sempre que há suspeitas de que haja mais interesse próprio do que altruísmo por trás desses créditos – dizem que a cooperação se baseia em “igualdade, reciprocidade, abertura e inclusão”.

“Esperamos que este país (em referência aos EUA) abandone o conceito antiquado dos jogos de soma zero e veja o desenvolvimento das relações entre a China e a América Latina de forma aberta e inclusiva”, afirma o comunicado.

A China reforçou recentemente seus laços com a região durante o segundo fórum ministerial entre o gigante asiático e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), realizado há apenas duas semanas em Santiago, no Chile. O bloco decidiu apoiar, numa declaração oficial, a iniciativa chinesa da nova Rota da Seda – o megaprojeto de interconexão mundial idealizado pelo presidente chinês, Xi Jinping, que colocou sobre a mesa bilhões de dólares para investi-los em obras de infraestrutura que melhorem a conectividade. Os críticos veem nessa iniciativa o desejo de Pequim de aumentar sua influência sobre outros países em desenvolvimento. O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, disse no encontro que seu país quer se transformar no “parceiro mais confiável” da região.

Em seu discurso antes de iniciar a viagem latino-americana, Tillerson declarou que as ofertas da China na forma de investimento “quase sempre exigem a importação de força de trabalho chinesa, grandes empréstimos e uma dívida insustentável, ignorando os direitos humanos e de propriedade intelectual”, algo que comparou com o antigo colonialismo europeu.

Segundo a Xinhua, a agência oficial chinesa, a investida recente da administração Trump contra a diplomacia e a política exterior de Pequim é uma consequência da “perda de carisma” da primeira potência mundial na região: “Em vez de perder tempo criticando a China, talvez fosse uma boa ideia para Washington baixar o tom hostil de sua retórica, que provocou a ira na América Latina com propostas como endurecer a imigração, construir um muro e tentar influenciar os tratados comerciais em seu favor.”

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