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Lula: “Querem inventar uma democracia sem povo”

PT dobra a aposta na candidatura de ex-presidente preso em Curitiba e mantém suspense sobre vice

Petistas formalizam Lula como candidato à presidência em São Paulo.
Petistas formalizam Lula como candidato à presidência em São Paulo.NACHO DOCE (REUTERS)
Gil Alessi

A convenção nacional do PT sacramentou, no início da tarde deste sábado, o nome de seu candidato à presidência da República em evento realizado na região central de São Paulo. Sem surpresas, o ex-presidente Lula foi aclamado por uma plateia de centenas de militantes, delegados e autoridades partidárias, mesmo preso em uma cela há mais de 400 km de distância em Curitiba e virtualmente impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa. No final do encontro foi lida uma carta do petista aos correligionários: "Já derrubaram uma presidenta eleita, agora querem vetar o direito do povo escolher livremente o próximo presidente. Querem inventar uma democracia sem povo”. Se por um lado a cabeça da chapa foi oficializada, até o momento o partido não anunciou quem será o vice na chapa do petista.

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O PT cogitava o nome de Manuela D’Ávila (PCdoB), também candidata à presidência, como companheira de chapa e esperava-se que a decisão fosse anunciada em breve, mas na sexta a cúpula partidária, que visitou Lula em Curitiba, anunciou que pretendia deixar a decisão para daqui a alguns dias. Além de Manuela, Gleisi Hoffmann voltou a dizer que o Ciro Gomes, candidato do PDT, como vice - horas antes, o cearense havia lançado uma carta que parecia rechaçar a ideia, mas elogiava Lula.

Seja como for, o partido pode não conseguir empurrar a decisão tanto quanto gostaria.  Uma sinalização controversa do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pode obrigar o partido a fechar a chapa até domingo. Lideranças do partido deram a entender que esta questão será discutida internamente após a convenção - após o rito de aclamação de Lula, o encontro foi fechado para a imprensa. O PROS e o PCO anunciaram apoio à chapa petista, sem, no entanto, pleitear a vice presidência.

O mantra da legenda foi repetido à exaustão pelos presentes: “Não existe plano B, não existe plano C, nosso plano é Lula”. Detido há mais de cem dias, o petista já demonstrou que o cárcere não é um obstáculo para suas articulações políticas. Resta ver até onde o partido pretende levar sua candidatura, que pode fazer água em breve quando o Tribunal Superior Eleitoral ou o Supremo Tribunal Federal julgarem a legalidade de sua candidatura.

O senador Lindbergh Faria (PT-RJ) defendeu que Lula seja mantido como candidato do PT independente de qualquer decisão da Justiça. “Se ele impugnarem a candidatura do Lula, por mim, a gente vai até o fim. Mesmo que ele seja eleito sub judice. Quero ver o povo eleger o Lula e o Judiciário não aceitar a vontade do povo. Esse povo se levantará!”, gritou. A tese defendida pelo parlamentar divide a legenda: parte da executiva nacional prefere que o partido troque o nome do ex-presidente pelo de outro candidato às vésperas do pleito.

O nome de Fernando Haddad, possível candidato do partido no lugar de Lula, foi um dos mais ovacionados pela militância. Na plateia uma dezena de cartazes com os dizeres “Marília [Arraes] governadora do Pernambuco” lembravam a todos que o acordo do PT com o PSB, que rifou a jovem candidata pernambucana, ainda era uma ferida não cicatrizada. O nome dela chegou a ser anunciado como a primeira a falar no evento, mas posteriormente a ordem foi trocada. Quando a lista com o nome de todos os candidatos a governador do partido foi lida, um coro de apoio a ela tomou conta do auditório por alguns minutos: “Marília! Marilia!”. O grito se repetiria por ao menos mais três vezes ao longo da convenção.

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