_
_
_
_

Primeira eleição após Mugabe confirma braço direito do ditador no poder

Mnangagwa continuará no comando do Zimbábue após assumir a presidência em um golpe no ano passado. Oposição aponta fraude

Emmerson Mnangagwa na segunda-feira passada.
Emmerson Mnangagwa na segunda-feira passada.JEKESAI NJIKIZANA (AFP)

Os resultados das primeiras eleições presidenciais desde a queda de Robert Mugabe no Zimbábue foram anunciados durante a noite desta quinta-feira, com sobressalto. Os 50,8% obtidos por Emmerson Mnangagwa, segundo os dados oficiais da Comissão Eleitoral do Zimbábue (ZEC), foram proclamados alguns minutos antes de uma hora da manhã, em uma sala protegida e militarizada no exterior, após os violentos distúrbios. e a tensão das horas anteriores.

Mais informações
Protestos eleitorais no Zimbábue deixam ao menos 3 mortos (EM ESPANHOL)
Nasce uma nova era no Zimbábue
Mugabe renuncia à presidência do Zimbábue

Entre o nervosismo e o deja vu de uns resultados que demoraram em sair, os oito décimos acima dos 50% dos votos marcaram o fim do processo eleitoral, evitando o segundo turno e deixando fora de jogo o principal nome da oposição, Nelson Chamisa , que teve 44,3% dos votos —sempre de acordo com as informações da Comissão Eleitoral, já que que o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), partido de Chamisa, considera que os resultados são "falsos"—.

No meio do anúncio noturno, quando os comissários eleitorais estavam dando o número de cifras por província, o chefe eleitoral do MDC, Norman Komichi, conseguiu entrar no recinto. Com uma boina, de pé, gritou que os resultados não eram válidos até que a polícia escoltou-o para fora. E, então, saiu o 50,8% de Mnangagwa. O líder do partido, Nelson Chamisa, reagiu twittando, já durante a manhã desta sexta-feira, que "o escândalo de publicar resultados falsos e não verificados é lamentável".

Emmerson Mnangagwa, conhecido como O Crocodilo, é, portanto, toda a mudança que o Zimbábue pode esperar. Próximo colaborador de Robert Mugabe por décadas, ex-chefe de inteligência nos momentos mais duros do regime e representando a mesma máquina política da ZANU-PF que governou o Zimbábue desde sua independência em 1980, Mnangagwa agora legitima sua presidência com as urnas, após de tê-la conseguido com um golpe em novembro do ano passado. ED —esse é o apelido de Mnangagwa— foi o homem capaz de tirar o gigante Robert Mugabe do poder, depois de 37 anos sem planejar aposentar-se.

Nas ruas de Harare não há nem euforia desenfreada nem manifestações de protesto, por enquanto. O dia da violência que foi vivido na quarta-feira, quando se soube que o Parlamento voltou a ser do ZANU com uma maioria absoluta, deixou uma ressaca e os apoiantes da oposição estão à espera de ouvir o seu líder. A reação militar e policial na quarta-feira congelou de repente esperança de mudança na qual tantos zimbabuanos acreditavam. As forças de segurança bem armadas, reprimindo a manifestação, vigiando as ruas, prisões na sede do partido da oposição, sitiadas por horas e seis mortos, além dos feridos.

Mnangagwa prometeu, desde novembro, estabelecer um "novo regime" e milhares de cidadãos esperam por isso. Se a repressão continua ou vai embora, está nas mãos de Mnangagwa.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_