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Crítica | Homem-Formiga e a vespa
Crítica
Género de opinião que descreve, elogia ou censura, totalmente ou em parte, uma obra cultural ou de entretenimento. Deve sempre ser escrita por um expert na matéria

O prazer efêmero da modéstia

Sua espalhafatosa modulação de teor cômico se rompe em uma das tramas da segunda metade da narrativa, quando outra história altera o tom geral do filme

Evangeline Lilly e Paul Rudd, no filme.
Evangeline Lilly e Paul Rudd, no filme.
Javier Ocaña

Concebido há três anos como um autoconsciente fragmento de singular modéstia dentro do universo cinematográfico da Marvel, sem a ambição nem a ostentação de boa parte de seus irmãos mais velhos, Homem-Formiga representou um relativo sopro de ar fresco para todos os públicos, amparado na essência da miniaturização do personagem principal, e nos ecos cinéfilos e de tom que sua aventura desprendia, inoculados desde O Incrível Homem que Encolheu, serie B de Jack Arnold dos anos 50, e de Viagem Insólita, efervescente odisseia familiar de ficção científica, articulada pelos revigorantes estilos cômicos dos anos 80.

Uma ausência de grandes pretensões que continua dominante neste segundo filme, Homem-Formiga e a Vespa, de novo dirigido por Peyton Reed, e no qual, com os ecos de outro clássico da ficção científica artesanal, O Mundo em Perigo, de Gordon Douglas, se acentuou seu espírito familiar, com duas meninas como possíveis objetos de identificação, e recuperando um trauma infantil da produção original (a morte de uma mãe, a ausência, a lembrança e a necessidade de proteção), para acabar desse modo ressuscitando, literalmente a personagem interpretada por Michelle Pfeiffer.

HOMEM-FORMIGA E A VESPA

Direção: Peyton Reed.

Intérpretes: Paul Rudd, Evangeline Lilly, Michael Douglas, Michelle Pfeiffer.

Gênero: ação. EUA, 2018.

Duração: 118 minutos.

No entanto, sua espalhafatosa modulação de estilo cômico, onde alguns dos personagens secundários têm uma importância especial, é rompida em uma das tramas da segunda metade da narrativa, quando outra história com complexo infantil, mais dura, angustiante e grave, pelo menos em seu tratamento, altera o tom geral do filme. E não só porque não se encaixa bem, mas porque se acumulam questões em excesso, mais perpendiculares do que paralelas, fazendo da crônica uma miscelânea, com seu amontoado de vilões e de metas no amplo leque de personagens.

Ainda assim, sua perspicácia na maioria dos diálogos, a simpatia que Paul Rudd sempre exala e, de novo sua sensata percepção de ser um produto menor, fazem de Homem-Fromiga e a Vespa uma mais do que aceitável proposta de prazer efêmero.

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