Gilmar Mendes manda soltar Paulo Preto horas depois de novo pedido de prisão
Procuradora da força-tarefa da Lava Jato afirma que decisão de ministro aumenta sensação de impunidade
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes mandou soltar, no início da noite desta quarta-feira, o ex-diretor da empresa paulista de Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, preso nesta manhã pela Polícia Federal (PF). Ele é suspeito de ser o operador do PSDB no esquema de propina investigado pela Operação Lava Jato e é acusado de desvios de 7,7 milhões de reais da Dersa. O magistrado também concedeu habeas corpus de ofício para a filha de Viera, Tatiana de Souza Cremonini.
É o segundo habeas corpus concedido pelo ministro ao acusado neste mês. No dia 11 de maio, o ex-diretor foi beneficiado com outra decisão de Mendes. O pedido da nova prisão, segundo a assessoria do Ministério Público Federal (MPF), foi motivado porque testemunhas do processo relataram novas ameaças.
Na decisão, Mendes entendeu que o pedido de prisão da Justiça de São Paulo é ilegal por não demonstrar fatos concretos para justificar a medida. "Além disso, como aponta a defesa, as testemunhas arroladas pela acusação já foram inquiridas. Na fase atual, dificilmente a defesa teria poder para colocar em risco a instrução criminal", afirmou o ministro do STF. Quando o ex-diretor da Dersa foi preso pela primeira vez, Mendes considerou que não havia razão para prisão preventiva porque as suspeitas sobre o acusado eram antigas.
Em entrevista coletiva, a procuradora da força-tarefa da Lava Jato em São Paulo Adriana Scordamaglia afirmou que a audiência de custódia "foi atropelada", nesta quarta, por uma decisão "sui géneris" de um ministro que, na sua visão, nem deveria responder pelo caso. "Houve supressão de instância, já que o STF é a última instância que o réu deve recorrer". Na interpretação dela, por se tratar de um novo pedido de prisão, o recurso da defesa deveria percorrer todas as instâncias antes de chegar ao STF porque os fundamentos do novo pedido de prisão foram diferentes do primeiro e decorreram de fatos revelados em novas audiências neste mês.
A procuradora acredita que a concessão do habeas corpus aumenta a sensação de impunidade. “Nós só cumprimos o nosso papel, não vamos esmorecer com decisões como essa, porque queremos que a justiça seja feita, e só isso. E gostaríamos de poder trabalhar com nossos direitos assegurados e com a credibilidade daquilo que escrevemos”, disse.
No dia 22 de março, o engenheiro Paulo Preto foi denunciado pelo MPF, junto a outros quatro suspeitos, pelos crimes de formação de quadrilha, inserção de dados falsos em sistema público e peculato. A procuradoria acusa o ex-diretor e o grupo de desviar, entre 2009 e 2011, o equivalente a 7,7 milhões de reais, em valores da época, na forma de dinheiro em espécie e de imóveis. O montante seria destinado ao reassentamento de pessoas desalojadas pela Dersa para a realização das obras do trecho sul do Rodoanel, o prolongamento da avenida Jacu Pêssego e a Nova Marginal Tietê, na região metropolitana de São Paulo.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.