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Ex-chefe de campanha do presidente da Colômbia é preso pelo caso Odebrecht

Roberto Prieto é acusado de receber subornos da Odebrecht para “tampar buracos” na candidatura de Juan Manuel Santos

Ana Marcos
A sede da construtora Odebrecht em São Paulo (Brasil).
A sede da construtora Odebrecht em São Paulo (Brasil).SEBASTIAO MOREIRA (EFE)
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Roberto Prieto, que foi coordenador das duas últimas campanhas presidenciais de Juan Manuel Santos, foi detido na manhã de terça-feira por causa do escândalo dos subornos da Odebrecht. O juiz decretou prisão provisória após acolher as acusações do Ministério Público da Colômbia por falso testemunho, tráfico de influência e enriquecimento ilícito, entre outros delitos relacionados aos contratos que ele assinou com a empreiteira brasileira. Na audiência, o magistrado disse que a prisão provisória seria necessária “para salvaguardar o processo” contra o réu.

“O indiciado tinha como modus operandi pedir dinheiro a empresas e pessoas alegando ser necessário ‘tampar buracos’ nas campanhas políticas de Juan Manuel Santos”, declarou a promotora do caso. Prieto, segundo a decisão, recebeu dinheiro (230.000 dólares, ou 857.000 reais pelo câmbio atual) de uma das empresas com as quais a Odebrecht fez negócios na Colômbia para construir a Rota do Sol III, uma das maiores infraestruturas viárias do país.

Parte dos subornos dados ao acusado provinha, segundo o juiz, de contratos falsos e da posição de poder que o réu exercia na qualidade de chefe das campanhas eleitorais que levaram Santos à presidência em 2010 e à reeleição em 2014.

Em julho de 2017, o Ministério Público confirmou pagamentos da Odebrecht às campanhas de Santos e de seu rival Óscar Iván Zuluaga. A investigação já comprovou em março deste ano que a construtora firmou em fevereiro de 2014 um contrato com a empresa panamenha Paddington, vinculada à empresa colombiana Sancho BBDO, no valor de um milhão de dólares para realizar uma pesquisa de opinião nas principais cidades da Colômbia. “Esta contribuição teria sido efetuada, segundo os diretores da Odebrecht, a fim de obter uma aproximação com o Governo do presidente Santos”, afirmou a promotoria naquela época.

O próprio Prieto, em entrevista à Blu Radio, admitiu esse financiamento ilegal. Ocorreu na primeira campanha, em 2010, quando a empreiteira brasileira – investigada por tecer uma ampla rede de subornos na América Latina – pagou os cartazes do atual presidente da Colômbia. “Encomendei os cartazes operacionalmente com a grana da Odebrecht. É uma realidade. Isso foi uma operação irregular”, disse. A lei eleitoral colombiana proíbe aceitar recursos de uma empresa estrangeira.

Naquele momento, o ex-chefe de campanha inocentou Santos. Depois das declarações de Prieto, o presidente colombiano divulgou nota institucional pelo Twitter condenando esse financiamento, mas não negou que tenha ocorrido. O mandatário afirmou que não estava a par dos pagamentos e pediu que os responsáveis por essas irregularidades sejam investigados e punidos. “Frente à avaliação de que houve recursos não registrados em minha campanha de 2010, quero expressar meu absoluto rechaço e condenação a esse fato.”

“Lamento profundamente e peço desculpas aos colombianos por este fato vergonhoso, que nunca, nunca deveria ter acontecido, e do qual acabo de me inteirar. Não autorizei nem tive conhecimento dessas gestões, as quais foram feitas em direta violação das normas éticas e de controle que exigi que fossem impostas na campanha”, concluiu.

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