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A guerra entre espanhóis e italianos pela Eletropaulo chega até a União Europeia

A Iberdrola denúncia em Bruxelas as ações da Enel para conseguir o controle da elétrica brasileira

Parque eólico da Iberdrola no Rio Grande do Norte.
Parque eólico da Iberdrola no Rio Grande do Norte.
Xosé Hermida

A peleja entre dois dos gigantes do setor elétrico na Europa pelo controle da Eletropaulo chegou à máxima tensão. Um dos concorrentes, a companhia espanhola Iberdrola, recorreu à União Europeia (UE) para denunciar a atuação da sua rival italiana Enel. A Iberdrola enviou uma carta aos responsáveis de Concorrência e Energia da UE com duros ataques contra a Enel, a quem acusa de violar os princípios do livre mercado e de atuar com práticas monopolísticas aproveitando sua ligação com o Estado italiano, proprietário de 25% de suas ações. Segundo a empresa espanhola, o valor oferecido pela Enel para comprar a elétrica brasileira não tem "lógica financeira".

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A Iberdrola, através de sua subsidiária brasileira Neonergia, é agora o líder da distribuição elétrica privada no Brasil, posição que poderia consolidar definitivamente após fechar na passada semana um acordo para comprar a Eletropaulo, uma companhia com sete milhões de clientes no Estado de São Paulo. A energética espanhola ia desembolsar por volta de 6 bilhões de reais, distribuídos entre uma ampliação de capital e uma compra de ações. A Enel tinha apresentado uma oferta menor, mas, quando a operação já parecia fechada, surpreendeu com uma nova proposta. Melhorou em 200 milhões de reais o lance da Iberdrola ao garantir, entre outras coisas, um preço de 28 reais por ação frente aos 25,51 da companhia espanhola. Se a Enel ganhar a disputa, ultrapassaria a Iberdrola como primeiro distribuidor privado de eletricidade no Brasil. As duas companhias são também concorrentes na Espanha, onde comandam o setor elétrico, no caso da Enel através de sua subsidiária Endesa.

A Neonergia reagiu subindo sua proposta até 29,40 reais por ação. Mas a Enel  não abriu mão e nesta quarta-feira chegou com um novo lance até 32 reais, quase 60% mais do que tinha oferecido no começo, apenas 19 reais. Diante da nova movimentação da companhia italiana, o conselho de administração da Eletropaulo decidiu cancelar o primeiro leilão de ações e abrir um novo processo entre os concorrentes.

Pouco antes da nova proposta da Enel, a Iberdrola já havia enviado sua carta a Bruxelas com fortes críticas contra a companhia rival. A elétrica espanhola acusa seu competidor de "não operar com critérios de mercado e adotar decisões de negócio que não respondem a nenhuma lógica econômica". A Iberdrola alega que a Enel, como empresa com maioria de capital público, se aproveita de uma situação de "privilégio" na Itália", com uma posição "quase monopolística" e "acesso mais barato aos mercados de capital".

A Iberdrola reclama que essa posição dominante na Itália tem lhe causado "sérios prejuízos" em outros mercados, como está acontecendo, segundo ela, com o combate pela elétrica brasileira. Os espanhóis dizem que seu competidor "não respeita as regras de concorrência normal entre empresas privadas em um processo de leilão". Segundo Iberdrola, a companhia italiana está "está tentando influir" na direção da empresa brasileira e na Comissão de Valores Mobiliários, além de "intimidar seus concorrentes" com "declarações à imprensa completamente injustas". A elétrica espanhola alude a um anúncio publicado no domingo passado por Enel em vários jornais brasileiros no que criticou o primeiro acerto entre Eletropaulo e Iberdrola e assegura ter condição de melhorar o preço. "Só uma empresa que desfruta do apoio incondicional de um Estado, como seu acionista maioritário, pode ser agir desse modo", alega a carta, que pede que a UE tome medidas para brecar essas práticas e ameaça com ações legais contra seu concorrente.

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