Rússia e Síria dificultam o acesso de inspetores à zona do ataque químico
Um porta-voz russo diz que poderão ir a Duma na quarta-feira, cinco dias depois de sua chegada a Damasco
Dois dias depois de ter chegado a Damasco, a equipe de inspetores enviada pela Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) continua sem poder ter acesso a Duma, localidade situada cerca de dez quilômetros a leste da capital síria, onde no dia 7 surgiu a denúncia de um ataque letal com gás tóxico. O regime sírio e seus aliados militares russos, que controlam o último reduto abandonado pela oposição na localidade rebelde de Guta Oriental, alegaram razões de segurança para impedir a passagem dos investigadores internacionais. Na noite de sexta-feira, aviões dos Estados Unidos, França e Reino Unido bombardearam centros de pesquisa de armamento sírios em resposta ao ataque em Duma. O porta-voz do Ministério da Defesa russo afirmou nesta segunda-feira que a OPAQ poderá entrar na cidade da periferia de Damasco na quarta-feira, informa a Reuters.
As autoridades russas e sírias vinham pedindo até agora que os inspetores de armas químicas iniciassem com urgência uma missão de coleta de provas em Duma, e nas últimas horas haviam dado como certo em suas comunicações oficiais que a investigação iria ser posta em andamento com caráter imediato. Nos contatos que mantiveram no domingo com a equipe da OPAQ se limitaram a oferecer a presença em Damasco de 22 supostas testemunhas do ataque químico de Duma para que fossem interrogadas.
Equipes das áreas de emergência e da saúde relacionadas com a oposição ao presidente Bashar al-Assad denunciaram no dia 7 que um ataque químico lançado pelo regime havia causado dezenas de mortes – pelo menos 40, segundo seus primeiros informes – e deixado centenas de intoxicados pela inalação de gás cloro e gás sarin (agente nervoso).
Os Estados Unidos, que encabeçaram na sexta-feira o ataque punitivo desencadeado em conjunto com a França e o Reino Unido contra instalações estatais sírias supostamente vinculadas ao programa de armas químicas, acusaram a Rússia e a Síria de estarem bloqueando a missão internacional. O embaixador norte-americano na OPAQ, Kenneth Ward, expressou suspeitas de que Damasco e Moscou estavam tentando manipular as provas disponíveis.
A Rússia, por intermédio de seu vice-ministro de Relações Exteriores, Sergei Riabkov, declarou que fora a ONU, da qual depende a missão da OPAQ, que não havia dado a permissão aos inspetores para que viajassem a Duma. No entanto, Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, informou que a organização que supervisiona a proibição do uso de armas químicas contava com as permissões necessárias para agir.
A equipe de investigadores da OPAQ é integrada por nove especialistas prontos para iniciar seu trabalho. “Os membros das delegações síria e russa que participaram dos preparativos da missão, em Damasco, dizem que há questões de segurança ainda por resolver antes de sua partida”, declarou em um comunicado oficial Ahmet Uzumcu, diretor da organização, reunida m caráter de urgência em sua sede oficial, em Haia.
Uzumcu instou todos os Estados membros a “compartilharem informações sobre o incidente [químico]”. Sergei Lavrov, ministro russo de Relações Exteriores, negou qualquer interferência de seu país nas investigações. “Posso garantir que a Rússia não alterou as provas que possa haver no lugar do suposto incidente”, declarou à BBC. O representante britânico na OPAQ, Peter Wilson, acusou também Damasco e Moscou de dificultarem o trabalho dos inspetores. O britânico também qualificou como “ridícula” a sugestão russa de que o “Reino Unido tinha contribuído para encenar um ataque químico falso” em Duma.
O diretor da OPAQ ressalta em se comunicado que conta “com todo o apoio do secretário-geral das Nações Unidas”, António Guterres. Também anunciou ter pedido à Organização Mundial da Saúde (OMS) que “compartilhe as informações que tenha recolhido graças a seus colaboradores no terreno”. De acordo com a OMS, dos cerca de 70 mortos no ataque em Duma em 7 de abril, 43 apresentavam quadros relacionados com substâncias tóxicas.
Foi justamente o trabalho da OPAQ em 2013, depois de vários ataques com armas químicas nos arredores de Damasco, que levou o regime de Assad a se comprometer a eliminar seu arsenal declarado, algo que realizou sob supervisão da ONU.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.
Mais informações
Arquivado Em
- OPAQ
- Síria
- Guerra na Síria
- Convenção armas químicas
- Armas químicas
- Tratados desarmamento
- Primavera árabe
- Guerra civil
- Tratados internacionais
- Revoluções
- Protestos sociais
- Armamento
- Mal-estar social
- Relações internacionais
- Rússia
- Oriente médio
- Defesa
- Conflitos políticos
- Ásia
- Europa Leste
- Organizações internacionais
- Guerra
- Europa
- Problemas sociais
- Relações exteriores