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Cinco policiais são detidos pela morte de 66 presos e duas mulheres na Venezuela

Entre os presos se encontra o subdiretor da Polícia do Estado onde ocorreu o incêndio em uma cadeia

Maolis Castro
Funeral de uma das vítimas da rebelião de Carabobo.
Funeral de uma das vítimas da rebelião de Carabobo.JUAN CARLOS HERNANDEZ (AFP)
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As investigações do Ministério Público apontam os oficiais da Polícia do Estado de Carabobo como responsáveis pelas mortes de 66 prisioneiros e duas mulheres durante um incêndio ocorrido na quarta-feira nas celas de uma delegacia na cidade de Valencia, próxima a Caracas.

Tarek William Saab, promotor designado pela chavista Assembleia Nacional Constituinte (ANC), informou no sábado a prisão de cinco oficiais, entre eles José Luis Rodríguez, subdiretor da Polícia de Carabobo, por serem supostamente culpados pelas mortes.

O relato dos parentes dos presos é fundamental. Muitos afirmam que falaram com os detentos por telefone antes e durante o incêndio. Daniela Ñata, esposa de um dos falecidos, acredita que os agentes provocaram as chamas nas celas. Seu marido, Endruver Torres, lhe pediu ajuda antes de morrer.

O fogo começou após uma rebelião em que um oficial da polícia foi ferido a tiros. Naybeth Leal, sogra de Jordan Martínez, um dos prisioneiros feridos, afirmou que muitos parentes das vítimas se aproximaram da entrada da delegacia após o incêndio para exigir respostas às autoridades. “Jogaram bombas em nós, fizeram todo mundo correr e até agora não sabemos muito”, disse.

Muitos dos presos morreram por asfixia. Carlos Alberto Nieto Palma, diretor da ONG Una Ventana por la Libertad (Uma Janela Pela Liberdade), explicou que dois detentos incendiaram colchões. “Tudo começou porque os presos tentaram sequestrar dois policiais. Como não puderam sequestrá-los iniciaram um protesto, em que queimaram colchões. Isso causou o incêndio”, afirma.

Sua ONG responsabilizou Iris Valera, ministra de Serviços Penitenciários, pela deterioração das prisões e celas na Venezuela, enquanto alerta que a lotação nos centros de detenção provisória chega a 300%, aproximadamente. “Há vários anos esse Ministério proíbe a entrada de novos detentos às prisões se não são autorizadas por eles e para que deem a autorização fazem exigências aos órgãos policiais e em muitos casos aos parentes impossíveis de se cumprir como comprar um kit que inclui colchonetes e uniformes, assim como objetos de uso pessoal”, explicou em um comunicado.

As rebeliões e massacres nas prisões são um drama interminável na Venezuela. Esse incêndio é o segundo mais catastrófico após o ocorrido na prisão de Sabaneta, no Estado de Zulia (ocidental), há mais de 20 anos, em que 108 pessoas morreram. Valera, conhecida por suas opiniões radicais, até agora não se pronunciou pelas mortes. Rafael Lacava, governador de Carabobo, criou um Conselho Superior de Segurança Estatal, coordenado pelo Poder Judiciário e o Ministério de Serviços Penitenciários, para “descongestionar” as cadeias policiais.

Não são descartadas novas prisões pelo incêndio. O EL PAÍS tentou sem sucesso contatar o diretor da polícia regional, José Aldama, para saber sua versão do incêndio.

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