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Escândalos sexuais abalam a principal universidade do México

UNAM demite professor após denúncias de assédio sexual e outro docente enfrenta acusação de pedofilia

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A principal universidade do México está no centro da polêmica por dois casos de agressões sexuais contra estudantes em sua rede de escolas de educação fundamental. Mario Ramos Andrade, professor da Escola Nacional Preparatória 9, foi acusado de estuprar uma aluna de 15 anos e enfrenta uma acusação de pedofilia agravada, informou na sexta-feira a Promotoria local. Na mesma semana, a Escola Nacional Preparatória 5 demitiu na segunda-feira o professor Ricardo Colín Hernández após denúncias de assédio sexual por parte de suas alunas.

As autoridades solicitaram uma ordem de prisão contra Ramos Andrade, que dava aulas de informática na Escola Preparatória 9 na região norte da capital mexicana. A promotoria encontrou elementos suficientes para levá-lo a julgamento, após uma denúncia penal feita pela mãe da vítima, de acordo com o jornal Milenio.

No caso de Colín Hernández, a UNAM decidiu demiti-lo após uma série de protestos na Escola Preparatória 5. Os alunos ocuparam as instalações da escola na segunda-feira para acabar com o assédio e as agressões que supostamente sofriam de Colín e outros professores. “Sem mais assédio!”, “Meu corpo não quer sua opinião”, “Eu também fui assediada”, podia-se ler nos cartazes dos estudantes, que penduraram bandeiras rubro-negras na fachada para declarar uma greve e bloquearam a pista da Avenida das Bombas, uma das mais movimentadas na região sul da Cidade do México.

“O professor Ricardo Colín Hernández estava sob investigação das autoridades universitárias, por acusações feitas previamente contra ele”, informou a UNAM em um comunicado. “As autoridades da Escola Nacional Preparatória continuarão apoiando as alunas e os alunos da instituição e dando-lhes o acompanhamento necessário”, disse a universidade. Colín, que dava aulas de História na Escola Preparatória 5, foi o único professor demitido até o momento.

Os protestos na Escola Preparatória 5 ecoaram em outras instituições da UNAM. Na faculdade de Filosofia e Letras começou na quinta-feira uma paralisação feminista em protesto por casos de violência de gênero contra as alunas. Usuárias nas redes sociais afirmaram que as denúncias, apresentadas por várias estudantes contra os docentes da faculdade, foram “ignoradas”, que existe um “acobertamento” dos abusadores e que o protocolo atual da universidade não protege adequadamente as vítimas.

“Não ocorreu nenhuma sanção (...) e houve duas ameaças de me tirar do doutorado, que foram cumpridas”, acusa uma estudante em um vídeo que circula nas redes. A faculdade respondeu que foi dado apoio jurídico e psicológico às estudantes que denunciaram e negou que exista cumplicidade para proteger os agressores. A UNAM também realiza uma campanha de comunicação social para evitar o machismo na Cidade Universitária, o maior campus da América Latina. Na faculdade de Ciências Políticas e Sociais também foi feita uma paralisação de 24 horas na sexta-feira contra os feminicídios e o assédio sexual na universidade. O maior estandarte da educação pública no México criticou, por escrito, a suspensão de aulas e pediu às Faculdades e Escolas em greve que voltem à vida acadêmica.

Em maio do ano passado, o corpo de Lesvy Berlín Osorio, de 22 anos, apareceu sem vida no campus principal. Seu pescoço estava amarrado com o cabo de um telefone público. Apesar dos indícios de um suposto feminicídio, as autoridades concluíram que a jovem se enforcou na frente de seu namorado, que foi preso e acusado de homicídio simples por omissão, diante das dúvidas da opinião pública. No México são denunciados por dia 80 crimes sexuais em alguma agência do Ministério Público do país e o 911, o telefone de emergências, recebe quase 300 ligações diárias relacionadas a incidentes de violência contra a mulher, de acordo com dados oficiais.

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