_
_
_
_

Governo Trump impõe sanções contra Rússia por interferência eleitoral e ciberataques

Washington penaliza 19 cidadãos e cinco organizações. Entre eles estão os acusados pelo promotor especial que investiga a trama russa

Putin e Trump, durante reunião em julho na Alemanha.
Putin e Trump, durante reunião em julho na Alemanha.Evan Vucci (AP)
Mais informações
Dentro da fábrica russa de mentiras
Ex-espião russo Sergei Skripal e a filha foram envenenados com “agente nervoso”

Em plena tensão internacional com o Kremlin, os Estados Unidos assumiram a liderança e lançaram seu golpe mais direto. O Departamento do Tesouro anunciou a imposição de sanções a 19 cidadãos e cinco empresas russas, tanto por sua participação na produção e divulgação de notícias falsas durante a campanha eleitoral de 2016 quanto por uma série orquestrada de ataques cibernéticos contra os principais setores da economia. A punição, o maior golpe dado até agora por Donald Trump contra Moscou, amplia a distância internacional em relação a Vladimir Putin a três dias da eleição presidencial russa.

O aviso da reação norte-americana havia sido dado. Há quase um mês, o promotor especial da trama russa, Robert Mueller, revelou a fábrica de notícias falsas e acusou 13 cidadãos e três empresas russas de terem construído uma gigantesca operação, batizada de Projeto Latkha, destinada a interferir nas eleições por meio da intoxicação das redes sociais e ativismo de base. Era a prova mais palpável até então da interferência e da capacidade de se sobrepor às leis estrangeiras.

Um caso que agora foi repetido com o envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal e de sua filha com gás nervoso em 4 de março, na cidade inglesa de Salisbury. Ataque que os EUA, França, Reino Unido e Alemanha consideraram em uma declaração conjunta "o primeiro uso ofensivo de um agente nervoso na Europa desde a Segunda Guerra Mundial" e "um ataque à soberania britânica" que "ameaça a segurança de todos".

Neste horizonte de Guerra Fria, os Estados Unidos escolheram o momento de acionar um morteiro que estava sendo preparado há dias e que havia sido alertado tanto pela porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, quanto pela embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley. Foi um disparo político sobre o caso que mais irritou a opinião pública norte-americana e que se tornou o antecedente mais claro de outras interferências russas no Ocidente. Mesmo assim, Trump, seguindo um costume que não deixa de suscitar suspeitas, conteve sua proverbial loquacidade e não disse nada sobre Putin nem sobre as sanções. No dia, até negou a principal e resumiu tudo a "uma invenção dos democratas".

As penalidades implicam o bloqueio das propriedades dos afetados nos EUA e a proibição de operar e fazer negócios no sistema dos EUA. Algumas das organizações punidas, como os serviços de espionagem russos e de inteligência militar, já estão sujeitas a represálias dos EUA por suas ações na Ucrânia. Entre os penalizados está Yevgeny Prigozhin, cérebro da interferência, um empresário russo que tem sob seu controle o financiamento do Kremlin e que é considerado um aliado de Putin.

"A Administração está enfrentando e lutando contra as atividades cibernéticas malignas da Rússia, incluindo suas tentativas de interferir nas eleições dos EUA, falamos de ataques cibernéticos destrutivos e intrusões que apontam para infraestruturas críticas", disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em um comunicado.

Um dos ataques cibernéticos, que Washington e Londres atribuem ao Exército russo, é o chamado NotPetya, que se originou em junho de 2017 na Ucrânia e se espalhou por boa parte do mundo, afetando o comércio mundial e a distribuição de medicamentos. É considerado o ataque cibernético mais destrutivo e caro da história.

Paralelamente, o Tesouro revelou que, desde março de 2016, os hackers ligados ao Kremlin tentaram atacar organizações governamentais dos EUA e setores essenciais da primeira potência mundial, como o de eletricidade, nuclear, água e aviação. Essa informação, até então desconhecida, sem dúvida alimentará o debate político nos EUA sobre as manobras desestabilizadoras da Rússia.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_