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Por que as figurinhas do álbum da Copa ficaram tão caras?

Em quatro anos, pacotes com cinco cromos que começam a ser vendidos nesta sexta dobraram de preço

Os álbuns, de capa dura e capa mole, da Copa da Rússia 2018.
Os álbuns, de capa dura e capa mole, da Copa da Rússia 2018.Reprodução
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A partir desta sexta-feira, 16 de março, começam a ser vendidos nas bancas de todo o Brasil os pacotes de figurinhas do álbum oficial da Copa do Mundo Rússia 2018, produzido pela editora italiana Panini. O álbum, que marca simbolicamente o início do clima de Copa e atrai diversas faixas etárias do público brasileiro, será distribuído em parceria com alguns jornais no domingo, 18 de março, mas só estará disponível nas bancas a partir de terça, 20 — a versão chamada de capa cartão, ou capa mole, sairá por 7,90 reais, enquanto a versão de capa dura só será vendida juntamente com 12 pacotes de cromos, por 49,90 reais o kit. Cada pacote, que contém cinco figurinhas, custará 2 reais; o dobro do preço em relação à Copa anterior, e quase o triplo comparado a 2010, quando o pacotinho saía por 75 centavos. Para completar o álbum neste ano, o colecionador, caso compre o álbum de capa mole e não tenha nenhuma figurinha repetida, precisará desembolsar ao menos 280 reais.

Para justificar o aumento de 100% do preço, o presidente da Panini no Brasil, José Eduardo Severo Martins, citou, em evento do lançamento do livro na última segunda (12), o valor dos contratos para os direitos de imagens de jogadores e federações, necessários para a publicação, e o custo de produção de figurinhas, feitas com materiais importados e pagos em dólar. “Tivemos um aumento do custo da licença [de contrato de imagem] e ela é muito cara. Temos que negociar com cada federação”, diz o presidente. Com exceção do Brasil, onde a negociação dos direitos de imagem é feita individualmente com cada jogador, as autorizações são expedidas pelas federações nacionais. “Além disso, o material [para a figurinha] é cotado em dólar, e o Brasil teve uma desvalorização cambial de 2014 para cá que nos forçou a ter esse aumento de preço”, explica Martins, que também reforça o fato de o mesmo pacote ser vendido na Itália, onde fica a outra fábrica da Panini, por um euro (hoje, cerca de quatro reais), valor em torno de 66% maior que em 2014, quando o preço era 0,60 euros (1,80 reais, na cotação da época). No primeiro semestre daquele ano, quando o álbum da Copa no Brasil foi lançado, o maior valor atingido pelo dólar foi de 2,43 reais, no fim de janeiro. Hoje, a cotação da moeda americana está em torno de 3,25 reais, aproximadamente 35% maior.

“Entendemos que é um aumento expressivo, mas é o preço que podemos fazer. Tivemos também um investimento na fábrica, em máquinas e pessoas”, completa o presidente. A fábrica da editora, localizada na Grande São Paulo, produz cerca de 40 milhões de figurinhas por dia, é a única na América Latina e tem sua distribuição própria para o país — onde, inclusive, também arca com os custos de escolta de seus caminhões após casos de roubo no Mundial passado. E o álbum de 2018 conta com 43 cromos a mais do que em 2014, outro fator que, segundo a Panini, colaborou para o aumento de custo e o consequente aumento do preço. “Foi uma briga danada para manter em dois reais”, comenta Adrien Duarte, diretor comercial da empresa. “Nossa ideia é democratizar e contribuir para que cada vez mais gente tenha acesso ao álbum”. “De quatro em quatro anos, é a nossa maior fonte de receita”, ressalta Martins.

Apesar da previsão otimista de lucros, a Panini deve sofrer com baixas em países que acabaram não se classificando para a Copa do Mundo, como Chile, Holanda e Itália. “Teremos entre 50% e 60% de queda nas vendas esperadas em países consumidores que não se classificaram, mas o fator coleção ainda impacta bastante”, explica Marcelo Adriano da Silva, gerente de marketing. O maior consumidor mundial do álbum de figurinhas da Copa é o Brasil, seguido pela Alemanha.

Figurinha de Neymar no álbum.
Figurinha de Neymar no álbum.Divulgação

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A publicação de 2018 apresenta algumas mudanças em relação à última, de 2014. Serão 18 jogadores por time, um a mais que o álbum anterior. Também foram acrescentadas páginas especiais com cartazes das cidades-sede e figurinhas de jogadores e seleções históricas da Copa do Mundo. Entre as seleções, a Inglaterra chamará a atenção dos colecionadores, Nas últimas edições, por não ter a licença da federação, a Panini improvisava a bandeira do país na figurinha brilhante e camisas brancas nos jogadores, mas agora, com a licença obtida pela editora, tanto o escudo da FA (Football Association) quanto o uniforme da seleção aparecem nas imagens.

Na seleção brasileira, os 18 nomes foram definidos a partir de pesquisas e consultas a jornalistas esportivos. São eles: Alisson, Marquinhos, Miranda, Thiago Silva, Marcelo, Daniel Alves, Filipe Luis, Casemiro, Fernandinho, Paulinho, Renato Augusto, Giuliano, Willian, Philippe Coutinho, Douglas Costa, Neymar, Firmino e Gabriel Jesus. “Fechamos a lista [dos 18] em dezembro e temos contrato com 30 atletas”, afirma Vilson Manfrinati, diretor da divisão de futebol da Panini; a editora promete atualizar os cromos em caso de mudança com a convocação oficial de Tite, que só sai em maio. Para ajudar na pesquisa, ainda foi lançado o “Escalômetro”, ferramenta que convida colecionadores a escolher seus 18 atletas do álbum e premia quem acertar a convocação definitiva. José Martins ainda tranquiliza aqueles colecionadores preocupados com a pouca frequência de figuras como Neymar e Messi nos pacotes se comparadas à de jogadores menos conhecidos de Panamá ou Arábia Saudita, por exemplo. “Não existe isso de figurinha difícil. Todas elas são impressas e envelopadas em números idênticos”, diz.

Latinhas de bolso, úteis para quem quer guardar sua pequena pilha de figurinhas repetidas, são outra invenção da Panini para 2018 — decoradas de acordo com a temática russa, elas só poderão ser adquiridas em kits específicos. A editora também terá espaços licenciados em shoppings por todo o país, que funcionarão como postos de troca, com decoração do Mundial, cumprindo papel semelhante ao das bancas de jornais.

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