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Trump apoia armar professores para evitar matanças nas escolas

Em reunião com pais de mortos e com alunos sobreviventes de ataques, presidente republicano promete mais controle de antecedentes, mas não restrições à compra

Amanda Mars
Anotações de Trump durante a reunião desta quarta-feira com os pais de vítimas e sobreviventes de massacres em escolas. Em quinto lugar ele escreveu: “Estou ouvindo vocês”.
Anotações de Trump durante a reunião desta quarta-feira com os pais de vítimas e sobreviventes de massacres em escolas. Em quinto lugar ele escreveu: “Estou ouvindo vocês”.Carolyn Kaster (AP)
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Os protestos contra as armas se sucedem nos Estados Unidos há uma semana, quando um colégio da Flórida foi o cenário da matança de 17 pessoas, e parecem ter acendido o pavio de um movimento mais amplo. A pressão fez com que Donald Trump, muito próximo da Associação Nacional do Rifle, se mostrasse aberto a algumas tímidas medidas de restrição, como melhores controles de antecedentes e a proibição de dispositivos que transformam um fuzil normal em uma pequena metralhadora. Mas nesta quarta-feira ficou claro que não haverá guinadas radicais na sua política, e que por enquanto nenhuma medida será destinada a frear o fenomenal mercado de armas civis. Num encontro com pai de jovens mortos em matanças, o presidente mostrou-se partidário de armar os professores como maneira de evitar esses recorrentes banhos de sangue.

O encontro de mais de uma hora foi transmitido ao vivo pela televisão, com Trump respondendo a pais que perderam seus filhos na quarta-feira passada em Parkland ou há cinco anos em Newtown (Connecticut), no massacre de crianças na escola primária Sandy Hook. E embora alguns jovens sobreviventes tenham exigido medidas contra as armas de assalto e questionado como é possível comprar armas de guerra sem nenhum requisito adicional, a maior parte das intervenções estava mais voltada para a melhoria da segurança das escolas do que em frear o fluxo de armas.

“Estou chateado. Nunca mais voltarei a ver minha filha. Ela não está mais aqui. Isto agora não tem a ver com leis sobre armas. Vamos primeiro arrumar os colégios. Vamos nos unir ao presidente e arrumar os colégios”, disse Andrew Pollack, pai de uma adolescente que morreu na semana passada na Escola Marjory Stoneman Douglas, atingida por nove disparos efetuados por Nikolas Cruz, o garoto de 19 anos que causou a enésima tragédia desse tipo nos Estados Unidos. Frederick Abt, pai de outro aluno da instituição, propôs que houvesse pessoas armadas dentro dos centros educativos para poder frear assassinos como Cruz antes da chegada das forças de segurança, que sempre demoram pelo menos seis a oito minutos, uma eternidade quando há um louco com um rifle semiautomático.

Foi então que o presidente defendeu a ideia. “É algo que certamente discutiremos”, disse Trump. “Se o treinador [que morreu agindo como escudo para proteger seus alunos] tivesse tido uma arma no seu armário quando foi atrás desse sujeito, teria atirado nele, e teria sido o final disso”, prosseguiu. A possibilidade de manter pistolas, afirmou, “seria para gente apta, para o professor levar oculta consigo; teriam um treinamento especial, e já não seria mais um lugar sem armas”. Contra as armas, mais armas.

Em contraste com essa colocação e as de outras vítimas, o jovem Samuel Zeif, aluno de 18 anos do colégio de Parkland, clamava entre lágrimas por mais controle na compra de armas. “Despertei com a notícia de que meu melhor amigo tinha morrido, e não entendo como eu ainda posso ir a uma loja para comprar uma arma de guerra. Um rifle de assalto. Como é tão fácil para mim comprar esse tipo de arma? Por que não paramos isto depois de Columbine [matança de 1993]? Depois da Sandy Hook [tiroteio na escola primária em 2012]?”, disse. “Defendo a Segunda Emenda [da Constituição], o direito a se defender, mas essas são armas de guerra, não para se defender”, salientou.

Trump prometeu que a partir de agora “os controles de antecedentes serão muito fortes”, para que possam evitar que criminosos obtenham pistolas ou rifles. O sistema atual tem várias deficiências, como o fato de que as lojas têm três dias para comprovar os antecedentes de um comprador, mas são obrigadas a fazer a venda se não receberem os dados após esse prazo. Além disso, essa obrigação não se aplica à compra e venda entre particulares ou nas feiras de armas.

No dia anterior, Trump também assinou uma ordem em que insistia ao Departamento de Justiça para que proíba a venda de peças (chamadas bump stock) que transformam armas semiautomáticas em automáticas, ou seja, fazem um rifle normal funcionar quase como uma metralhadora. É uma medida à qual nem os republicanos nem a Associação de Rifle se opõem. Mas não representaria uma mudança substancial para um país com mais de 300 milhões de armas nas mãos de civis, onde um terço da população adulta tem pelo menos uma.

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