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FMI eleva projeção de crescimento do Brasil, mas eleição ainda é fator de risco

Fundo destaca “firme recuperação" da atividade brasileira. Estimativa para este ano é de crescimento de 1,9%

Diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em Davos.
Diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em Davos. LAURENT GILLIERON (EFE)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a estimativa de crescimento do Brasil neste ano. A previsão é que a economia brasileira avance 1,9%, o que representa um aumento de 0,4 ponto percentual em relação à última estimativa do fundo, que foi anunciada em outubro. Para 2019, o FMI também calcula uma projeção mais otimista, de uma expansão de 2,1% da atividade brasileira, numa melhora de 0,1 ponto percentual em comparação ao relatório de outubro.

Os novos números, de acordo com o FMI, são fruto da recuperação "mais firme do Brasil", que também colabora para fortalecer o desempenho da América Latina, principalmente em 2019. O México e, em menor grau, o Brasil, são as surpresas positivas na região, que nos últimos anos ficou muito aquém do seu crescimento potencial. A zona crescerá 1,9% em 2018 (em linha com as previsões anteriores do FMI) e 2,6% em 2019 (0,2 ponto percentual a mais do que o previsto em outubro).

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"Esta mudança", destacam os técnicos do Fundo, "reflete as melhores perspectivas para o México, que se beneficia de uma demanda mais forte nos EUA; a firme recuperação no Brasil; efeitos favoráveis de preços mais altos das matérias-primas e condições de financiamento mais simples em alguns países exportadores de commodities". A revisão para cima nas estimativas para a primeira e segunda economias do subcontinente "mais do que compensa" o corte das previsões de uma economia que não se recupera, nem mesmo com um preço de petróleo bruto significativamente mais alto do que nos anos anteriores: a da Venezuela .

Mesmo com números mais positivos, o Brasil crescerá menos do que o resto do mundo. O FMI calcula que a economia global vai ter expansão de 3,9 por cento tanto em 2018 quanto em 2019. Comparado com o desempenho dos países emergentes e em desenvolvimento, o resultado do Brasil fica ainda pior. Para esse grupo, o FMI projeta expansão de 4,9 por cento em 2018 e 5 por cento em 2019.

O relatório do fundo ressalta ainda que Brasil, Colômbia, México e Itália estão sujeitos a "incertezas políticas" com eleições de novos governos no curto prazo e que podem impor "riscos à adoção de reformas".

México, a melhor revisão do FMI

O início de 2018 no México começa a se parecer muito, pelo menos economicamente, aos primeiros compassos do anterior. Após um fim de ano marcado pelas flutuações da taxa de câmbio entre o peso e o dólar, o marca-passos mais fiel da economia mexicana, influenciadas pela maior incerteza em torno do futuro do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA), pelos dados da inflação em trajetória de alta e de crescimento mais fraco do que o esperado no segundo semestre de 2017, o México recupera o ritmo em meio a um mar questões não resolvidas: o resultado da renegociação do TLC e as próximas eleições presidenciais.

Pelo menos no papel: em suas últimas previsões globais publicadas nesta segunda-feira, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou significativamente a estimativa de crescimento do México para 2018 (até 2,3% em relação aos 1,9% da previsão anterior, de outubro) e para 2019 (até 3%, 0,7 ponto percentual a mais). A revisão para cima para o próximo ano é a maior entre as principais economias do mundo, acima dos Estados Unidos e da Arábia Saudita (0,6 ponto percentual em ambos os casos, impulsionados, respectivamente, pela reforma fiscal republicana e pelo aumento dos preços do petróleo).

Para o ano em curso, o Fundo continua considerando a renegociação do TLC entre os EUA, México e Canadá como um dos maiores riscos que ameaçam a expansão da economia mundial em 2018. Entre outros riscos, o FMI também destaca as eleições de julho, quando o México escolherá seu novo presidente em uma das disputas mais acirradas das últimas décadas. Ambos os fatores -- se Washington de fato sair do tratado, algo extremo que parece mais distante hoje do que há apenas duas semanas, e a vitória de um candidato considerado "antimercado" pelos investidores -- devem pesar negativamente sobre a economia mexicana. Tudo está no ar.

No entanto -- e ao contrário da maioria das leituras internas no México sobre a reforma tributária regressiva da Administração Trump, que acaba de anunciar um corte dos impostos corporativos de 35% para 21% e redução da carga tributária para os que possuem rendas mais altas --, a instituição comandada por Christine Lagarde vê na redução de impostos mandatória uma vantagem para o país latino-americano. "Espera-se que a reforma fiscal dos EUA e seu estímulo associado aumentem temporariamente o crescimento dos EUA com efeitos indiretos sobre a demanda de seus principais parceiros comerciais -- especialmente Canadá e México -- durante esse período", destaca o documento publicado nesta segunda-feira.

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