_
_
_
_

Os Amish ganham disputa com o mundo moderno

Tentativa de submeter as carroças a cavalo à regulamentação de veículos a motor se choca com uma recusa frontal da comunidade religiosa em Wisconsin, nos EUA

Carroças a cavalo utilizadas pelos Amish.
Carroças a cavalo utilizadas pelos Amish.Chuck Rupnow (AP)
Mais informações
Fazendas amish escondem segredo da asma infantil
Nação de visionários: comunidades indígenas criam um Governo autônomo na Amazônia peruana
Visitar (e ajudar) povoados ancestrais do Vale Sagrado

A batalha começou há duas semanas, quando as autoridades de um pequeno condado de Wisconsin, nos EUA, propuseram colocar as carroças a cavalo, utilizadas pelo grupo religioso Amish, sob as regulamentações dos veículos a motor. O argumento era que obrigando-os a obter uma licença para dirigir e utilizar cintos de segurança e espelhos retrovisores, os acidentes de trânsito e as vítimas fatais se reduziriam. Mas para os líderes Amish consideraram que essa moção invadia seus valores tradicionais, de acordo com declarações recolhidas em diversos veículos da imprensa local, e ameaçaram com um êxodo caso a lei não fosse retirada. Na semana passada, o conselho local descartou a proposta.

O objetivo inicial era a segurança das vias. Desde 2009, nove pessoas morreram – três delas no último ano – no condado de Wood por acidentes relacionados às carroças a cavalo da comunidade religiosa. Mas a proposta, que começou ao pedir luzes nas carroças, acabou incluindo uma longa lista de exigências incompatíveis à vida simples dos Amish, uma comunidade com mais de 300.000 pessoas nos Estados Unidos. A lei também contemplava a contratação de um seguro para a carroça, a instalação de para-brisas e cadeirinhas para as crianças. Os maiores de 16 anos deveriam ser aprovados em um exame teórico para poder circular.

O que para as autoridades era um assunto pragmático, para os Amish foi uma questão fundamental, que atentava contra seu modo de vida rural, afastado das tecnologias e dos avanços. Em uma reunião no conselho local, numerosos críticos chamaram a proposta de “estúpida” e “disparatada”. Um ameaçou processar os responsáveis pela iniciativa na União de Liberdades Civis dos EUA caso ela fosse aprovada. Outros ameaçaram mudar-se a outro condado. A pressão surtiu efeito e os Amish obtiveram uma grande vitória.

“Acho que eventualmente surgirá outra resolução que obrigue as carroças a cavalo a instalar algum tipo de luz”, afirmou à imprensa local Lance Pliml, o presidente do conselho local que cedeu à oposição Amish. Também admitiu que várias das exigências da proposta saíam do objetivo inicial: melhorar a segurança para os Amish e o restante da população.

Os Amish, que seguindo suas tradições educam seus filhos em colégios exclusivos para membros de sua comunidade, não conhecem muito bem as leis de trânsito, o que preocupa os políticos locais. Diante do bloqueio da medida, Pliml pediu como solução a curto prazo que as escolas da comunidade ensinem regras básicas como o significado de uma faixa dupla amarela no asfalto. “Existem crianças de menos de 10 anos que dirigem as carroças a cavalo e não sabem o que significa um Stop (Pare, em inglês)”, afirmou o político.

Os políticos abordarão o assunto nos próximos meses com o objetivo de encontrar um meio termo que permita reduzir as vítimas fatais nas estradas do condado. “É um diálogo muito cívico, nos permite saber o que as pessoas acham sobre a questão e nos ajudará a ter discussões melhores no futuro”, afirmou Pliml após a reunião na qual a proposta foi recusada. Mas para os Amish, alguns dos quais a interpretaram como uma tentativa de expulsá-los de suas terras, não existirá muita flexibilidade na hora de negociar.

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo

¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?

Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.

¿Por qué estás viendo esto?

Flecha

Tu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.

Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.

En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.

Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_