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Maduro anuncia criação de criptomoeda na Venezuela para “vencer o bloqueio financeiro”

Presidente venezuelano diz que a moeda digital será lastreada pelas reservas de “ouro, petróleo, gás e diamante”

Maolis Castro
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro
O presidente da Venezuela, Nicolás MaduroFEDERICO PARRA (AFP)

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou neste domingo a criação de uma criptomoeda (moeda digital, semelhante ao Bitcoin), batizada de Petro, que servirá para efetuar transações financeiras no exterior e combater o suposto “bloqueio” econômico contra o seu país.

O líder venezuelano detalhou que a nova moeda digital será lastreada pelas reservas venezuelanas de petróleo, diamantes e outros minerais. “Vai se chamar Petro. Ela vai nos permitir avançar para novas formas de financiamento internacional do desenvolvimento econômico e social do país”, disse Maduro durante seu programa dominical de televisão e rádio.

Manuel Quevedo, ministro do Petróleo e novo presidente da estatal petroleira PDVSA, foi encarregado de coordenar a equipe que implantará a criptomoeda na Venezuela. Maduro determinou a criação, além disso, do Observatório do Blockchain, uma instituição que controlaria as transações com a moeda digital, proporcionando uma “base institucional, política e jurídica” para o Petro.

O chefe de Estado atribuiu o agravamento da crise venezuelana às sanções financeiras impostas a dirigentes chavistas pelos governos dos Estados Unidos e do Canadá, a uma “guerra econômica” de empresários e opositores e a ex-gerentes da PDVSA recentemente acusados de corrupção. Há três semanas, as agências Fitch e Moody’s declararam que a petroleira havia suspendido o pagamento das suas dívidas, enquanto a produção petroleira caiu aos níveis registrados no final dos anos oitenta.

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O controle da indústria energética, que atravessa uma profunda crise sistêmica, foi entregue a militares fiéis ao regime depois das detenções, há alguns dias, de gerentes da PDVSA, entre eles seus ex-presidentes e ex-ministros de Petróleo Eulogio del Pino e Nelson Martínez, e de outros altos funcionários da Citgo, filial da estatal venezuelana nos Estados Unidos. “Tem bandidos terríveis que terminam como protegidos do Governo dos Estados Unidos. Isso sim, alguns se protegem e dizem que são chavistas”, afirmou Maduro.

A onda de prisões foi direcionada contra aliados de Rafael Ramírez, embaixador da Venezuela na ONU e presidente da PDVSA durante o mandato de Hugo Chávez. Seu primo Diego Salazar Carreño foi detido na sexta-feira passada por suposto envolvimento na trama de corrupção dos bancos de Andorra.

Maduro antecipou que foram localizadas obras de artes avaliadas em mais de três milhões de reais e outros bens milionários durante buscas na residência de Salazar em Caracas. “Eu disse ao (vice-presidente Tareck) Al Aissami para que se proceda à entrega desses recursos. Algumas dessas obras irão a galerias para que o povo as tenha, outras serão destinadas a recuperar os recursos… Essa grana é do povo. Ladrões, ladrões! Tem que tirar todos os bens deles, todos”, acrescentou.

O governo da Venezuela anunciou uma revisão de contratos assinados pela antiga direção da empresa petroleira com 272 companhias.

Quevedo, general de alta patente da Guarda Nacional, e outros comandantes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) se tornaram os novos czares do petróleo venezuelano. “Aqui não vão chegar mais contratos avalizados pelo conselho diretor para, como fizeram em algumas ocasiões, continuar saqueando a indústria petroleira que é do povo”, alertou o ministro do Petróleo e presidente da PDVSA.

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