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Em ‘Meu Corpo é Político’, a vida de quatro transgêneros é normal (mas não fácil)

Documentário foge de estereótipos ao retratar vida de quatro transgêneros na periferia de São Paulo

Giu Nonato, uma das quatro personagens do filme ‘Meu Corpo é Político’.
Giu Nonato, uma das quatro personagens do filme ‘Meu Corpo é Político’.Divulgação
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Paula Beatriz é diretora de uma escola pública. Giu Nonato, uma jovem fotógrafa vivendo uma fase de transição em sua vida. Linn da Quebrada é atriz, cantora e professora de teatro. Fernando Ribeiro, um estudante e operador de telemarketing. Os quatro, retratados no documentário Meu Corpo É Político, primeiro longa-metragem da diretora Alice Riff, têm em comum duas coisas: são moradores de periferia de São Paulo e transgênero. O filme, ao contrário do que seu nome pode sugerir em um primeiro momento, contudo, não é virulento, mas de uma leveza cotidiana, ordinária mesmo. Paula organiza filas de estudantes de acordo com a van que eles tomarão para voltar para casa; Giu escreve em seu diário; Linn orienta seus alunos de teatro; Fernando faz atendimentos pelo telefone em seu trabalho.

“Imagino que, quando as pessoas vão ao cinema, elas chegam com uma bagagem de conceitos pré-estabelecidos, uma expectativa sobre o universo transgênero, que não se confirma”, diz Alice. No Brasil, segundo estatísticas de ONGs com atuação no universo LGBT, a expectativa de vida uma pessoa transgênero é de 35 anos. A violência, assim, é uma constante no cotidiano de mulheres e homens trans. O filme não esconde essa violência, mas busca, nas palavras da diretora, oferecer outra referência. Uma referência em que o ordinário se transforma em extraordinário. “Quantas trans você já viu ocupando a direção de uma escola? Ao retratar a Paula trabalhando, o filme mostra uma forma diferente de se olhar para essa população, que não está na TV e nem no senso comum”, diz Alice.

Vencedor de um prêmio no festival de cinema LGBT de Torino, na Itália, onde estreou em abril, e de outro no Festival Internacional de Cinema de Curitiba, o filme não se limita a mostrar o cotidiano dos quatro personagens, mas também revela um universo efervescente em que cultura e militância se misturam. Não à toa, o documentário foi feito durante a segunda edição do Festival Periferia Trans, que acontece no Grajaú, bairro periférico na Zona Sul de São Paulo, e reuniu shows, mesas de debate e apresentações artísticas durante mais de uma semana. “Há uma movimentação muito recente e grande transgênero. Eles não estão só ocupando espaços, mas também têm suas referências artísticas e políticas, como a própria Linn da Quebrada, que é cantora, e a Luiza Coppieters, que foi candidata a vereadora pelo PSOL”.

E por que o corpo é político? “Em uma das cenas, por exemplo, a Giu faz planos para seu futuro enquanto caminha com os amigos na Avenida Paulista, que já foi palco de inúmeros ataques a pessoas LGBT. Ela estar ali, com seu corpo, apesar da violência, é um ato político em si”, argumenta Alice. Conseguir mudar de nome sem precisar passar por um processo judicial, ter acesso à educação e a empregos estáveis são as três reivindicações básicas das pessoas trans. Ocupar os espaços públicos de atuação cultural e política com seus corpos e identidades tem sido o caminho mais eficaz para alcançar esses objetivos. “Ninguém que não seja negro e transgênero, como é o caso de três dos personagens retratados no filme, vai entender a dimensão da violência e dificuldade vivida por eles”, comenta Alice. “Mas ao retratá-los, sem estigmatiza-los, abre-se um espaço de aproximação que é necessário para que se possa iniciar qualquer conversa”.

Onde assistir?

São Paulo

Rio de Janeiro

Porto Alegre

Salvador

Aracaju

Belo Horizonte

Niterói

IMS – Instituto Moreira Sales
30/11 – quinta, 14:00 | 15:30
01/12 – sexta, 15:30
03/12 – domingo, 18:30
05/12 – terça, 14:00 | 15:30
06/12 – quarta, 14:00 | 16:00

CINESESC
30/11 – quinta, 19:30 | 21h
01/12 – sexta, 19:30 | 21h
02/12 – sábado, 19:30 |21h
03/12 – domingo, 19:30 | 21h
04/12 – segunda, 19:30
05/12 – terça, 19:30
06/12 – quarta, 19:30

CAIXA BELAS ARTES
30/11 – quinta, 18:30
01/12 – sexta, 18:30
02/12 – sábado, 18:30
03/12 – domingo, 18:30
04/12 – segunda, 18:30
05/12 – terça, 18:30
06/12 – quarta, 18:30

IMS – Instituto Moreira Sales
30/11 – quinta, 16:30 | 18:00
01/10 – sexta, 16:30 | 18:00

CINEMA – Estação Net Botafogo
30/11 – quarta, 21:30
01/12 – quinta, 21:30
02/12 – sábado, 21:30
03/12 – domingo, 21:30
04/12 – segunda, 21:30
05/12 - terça, 21:30
06/12 – quarta, 21:30

CINE ODEON
30/11 – quinta, 16:20
01/12 – sexta, 16:20
05/12 - terça, 16:20 | 20:30
06/12 – quarta, 16:20 | 20:30

CINEBANCÁRIOS
30/12 – quinta, 15:00 | 19:00
01/12 – sexta, 15:00 | 19:00
02/12 – sábado, 15:00 | 19:00
03/12 – domingo, 15:00 | 19:00
04/12 – segunda, 15:00 | 19:00
05/12 – terça, 15:00 | 19:00
06/12 – quarta, 15:00 | 19:00

SALADEARTE CINEMA DO MUSEU
30/11 – quinta, 17:50
01/12 – sexta, 17:50
02/12 – sábado, 17:50
03/12 – domingo, 17:50
04/12 – segunda, 17:50
05/12 – terça, 17:50
06/12 – quarta, 17:50

CINE VITÓRIA
01/12 – sexta, 18:00
03/12 – domingo, 18:00

CENTO E QUATRO
01/12 – sexta, 20:40
02/12 – sábado, 19:00 | 20:40
05/12 – terça, 19:00 | 20:40
06/12 – quarta, 19:00 | 20:40

CINE ARTE UFF
02/12 – sábado, 21h10
04/12 – segunda, 21h10
06/12 – quarta, 21h10

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