_
_
_
_
_

Maduro amplia poder militar na cúpula do regime

As últimas nomeações do presidente venezuelano refletem um aumento do controle do chavismo em setores estratégicos

O novo presidente da PDVSA, Manuel Quevedo, em uma foto oficial.
O novo presidente da PDVSA, Manuel Quevedo, em uma foto oficial.
Mais informações
Apesar das farpas, negócio do petróleo entre Venezuela e EUA não para
Secretário de Comércio de Trump mantém negócios com a Rússia e a Venezuela
Após sanções impostas por Trump, Maduro pede “julgamento histórico” a líderes da oposição

No domingo, Nicolás Maduro deu mais um passo para garantir o controle absoluto do setor mais estratégico da Venezuela. O presidente anunciou uma remodelação na cúpula da PDVSA, a companhia estatal de petróleo. Designou Manuel Quevedo, general da Guarda Nacional, como novo presidente da empresa e ministro do Petróleo, e nomeou outros três militares para as pastas de Comércio Exterior, Habitação e Transportes, o que representa um aumento do poder militar.

As decisões de Maduro refletem uma significativa transferência de poder para o aparato militar em um momento em que o chavismo procura fortalecer seu domínio sobre as instituições e setores fundamentais da devastada economia local. O líder bolivariano, obcecado pelas traições ao regime, quer cercar-se de dirigentes leais, especialmente nos setores que mantêm relações com os Estados Unidos ou outros países que o Governo venezuelano costuma considerar como o “inimigo externo”.

A nomeação aconteceu cinco dias depois que Tarek William Saab, procurador-geral investido pela Assembleia Nacional Constituinte, anunciou a prisão de seis altos funcionários da Citgo, subsidiária da PDVSA nos Estados Unidos, por supostos atos de corrupção e “traição à pátria”.

A ascensão de um militar na PDVSA – declarada em suspensão de pagamentos pelas agências de classificação Fitch e Moody’s – se choca, no entanto, com a maior urgência da companhia de petróleo, isto é, a melhoria da gestão. O perfil do general Quevedo, que ganhou prestígio junto a Maduro por reprimir os protestos da oposição em 2014, não é o do típico diretor. Tampouco possui experiência nesse setor fundamental para a Venezuela, que atravessa um dos anos mais difíceis de sua história recente.

Até domingo passado, Quevedo serviu como ministro da Habitação, entre outros cargos relacionados com programas sociais. Dentro do chavismo, ele é próximo de Diosdado Cabello, ex-presidente da Assembleia Nacional e um dos líderes mais radicais do chavismo. E, de acordo com afirmações de fontes da empresa à agência Reuters, estará cercado de outros militares em seu novo cargo.

Em meados de outubro, a produção de petróleo caiu para níveis registrados pela última vez no fim da década de oitenta. Essa tendência explica em boa medida as complicações que a economia local atravessa, já que o petróleo contribui com 96% da receita em moeda estrangeira.

À beira da falência

A intervenção na PDVSA é evidente desde agosto. Saab anunciou a prisão de 50 gerentes da empresa por possíveis irregularidades nos últimos três meses. É uma mudança de rumo na estatal que foi dirigida entre 2004 e 2014 por Rafael Ramírez, atual representante da Venezuela na Organização das Nações Unidas, e por outros homens com tradição na companhia.

Na quinta-feira, Argenis Chávez, primo do falecido presidente Hugo Chávez, fora encarregado de dirigir a Citgo. Maduro apela para a reestruturação como uma promessa de despertar econômico em um país à beira da falência.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_