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“Hoje perdemos a nossa filha de 14 anos”

A adolescente Annabelle é a primeira vítima identificada do massacre no Texas

Amanda Mars
O governador do Texas, Greg Abbott, consola uma moradora de Sutherland Springs.
O governador do Texas, Greg Abbott, consola uma moradora de Sutherland Springs.SUZANNE CORDEIRO (AFP)
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A tragédia apanhou o pastor Frank Pomeroy e sua mulher, Sherri, longe da cidadezinha. Ambos estavam viajando separadamente quando, por volta de 11h20 deste domingo (hora local), Devin Kelley entrou no pequeno templo batista de Sutherland Spring (Texas), no meio de um culto, e matou mais de 20 pessoas. Entre elas estava Annabelle. “Hoje perdemos a nossa filha de 14 anos e muitos amigos. Nenhum de nós conseguiu chegar à cidade ainda para ver pessoalmente a devastação”, afirmou a mulher à rede NBC pouco depois do ocorrido.

A adolescente Annabelle se tornou assim a primeira vítima identificada do massacre, cuja contagem de corpos, por volta das 23h (hora de Brasília), já chegava a 26, além de 20 feridos. Há vários menores entre os mortos, crianças que acompanhavam suas famílias na tradicional celebração das manhãs de domingo. À tarde, as autoridades ainda não haviam informado os nomes das vítimas, apenas que suas idades variavam de 5 a 72 anos.

A angústia invadiu os moradores que tinham pessoas próximas na igreja, um lugar muito familiar e com poucos fiéis. Ao ouvirem como o saldo de vítimas ia crescendo hora após hora, essas pessoas sentiam que aumentava exponencialmente as chances de que algum parente ou amigo tivesse sido alvejado. Era o caso de Regina Rodriguez, uma mulher que logo depois do massacre se aproximou do cordão de isolamento policial e contou à Associated Press que seu pai, Richard, frequentava esse culto todos os domingos. “Acho que acabo de perder o meu pai”, disse.

Nick Uhlig, de 34, relatou, também à AP, que seus primos estavam na celebração na hora do ataque e, segundo as primeiras notícias, pelo menos um deles, uma mulher grávida e mãe de outras três crianças, estava entre os mortos. Outra fiel, Sandy Ward, relatou que sua nora e três de seus netos haviam sido alvejados. Um dos pequenos, de cinco anos, levou quatro tiros e estava sendo operado na noite de domingo, segundo o The New York Times.

A Primeira Igreja Batista, como se chama o templo manchado de sangue neste domingo, é a típica igreja evangélica rural norte-americana, com paredes brancas e telhado marrom. Sua comunidade é pequena, mas com gente jovem e ativa, a julgar pelos vídeos de cultos publicados no seu próprio canal do YouTube. O último deles é de 29 de outubro. Começa com uma canção chamada A Felicidade É o Senhor, acompanhada por dois jovens que tocam guitarras. Diante do altar, há uma moto parada. O pastor diz no seu sermão que “da mesma maneira que se inclinar em uma curva pode parecer que não faz sentido, inclinar-se para Deus deveria ser nosso caminho, porque ele tem tudo resolvido, embora nós não tenhamos”.

Os bancos que aparecem nesses vídeos estavam revirados neste domingo. Kevin Jordan, um enfermeiro do povoado que correu para se refugiar em casa quando ouviu os tiros, se dirigiu rapidamente à igreja assim que os disparos cessaram, para tentar ajudar os feridos. Lá chegando, segundo seu relato ao The Washington Post, encontrou o local cheio de corpos e de sangue. Teve que sair. “Entrei e saí, não consegui aguentar”, disse. “Sou auxiliar médico, mas isso não prepara você para uma coisa dessas.”

Devin P. Kelley, que morava nos arredores, matou 23 de suas vítimas dentro da própria igreja. Duas foram abatidas fora do templo, e outra perdeu a vida quando era levada ao hospital. Um dos moradores da pequena cidade o perseguiu durante a fuga e conseguiu atingir o atirador com um disparo. Kelley foi achado morto pouco depois, com vários tiros. No final do domingo, ainda não estava claro se havia morrido por causa desses ferimentos ou se cometera suicídio.

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