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Macri vence eleições legislativas e acumula enorme poder na Argentina

Coalizão do presidente vence em quase todo o território, tornando-se o novo eixo central da política. Cristina Kirchner perdeu na província de Buenos Aires, onde se apresentava como candidata

Mauricio Macri, presidente argentino, comemora vitória histórica
Mauricio Macri, presidente argentino, comemora vitória históricaDavid Fernandez (EFE)

Mauricio Macri acumulará depois das eleições legislativas deste domingo um enorme poder na Argentina. Quase total. Sua coalizão, Cambiemos (Mudemos, em português), se tornou o centro do poder no país com uma vitória acima das expectativas, substituindo, dessa forma, o peronismo como eixo central da política argentina. As vitórias em cinco grandes distritos colocam Macri em uma posição de poder inédita desde 1985, a última vez que um não peronista, Raúl Alfonsín, conseguiu arrasar em umas eleições legislativas de meio mandato. A legenda do presidente ganhou inclusive na província de Buenos Aires, onde a ex-presidenta Cristina Fernández de Kirchner se apresentava como candidata ao Senado. Sua derrota pode marcar o início do fim de sua exitosa carreira política.

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A festa no bunker Macrista, em Buenos Aires, começou já nos primeiros minutos da recontagem de votos. O silêncio imperava no lugar onde se concentravam os kirchneristas, que esperavam uma reviravolta de última hora.

Nada parece parar a onda a favor de Macri que se formou nos últimos meses na Argentina. Nem a crise econômica, que ainda golpeia os setores mais vulneráveis da sociedade, que segue sofrendo a pior inflação da América Latina depois da Venezuela, nem a descoberta do cadáver de Santiago Maldonado, o último desaparecido argentino. A população, especialmente a classe média urbana, parece decidida a dar uma oportunidade a Macri depois de 13 anos de kirchnerismo.

O presidente começou seu mandato em 2015 com uma vitória de menos de três pontos percentuais e uma clara minoria no Parlamento. Mas pouco a pouco, com erros e altos e baixos, além de um 2016 com péssimos dados econômicos e aumento da pobreza, foi impondo sua agenda de mudança. Este apoio das classes médias urbanas e também de uma parte das classes baixas, antes o coração do voto peronista, fez com que Macri ganhasse em Córdoba, Santa Fe, Menzonza, a província de Buenos Aires e na capital, seu feudo natural. Mas ainda mais surpreendentes são as vitórias em lugares como Salta, onde governa uma das promessas de renovação do peronismo, Juan Manuel Urtubey. Também em Chaco e La Rioja, onde se apresentava o histórico cacique local e ex-presidente Carlos Menem. O Kirchnersmo resiste em algumas províncias empobrecidas, com exceção de San Luis, onde os históricos caciques locais, os Rodríguez Saá, conseguiram ganhar contra o prognóstico. Macri arrasou até em Santa Cruz, a terra dos Kirchner.

Cristina Kirchner, grande protagonista da campanha com sua decisão de voltar a conceder entrevistas, parecia derrotada após as últimas pesquisas de opinião. Mas na reta final apareceu o caso de Santiago Maldonado, que comoveu o país. A descoberta do cadáver deste jovem de 28 anos, que desapareceu durante uma operação policial que reprimia os mapuches, na Patagônia, desarmou todas as provisões e fez com que o kirchnerismo sonhasse com reverter a tendência anunciada pelas pesquisas. Mas ainda que Cristina ganhasse em Buenos Aires, o êxito de Macri no resto do país foi tão grande que seu domínio na política argentina será quase total nos próximos meses, a não ser que cometa algum erro ou haja alguma situação econômica inesperada que complique seu Governo.

A jornada deste domingo começou com sol em quase todo o país, fazendo com que a votação fosse mais tranquila que o esperado em um dia chave para ver se a Argentina consolidava o giro iniciado em 2015 ou se a ex-presidenta se reafirmava como grande líder da oposição e se preparava para tirar Macri do poder. Inclusive em Río Negro, a província onde Maldonado morreu e onde nos dias anteriores houve muita tensão, a votação foi tranquila. Ainda assim, a comoção não desapareceu. Muitos argentinos foram votar vestidos de preto como forma de luto e protesto pela morte de Maldonado durante a operação policial.

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