_
_
_
_
_

Esta corrente humana conseguiu salvar uma escola em chamas na Galícia

“As pessoas agiram da forma mais simples e democrática possível”, diz o autor da foto

Uma corrente humana enfrenta as chamas em Pontevedra / Delmi Álvarez
Héctor Llanos Martínez
Mais informações
A foto que viralizou dos heróis que lutam contra o incêndio em Portugal
Incêndios na Califórnia já deixam 31 mortos e 3.500 casas destruídas
Incêndio no sul da França força retirada de 10.000 pessoas

Pelo menos quatro pessoas morreram devido a uma onda incêndios em várias partes da Galícia. Em certas áreas, a urgência é tanta que a polícia está pedindo voluntários. O fotógrafo Delmi Álvarez registrou, na tarde de domingo, a imagem de um grupo de pessoas formando uma corrente humana em Vincios (Pontevedra). O grupo tentava controlar o fogo com baldes de água para proteger uma escola próxima. “As pessoas agiram da forma mais simples e democrática possível. Colocaram mãos à obra quase sem pensar e sem esperar uma ajuda que não chegava”, disse Álvarez, autor da foto, ao EL PAÍS.

Álvarez capturou o que ocorria com sua câmera e enviou as imagens para o jornal. A primeira delas, feita com seu celular, foi publicada em seu perfil do Twitter, e vários usuários compartilharam a imagem para ilustrar os incêndios na Galícia. Entre eles, a prefeita de Barcelona, Ada Colau.

Trad: Muito ânimo à gente que defende a terra, como defendeu o mar, da destruição e a avareza

“Tudo aconteceu muito rápido. Começou a fazer muito calor, e foram declarados incêndios em toda a província de Pontevedra. A situação era caótica. Com a seca na região, as muxicas [chispas] que caíam em zonas secas provocavam novos incêndios. Os moradores corriam de um lado para o outro com mangueiras, baldes de água e galhos para apagar as chamas”, relatou Álvarez, residente de Bruxelas, que passava alguns dias na Galícia, sua terra natal, dias antes de ter coberto o conflito político na Catalunha para o EL PAÍS.

A corrente humana vista na imagem foi formada perto de uma escola. Diante da “total falta de meios” disponíveis nesses primeiros momentos, os moradores de Vincios decidiram eles mesmos proteger o prédio.

“Muitos deles costumam trabalham no campo e tinham muita habilidade. Com o esforço conjunto, conseguiram que a escola não pegasse fogo. Quando cheguei, quase haviam apagado o fogo. O vento era muito forte, e as brigadas dos Montes estavam lá, mas os bombeiros não haviam chegado”, lembra o fotógrafo.

Cercado pelas chamas, muitos dos moradores se sentiam desamparados diante da lenta reação das autoridades políticas. “Deveriam ter agido com mais rapidez e enviado mais recursos. A Guarda Civil e a polícia local trabalharam muito bem coordenadas, mas havia poucos aviões para apagar o fogo”, contou Álvarez.

Vincios foi uma das áreas desocupadas, embora o fotógrafo calcule que a maioria de seus habitantes tenha ficado acordada a noite toda, trabalhando para controlar as chamas, e que buscarão acomodação mais tarde.

“Depois de publicar a imagem no Twitter, deixei de ter controle sobre ela. Sei que inspirou outras áreas da Galícia, e que essa corrente humana se repetiu como um sistema para lutar contra o fogo”, diz Álvarez.

Trad: 15 anos depois os mesmos baldes, a mesma dignidade e a mesma raiva.

Trad: Na Galícia é sempre igual. Se há fogo, as pessoas apagam. Se há petróleo, as pessoas limpam. Governo para que?

Trad: O petróleo nós que limpamos, as vítimas do trem nós que ajudamos. Isto [o fogo] nós que apagaremos

A situação foi comparada nas redes sociais com a que ocorreu durante a catástrofe do Prestige, de 2002, na qual foram os próprios cidadãos que se encarregaram de limpar com baldes grande parte da maré negra que contaminou a costa após o derramamento de petróleo. A foto de Álvarez também aparece nesses comentários.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_