Facebook, Twitter e Google se envolveram na campanha de Trump
Guru digital do presidente admite ter contado com o apoio de funcionários das empresas em sua equipe
“Logo entendi que Donald Trump ganharia através do Facebook. O Twitter era o meio para falar com as pessoas. O Facebook era a forma de ganhar. O Facebook era o método, a autoestrada pela qual dirigiríamos o carro”, acaba de admitir o guru digital de Donald Trump na televisão.
Quase um ano depois das eleições, o papel das redes sociais e da publicidade segmentada via Internet está sendo cada vez mais questionado. A confissão do Ben Parscale – o obscuro dono de uma pequena agência de marketing digital que prestava serviço às empresas de Trump antes de assumir o comando da sua campanha digital – se soma agora à chamada trama russa, suposta interferência de Moscou no pleito presidencial norte-americano de 2016.
Numa entrevista exibida na noite de domingo pelo programa 60 Minutes, da rede CBS, Parscale admitiu ter contado com a ajuda do Facebook, do Google e do Twitter para alcançar a sua meta. O caso do Facebook chama a atenção: “Tinham gente implantada nos nossos escritórios. Eram funcionários do Facebook que deviam trabalhar diariamente nos nossos escritórios. Os empregados do Twitter e do Google vinham vários dias por semana”, relatou.
Perguntado se considerava isso uma vantagem competitiva, considerou que seus oponentes democratas rejeitaram tal ajuda: “Nós aproveitamos oportunidades que, acredito, não tenham interessado o outro lado.”
Parscale aceitou depor e compartilhar suas experiências com a comissão oficial que investiga a ação de hackers na campanha. Espera-se que executivos do Facebook deponham no próximo dia 1º. Nessa mesma data, quase ao mesmo tempo, a empresa apresentará seus resultados financeiros a analistas de Wall Street. “O Comitê de Inteligência me pediu, querem que eu faça uma visita voluntária, e aceitei. Desejo compartilhar tudo isto com eles”, afirmou ele em julho.
Dado o caráter político e a relevância daquelas eleições, os alarmes dispararam. Também pela intensidade da relação. Mas não é estranho que as grandes empresas tecnológicas se aproximem de seus principais clientes oferecendo formação para usar suas ferramentas. Nesta mesma linha, é habitual que elas colaborem com escritórios e em oficinas de formação nos veículos de comunicação, procurando chegar à audiência destes meios de maneira mais efetiva.
Parscale comandou o mesmo tipo de campanha que faria para uma marca comercial, baseando-se em dados e perfis para segmentar a audiência. Em alguns trechos da entrevista, deixa claro que Donald Trump não acreditava muito no suporte digital; era um fervoroso defensor do poder da televisão, até que se deixou convencer.
Desde a chegada de Trump à Casa Branca, a vida e o valor de mercado do semidesconhecido Parscale mudaram completamente. Sua empresa, um pequeno escritório em San Antonio (Texas), abriu filiais em Nova York, Washington, Chicago e San Francisco. Além disso, em 1º. de agosto ele vendeu por nove milhões de dólares (28,4 milhões de reais) a sua divisão de design ao Cloud Commerce. Seu plano é transferir sua divisão de análise de marketing e dados políticos para a Flórida. Argumenta que o aeroporto de lá oferece melhores conexões.
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