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Nobel de Medicina vai para descobridores do gene do ‘relógio biológico’

Premiados são os norte-americanos Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young

O secretário do comitê do Nobel de Medicina, Thomas Perlmann, anuncia os três premiados desse ano.
O secretário do comitê do Nobel de Medicina, Thomas Perlmann, anuncia os três premiados desse ano.JONATHAN NACKSTRAND (AFP)

Os cientistas Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young ganharam na segunda-feira o Prêmio Nobel de Medicina de 2017 “por descobrirem os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano”, os fenômenos biológicos que ocorrem ritmicamente por volta da mesma hora do dia, como o sono. Suas descobertas, de acordo com o júri, explicam como as plantas, os animais e as pessoas sincronizam seus ritmos biológicos com as voltas do planeta Terra.

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Hall (Nova York, 1945), Rosbash (Kansas City, 1944) e Young (Miami, 1949) utilizaram moscas da fruta em 1984 para isolar um gene que controla o ritmo biológico normal. Suas pesquisas mostraram que esse gene codifica uma proteína que se acumula nas células durante a noite e se degrada durante o dia, como detalha um comunicado do Instituto Karolinska de Estocolmo, responsável pela premiação. Depois, identificaram mais componentes do relógio interno, que também funciona nas células de outros organismos multicelulares, como os seres humanos.

A síndrome da mudança rápida de fuso horário, ou jet lag, é uma amostra da importância desse relógio interno para o comportamento, os níveis hormonais, o sono, a temperatura corporal e o metabolismo, de acordo com a nota do Karolinska. No momento de sua descoberta, Hall e Rosbash trabalhavam na Universidade Brandeis, de Boston, e Young era pesquisador da Universidade Rockefeller, em Nova York.

A adaptação biológica dos seres vivos ao ritmo circadiano é bem conhecida desde 1729. Nesse ano, o astrônomo francês Jean Jacques d’Ortous de Mairan observou que as folhas de uma mimosa se abriam e se fechavam na mesma hora do dia, mesmo sendo colocada em um quarto escuro, o que sugeria a existência de um mecanismo interno.

No ano passado, o Nobel de Medicina foi para Yoshinori Ohsumi. O japonês foi premiado por descobrir os mecanismos de autofagia, processo básico de degradação e reciclagem de componentes celulares e de grande importância em muitos fenômenos fisiológicos. Os homens ganharam 97% dos Nobel de ciência desde 1901.

O processo de escolha é o mesmo em todas as categorias: cientistas, acadêmicos e professores universitários apresentam suas candidaturas e os diferentes comitês Nobel estabelecem vários crivos para escolher o ganhador ou ganhadores, até três por prêmio. Desde 1974 não podem ser concedidos postumamente, a não ser que o premiado morra no período transcorrido entre a concessão e a entrega do mesmo.

Nesse ano o valor dos prêmios aumentou mais de 12%, após permanecer invariável desde 2012. Os ganhadores de cada uma das seis categorias receberão 9 milhões de coroas suecas (3,5 milhões de reais), valor a ser dividido caso exista mais de um premiado.

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