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Twitter permite ameaças de Trump porque as considera “de interesse público”

Usuários questionaram a empresa após o presidente anunciar guerra nuclear contra Coreia do Norte

Jaime Rubio Hancock
Donald Trump ameaçou, através do Twitter, travar uma guerra nuclear contra a Coreia do Norte
Donald Trump ameaçou, através do Twitter, travar uma guerra nuclear contra a Coreia do NorteAgencia de Noticias de Corea del Norte / Joshua Roberts (Reuters)
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou no último domingo, dia 24, um de seus tuítes mais polêmicos. Na mensagem, disse que acabava de escutar o discurso nas Nações Unidas do ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, e avisou que, “se ele ecoa os pensamentos do Pequeno Homem Foguete [alusão ao ditador Kim Jong-un], eles não estarão por aí por muito mais tempo.”

O tuíte foi criticado não só por suas possíveis consequências internacionais, mas por violar as normas do Twitter, que proíbem as “ameaças violentas”.

Não é a primeira vez que alguém se pergunta por que essa rede social tolera as intimidações de Trump. Em agosto, outro tuíte similar ameaçando a Coreia com ações militares foi criticado pelo ator Kal Penn, que recordou que a proibição das ameaças no Twitter inclui as “ameaças de assassinato em massa via guerra nuclear”.

Desta vez, o Twitter respondeu. Em nota, explicou que “todas as contas são regidas pelas mesmas normas”, mas que também leva em conta vários fatores na hora de julgar os tuítes polêmicos. “Entre essas considerações, está o ‘valor noticioso’ e se esse tuíte é ou não de interesse público”. A rede social acrescenta que essa havia sido uma “política interna” de longa data e que “atualizará suas normas públicas para refletir isso”.

Alguns acreditam que essa solução é injusta, pois parece que o presidente dos EUA tem privilégios como usuário que os demais não têm. Mas não deixa de fazer sentido: o fato de que Trump ameace a Coreia do Norte com uma guerra nuclear é noticioso e preocupante, seja através do Twitter ou em entrevista coletiva. Outra questão é se um chefe de Estado deve usar sua própria conta (ele ainda usa a conta pessoal) para fazer anúncios desse tipo – que, muitas vezes, parecem improvisados.

Trump se defendeu dessa acusação em outras ocasiões: depois das críticas recebidas por compartilhar uma montagem de vídeo em que aparece batendo num homem com o rosto coberto pelo logotipo da CNN, o presidente tuitou que o uso que faz das redes sociais “não é presidencial, mas MODERNAMENTE PRESIDENCIAL”.

Não parece que mudará de atitude. John Kelly, chefe de Gabinete do mandatário desde o início de agosto, tentou fazê-lo moderar seu entusiasmo pela rede social. Ao menos procurou saber o que Trump pensava tuitar antes de fazê-lo, segundo o site Político. Kelly teve sucesso nisso durante alguns dias, mas tudo indica que foi uma façanha fugaz. O anúncio de que o Twitter permitirá mensagens de até 280 caracteres não é muito tranquilizador nesse contexto.

Fecha os olhos. Imagina a Trump usando Twitter. Agora imagina a Trump usando Twitter com 280 carateres. Agora fecha Twitter.

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