Twitter permite ameaças de Trump porque as considera “de interesse público”
Usuários questionaram a empresa após o presidente anunciar guerra nuclear contra Coreia do Norte
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou no último domingo, dia 24, um de seus tuítes mais polêmicos. Na mensagem, disse que acabava de escutar o discurso nas Nações Unidas do ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Ri Yong-ho, e avisou que, “se ele ecoa os pensamentos do Pequeno Homem Foguete [alusão ao ditador Kim Jong-un], eles não estarão por aí por muito mais tempo.”
O tuíte foi criticado não só por suas possíveis consequências internacionais, mas por violar as normas do Twitter, que proíbem as “ameaças violentas”.
Just heard Foreign Minister of North Korea speak at U.N. If he echoes thoughts of Little Rocket Man, they won't be around much longer!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 24, 2017
Não é a primeira vez que alguém se pergunta por que essa rede social tolera as intimidações de Trump. Em agosto, outro tuíte similar ameaçando a Coreia com ações militares foi criticado pelo ator Kal Penn, que recordou que a proibição das ameaças no Twitter inclui as “ameaças de assassinato em massa via guerra nuclear”.
Military solutions are now fully in place,locked and loaded,should North Korea act unwisely. Hopefully Kim Jong Un will find another path!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) August 11, 2017
Seems pretty clear that you can't threaten mass murder via nuclear war, right @twitter? Asking for 7.4 billion friends. pic.twitter.com/333QtnECc4
— Kal Penn (@kalpenn) August 11, 2017
Desta vez, o Twitter respondeu. Em nota, explicou que “todas as contas são regidas pelas mesmas normas”, mas que também leva em conta vários fatores na hora de julgar os tuítes polêmicos. “Entre essas considerações, está o ‘valor noticioso’ e se esse tuíte é ou não de interesse público”. A rede social acrescenta que essa havia sido uma “política interna” de longa data e que “atualizará suas normas públicas para refletir isso”.
THREAD: Some of you have been asking why we haven't taken down the Tweet mentioned here: https://t.co/CecwG0qHmq 1/6
— Twitter Public Policy (@Policy) September 25, 2017
Alguns acreditam que essa solução é injusta, pois parece que o presidente dos EUA tem privilégios como usuário que os demais não têm. Mas não deixa de fazer sentido: o fato de que Trump ameace a Coreia do Norte com uma guerra nuclear é noticioso e preocupante, seja através do Twitter ou em entrevista coletiva. Outra questão é se um chefe de Estado deve usar sua própria conta (ele ainda usa a conta pessoal) para fazer anúncios desse tipo – que, muitas vezes, parecem improvisados.
#FraudNewsCNN #FNN pic.twitter.com/WYUnHjjUjg
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 2, 2017
My use of social media is not Presidential - it’s MODERN DAY PRESIDENTIAL. Make America Great Again!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 1, 2017
Trump se defendeu dessa acusação em outras ocasiões: depois das críticas recebidas por compartilhar uma montagem de vídeo em que aparece batendo num homem com o rosto coberto pelo logotipo da CNN, o presidente tuitou que o uso que faz das redes sociais “não é presidencial, mas MODERNAMENTE PRESIDENCIAL”.
Não parece que mudará de atitude. John Kelly, chefe de Gabinete do mandatário desde o início de agosto, tentou fazê-lo moderar seu entusiasmo pela rede social. Ao menos procurou saber o que Trump pensava tuitar antes de fazê-lo, segundo o site Político. Kelly teve sucesso nisso durante alguns dias, mas tudo indica que foi uma façanha fugaz. O anúncio de que o Twitter permitirá mensagens de até 280 caracteres não é muito tranquilizador nesse contexto.
Trump. Con 280 caracteres. Piénsenlo
— Dori Toribio (@DoriToribio) September 26, 2017
Close your eyes.
— M.G. Siegler (@mgsiegler) September 26, 2017
Imagine Trump using Twitter.
Now imagine Trump using Twitter with 280 characters.
Now close Twitter.
Fecha os olhos. Imagina a Trump usando Twitter. Agora imagina a Trump usando Twitter com 280 carateres. Agora fecha Twitter.
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