_
_
_
_
_

Começa a construção de protótipos do muro de Trump na fronteira com o México

As máquinas trabalham desde terça-feira em uma região desabitada junto ao passo de fronteira de Otay Mesa, na Califórnia

Agentes de San Diego vigiam a região onde se constroem os protótipos do muro.

Com uma imagem de escavadeiras removendo terra, começou a tornar-se realidade na terça-feira, dia 27 de setembro, a grande promessa de Donald Trump. Foi anunciada pelo Departamento do Interior, com um vídeo no Twitter. A construção física do muro na fronteira começou. Falta a parte política, a financeira, as consequências internacionais e domésticas, mas Trump já pode dizer que o muro está em andamento.

Mais informações
Muro de Trump já está funcionando
Os muros do mundo: 21 fronteiras históricas
Fracassa tentativa de Trump de usar dinheiro público para pagar muro na fronteira
Trump pede muro “imponente” e que seja impossível de escalar

As máquinas começaram a trabalhar na terça-feira em uma região desabitada perto do passo de fronteira de Otay Mesa, a leste de Tijuana. O lugar foi escolhido por ser um terreno federal, que não exige autorizações e desapropriações. É uma região desértica do lado norte-americano.

Serão construídos oito protótipos, de quatro empresas diferentes, que aspiram a conseguir o contrato para construir o eventual muro. Quatro dos protótipos têm de ser de cimento e os outros quatro, de “outros materiais”. Trump reconheceu, por recomendação da Polícia de Fronteiras, que o muro não pode ser sólido, pois é imprescindível para as tarefas de vigilância que seja possível ver o que acontece do outro lado.

O Departamento do Interior espera que a construção dos protótipos esteja concluída em “cerca de 30 dias” depois da ordem de começar os trabalhos, segundo um release enviado à imprensa no dia 27 de setembro.

Os oito protótipos terão entre 5,5 e 9,1 metros de altura e 9 metros de comprimento “e serão projetados para evitar os cruzamentos ilegais na área em que foram construídos”. Esses protótipos serão usados como base para o “futuro padrão de design” segundo forem evoluindo as necessidades da Polícia de Fronteiras, afirma o release. “Estamos comprometidos com a segurança da fronteira e isso inclui construir muros. Nossa estratégia multisetorial inclui barreiras, infraestrutura, tecnologia e pessoas”, diz no material o responsável pela Polícia de Fronteiras, Ronald Vitiello.

As quatro empresas que concorrem pelo contrato são Caddell Construction Co. LLC, de Montgomery, Alabama; Fisher Sand & Gravel Co., DBA Fisher Industries, de Tempe, Arizona; Texas Sterling Construction Co., de Houston, Texas; e W. G. Yates & Sons Construction Company, de Philadelphia, Mississippi. As ofertas apresentadas variam de 300.000 a 500.000 dólares (entre 960.000 e 1,6 bilhão de reais).

A construção do muro na Califórnia tem uma importante oposição institucional. Além das declarações políticas, o próprio Estado entrou com uma ação nos tribunais para tentar conseguir a interrupção provisória dos trabalhos por ordem judicial. Ao mesmo tempo, a Prefeitura de Los Angeles exige que os contratados revelem se têm algo a ver com o muro. O Legislativo estuda uma lei para vetar no Estado as construtoras que participarem. A Prefeitura de San Diego, nas mãos de republicanos, aprovou uma declaração institucional na qual se opunha à construção do muro.

Uma vez construídos os protótipos, o restante do projeto está no ar. Trump ainda não conseguiu que o Congresso aprove os fundos necessários para cumprir o grande slogan de sua campanha, cujo custo total é estimado em 22 bilhões de dólares (mais de 70 bilhões de reais). Até o momento, a Câmara aprovou 1,6 bilhão de dólares (mais de 5 bilhões de reais), mas o projeto parece ter menos simpatizantes no Senado. Trump utilizou questões como o fim do programa para jovens DACA e a ajuda a emergências ao Texas para pressionar o Partido Republicado a financiar o muro.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_