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Temer faz apelo contra protecionismo em discurso na ONU

Na sessão solene da Assembleia, Temer adverte Venezuela que não há “espaço para alternativas à democracia” na América Latina

O presidente Michel Temer discursa na ONU.
O presidente Michel Temer discursa na ONU.SPENCER PLATT (AFP)
Amanda Mars

O presidente do Brasil, Michel Temer, fez nesta terça-feira, na sessão solene da Assembleia das Nações Unidas uma defesa contundente do multilateralismo e da abertura comercial em um momento em que o líder da maior potência mundial, Donald Trump, vem pondo em risco esses princípios. Temer, o primeiro governante a fazer uso da palavra no encontro, refutou “o nacionalismo exacerbado e o protecionismo” e se referiu ao seu país como o maior exemplo de um sistema comercial aberto.

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“Nesta situação de incertezas, precisamos de mais diplomacia, não menos, precisamos de mais multilateralismo, não menos. E precisamos, mais do que nunca, de uma ONU mais eficaz e legítima”, destacou Temer na sede da instituição, em Nova York. Sua mensagem envolve tanto o plano comercial como o geopolítico, em um momento de especial tensão com a Coreia do Norte, cujos avanços em matéria de armamento nuclear tem chamado a atenção do mundo todo, deixando os Estados Unidos, em especial, em absoluto alerta.

Temer se pronunciou na ONU em um momento convulsivo em seu próprio país. O presidente foi denunciado por um procurador por corrupção e obstrução de justiça, registra uma taxa de rejeição de 80% e tem grande parte dos membros de seu governo sendo investigada por corrupção. Ele fez sua estreia como presidente na mesma sala um ano atrás, quando havia sido recém nomeado após a destituição de Dilma Rousseff, e o homem que se via nesta terça-feira de setembro não parecia mais fortalecido do que o de 2016. Nesse meio tempo, o país saiu a duras penas da maior recessão de sua história, encadeando dois semestres seguidos de crescimento econômico, mas em um ritmo ainda muito frágil.

Temer praticamente não tocou nessas questões em seu discurso. Admitiu que a população de seu país ainda está superando “uma crise econômica sem precedentes” e afirmou que “o Brasil que está nascendo das reformas” constitui um país “mais aberto para o mundo”. Falou, por outro lado, sobre a crise na Venezuela e a espiral autoritária do Governo chavista, enfatizando que na América Latina “já não há espaço para alternativas à democracia”. “A situação dos direitos humanos na Venezuela continua se deteriorando”, lamentou Temer.

Ainda nos marcos da Assembleia, o presidente brasileiro participou na noite de segunda-feira de um jantar organizado pelo presidente dos Estados Unidos, no qual também estiveram presentes os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Panamá, Juan Carlos Varela. O trema principal do encontro foi a crise venezuelana, a respeito da qual o mandatário brasileiro defendeu um posicionamento que ele compartilha com os demais líderes latino-americanos: é preciso aumentar a pressão sobre o Governo de Nicolás Maduro, mas, diferentemente do que Trump havia insinuado, deixando fora de cogitação qualquer intervenção militar naquele pais. “Para pressionar por uma solução democrática, mas uma pressão diplomática”, nas palavras do próprio Temer. Foi essa a linha de pensamento que ele transmitiu nesta terça-feira na sede da ONU.

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