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Estados Unidos ameaçam Coreia do Norte com uma “resposta militar massiva”

Trump se reuniu hoje com sua equipe de Governo para preparar novas sanções aos norte-coreanos

Kim Jong-un inspeciona suposta nova bomba de hidrogênio.
Kim Jong-un inspeciona suposta nova bomba de hidrogênio.KCNA

A Coreia do Norte realizou neste domingo novo teste nuclear, seu sexto, no qual supostamente detonou com sucesso uma bomba de hidrogênio que pode ser carregada por um míssil intercontinental. O ensaio é o mais potente até agora e encerra uma temporada na qual o regime acelerou consideravelmente o desenvolvimento de seu programa de armamento nuclear, escalada que o levou a entrar em um conflito verbal direto nunca visto com o presidente dos Estados Unidos. Na manhã deste domingo Donald Trump usou sua conta no twitter para condenar o teste: "As ações e palavras [da Coreia do Norte] são hostis e perigosas com os EUA". Mais tarde, o secretário de Defesa norte-americano, Jim Mattis, ainda ameaçou o regime de Pyongyang com uma "resposta militar massiva".

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Para além das respostas contundentes via twitter, Trump ainda estuda a possibilidade de cortar relações comerciais com qualquer país que negocie diretamente com a Coreia do Norte. Outros líderes mundiais também criticaram os exercícios nucleares do país asiático. O presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, divulgaram nota assinada conjuntamente na qual exigiram uma "resposta rápida" da comunidade internacional e do Conselho de Segurança da ONU. "É preciso tratar esta nova provocação com firmeza", afirmaram, exortando o regime norte-coreano a retomar o diálogo. A Rússia também se manifestou, e qualificou o teste como "o enésimo desprezo de Pyongyang frente às resoluções do Conselho de Segurança".

Kim Jong-un, que assinou pessoalmente a ordem para executar o teste, deixou clara mais de uma vez sua vontade de lograr seu objetivo, apesar da desaprovação da comunidade internacional e das sanções econômicas ao regime que lidera. A meta é ter a capacidade de atacar o território continental dos EUA com armas nucleares. Segundo a televisão estatal norte-coreana este último teste contribui para “completar a força nuclear do Estado”.

A Coreia do Norte descreveu o artefato detonado como “uma arma termonuclear de extraordinário poder explosivo”. Em janeiro de 2016 o regime declarou ter testado, também com sucesso, uma bomba de hidrogênio, mas na ocasião especialistas internacionais puseram em dúvida o fato. A explosão subterrânea deste domingo no Nordeste montanhoso do país foi entre 10 e 11 vezes mais forte que aquela, e segundo as primeiras estimativas atingiu potência entre 80 e 100 quilotons (a bomba que os Estados Unidos lançaram em Hiroshima em 1945 tinha 15 quilotons). O teste provocou um terremoto de magnitude 6,3, sentido na província chinesa de Jilin, que faz fronteira com a Coreia do Norte, e também na cidade russa de Vladivostok.

Dos seis testes nucleares efetuados pela Coreia do Norte, quatro ocorreram sob o mando de Kim Jong-un, que chegou ao poder no final de 2011. Três deles foram feitos nos últimos 12 meses, cada um mais forte que o anterior. Em paralelo foram acelerados os lançamentos de mísseis balísticos, os foguetes que devem ser capazes de transportar essas bombas miniaturizadas, com particular ênfase nos projéteis de médio e longo alcance. Recentemente o regime disparou um míssil que cruzou o céu do Japão e caiu no Pacífico após percorrer 2.700 quilômetros.

Esses avanços conseguidos por Pyongyang encontraram duríssima resposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que optou diversas vezes por adotar uma retórica belicista semelhante à empregada pela própria Coreia do Norte e pôs na mesa a via militar. As trocas mútuas de ameaças chegaram a seu ápice em agosto, quando o país asiático disse que lançaria quatro projéteis em direção a águas próximas à ilha de Guam, onde os EUA têm duas importantes bases militares. Kim pareceu ter voltado atrás nessa cartada, mas tanto o míssil lançado para além do Japão quanto o teste deste domingo demonstram que o jovem líder não tem nenhum interesse em renunciar a seu programa nuclear.

O Japão e a Coreia do Sul reagiram fortemente ao novo teste e pediram a convocação de uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU. O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, pediu sanções econômicas “que isolem completamente” seu vizinho. A China, principal esteio do regime, mostrou sua “condenação enérgica e oposição decidida” ao teste, feito praticamente na mesma hora em que Xi Jinping abria a cúpula dos Brics na cidade chinesa de Xiamen. Para alguns, o fato de o teste ter sido realizado exatamente neste dia representa um importante desafio a Pequim, principalmente considerando que depois de apenas uma semana, em 9 de setembro, é comemorado o aniversário da fundação da Coreia do Norte, e o regime costuma fazer testes de armas nessa data.

Poucas horas antes da explosão, a agência oficial norte-coreana KCNA informou que o regime tinha conseguido desenvolver uma bomba de hidrogênio “totalmente local”, projetada para ser instalada nos mísseis intercontinentais testados em julho. A nota foi acompanhada por várias fotos sem data de Kim Jong-un inspecionando um artefato metálico muito semelhante ao que, segundo a propaganda norte-coreana, foi detonado neste domingo. Os especialistas consideram improvável que a Coreia do Norte domine esta tecnologia, e o objeto da imagem poderia ser apenas um modelo. Mas quase ninguém questiona que poderá consegui-lo.

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